sábado, outubro 11, 2025

Cientistas divulgam imagem inédita de buraco negro no centro da Via Láctea | Jornal Nacional

O mundo tomou conhecimento nesta quinta-feira (12) de uma imagem histórica: cientistas divulgaram a primeira foto de um buraco negro no centro da nossa galáxia.

A imagem borrada é resultado de décadas de estudo e do trabalho de mais de 300 pesquisadores de vários países.

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A descoberta considerada histórica foi anunciada pela National Science Foundation, em Washington, nos Estados Unidos. O anel laranja brilhoso confirmou as pistas que surgiram na década de 1970: existe, sim, um buraco negro no centro da nossa galáxia, a Via Láctea.

E ele tem nome: Sagitário A*. Está a 26 mil anos-luz de distância do Sistema Solar e tem o diâmetro 17 vezes maior do que o de outro gigante: o Sol.

E, como todo buraco negro, só é visível porque toda matéria engolida para dentro dele emite luz, que fica orbitando em volta do centro escuro, exatamente o anel laranja.

O coração das trevas, como os astrônomos gostam de dizer, é um grande abismo cósmico que atrai tudo o que se aproxima dele.

“A gravidade é tão forte perto do buraco negro que ela altera o caminho da luz que sai do gás ao redor do buraco negro. Então, ela faz essa luz criar esse padrão de um anel de luz, porque ela está causando uma curvatura na trajetória dos raios de luz”, explica Rodrigo Nemmen, professor de Astrofísica da USP.

A imagem que correu o mundo nesta quinta é fruto de registros feitos por supertelescópios em oito pontos do planeta. Esses equipamentos fizeram milhares de fotos do buraco negro que foram analisadas e compiladas pelos pesquisadores até chegar a esse registro definitivo.

Em 2019, essa mesma rede de cooperação internacional foi responsável por fazer a primeira foto de um buraco negro – o M87* – que fica no centro de uma galáxia muito distante.

Na semana passada, numa outra frente de pesquisa, cientistas da Nasa usaram computadores para traduzir o que seria o som de um buraco negro.

A descoberta desta quinta teve a participação de uma brasileira. O correspondente em Nova York Jorge Pontual conversou com a astrônoma Lia Medeiros, de 31 anos, a cientista mais jovem a participar do projeto.

“O que eu gosto de falar sobre isso é que você deveria pensar como um nenenzinho, que só está começando a aprender a andar. A gente está fazendo os primeiros passos, a gente não está muito seguro ainda, mas, daqui a pouco, vamos estar correndo. É mesmo o começo de uma nova era de física, onde podemos usar buracos negros no espaço para testar física fundamental”, destaca a brasileira.

O mistério que envolve os buracos negros é proporcional ao fascínio que eles causam. São objetos com um campo gravitacional tão forte que até a luz é sugada por eles e sobre os quais ainda se tem muitas perguntas sem resposta. Foram os buracos negros que surgiram primeiro e deram origem à nossa galáxia ou o contrário?

Outro grande mistério: o que há dentro do buraco negro? Ninguém sabe. Descobertas que Roberta Duarte, doutoranda em astrofísica da USP, vem tentando fazer há muitos anos.

“Desde criança, eu sempre adorei esses objetos. Eu tinha um livro chamado ‘Buracos Negros’, que eu não entendia nada do que estava escrito, mas eu ficava lá lendo como se eu estivesse entendendo tudo. Aí eu cheguei no ensino médio, falei: ‘Quero fazer Física’. E aí fui seguindo essa área de astrofísica”, relembra.

Hoje, Roberta não só entende como é a primeira pesquisadora do mundo a fazer a simulação do comportamento de um buraco negro usando inteligência artificial, e ela teve uma segunda vitória: a imagem do Sagitário A* bate com os resultados do trabalho dela.

“É legal ver que as simulações estão batendo de fato com o que está sendo observado. A nossa teoria está indo para o caminho certo. Então, a minha inteligência artificial está aprendendo pelo caminho certo, e isso é um resultado muito bom”, afirma.

“Isso, para mim, é uma coisa incrível e me deixa emocionada que humanos podem fazer isso, que a gente conseguiu criar uma linguagem matemática que pode prever o universo, e buracos negros, eu acho, são um dos melhores exemplos disso”, diz a astrônoma Lia Medeiros.

FONTE: Lapada Lapada

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