sexta-feira, novembro 22, 2024

Pesquisadores de SP usam laser para combater sequelas da Covid | Jornal Nacional

Durante esses dois anos, muitos pacientes que tiveram Covid ficaram com sequelas duradouras. Pesquisadores da USP de São Carlos, no interior paulista, desenvolveram uma técnica que vem ajudando muitas dessas pessoas.

O tratamento é feito com um aparelho que emite ondas de luz infravermelha. Os pesquisadores da USP em São Carlos aplicam o laser na boca, no nariz e na bochecha de pacientes com sequelas provocadas pela Covid.

“A maioria dos pacientes apresenta perda de olfato e paladar. Muitos tiveram perda total. Outros apenas alteração e confusão de cheiro e sabores desagradáveis”, explica Lais Tatiane Ferreira, pesquisadora da USP/São Carlos.

Mais de 50 pacientes já passaram pelo tratamento gratuito na Santa Casa de São Carlos.

“Notamos que em muitos pacientes, a partir da terceira e quarta sessão, os resultados foram bastante importantes. Mas também em alguns pacientes a partir da primeira sessão já tivemos resultados”, conta Viviane Brocca, pesquisadora da USP.

A escritora Celina Bodenmüller teve Covid no ano passado. Desde março, ela faz a aplicação três vezes por semana, 15 minutos por sessão.

“O paladar teve uma grande melhora. Agora quanto ao olfato, eu percebo que existe uma progressão. Não são todos os aromas que voltam assim, de uma vez só. Aos poucos eu venho sentindo aromas novos. Até brinquei que de pizza e pipoca ainda não sinto, mas chocolate eu já sinto”, diz.

De acordo com os pesquisadores, a perda de olfato e paladar é uma das principais sequelas da Covid, além da fadiga, tosse persistente e da dificuldade para respirar. Os estudos mostram que oito em cada dez pacientes que passaram por esta terapia recuperaram totalmente a capacidade de sentir o cheiro e o gosto. Isso é possível porque o laser tem propriedades que ajudam a regenerar as células afetadas pelo coronavírus.

“O laser tem as propriedades de modulação inflamatória. Ele é cicatrizante do tecido da pele e também do tecido nervoso. Além disso, ele tem um efeito analgésico e também promove um aumento da circulação periférica. Então tudo isso leva a uma recuperação dos pacientes que têm alteração de olfato e paladar”, explica Vitor Panhoca, pesquisador da USP/São Carlos.

Os resultados foram publicados numa revista científica internacional. A expectativa é que no futuro outros lugares tenham acesso a partir de convênios com hospitais públicos.

Dois anos depois de ser infectada pela Covid, só agora a professora Marli Calixto recuperou um antigo prazer: sentir o cheiro e o gosto da comida predileta, feita pela mãe: mandioquinha na panela. Ela já recebeu alta do tratamento.

“É voltar a viver, sentir o gosto da comida da mamãe não tem nada melhor na vida. E o cheirinho nem se fala. Você chega na porta da sala já sentindo. É muito bom. É felicidade radiante”, conta.

FONTE: Lapada Lapada

comando

DESTAQUES

RelacionadoPostagens