sexta-feira, dezembro 19, 2025

Diretor do Inpe questiona exclusão do órgão em câmara técnica para avaliar desmatamento | Vale do Paraíba e Região

Diretor do Inpe questiona exclusão do órgão em câmara técnica

O diretor do Inpe, Clézio de Nardin, disse que enviou ofício ao governo federal questionando a exclusão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na câmara criada para reavaliar os dados sobre o desmatamento. O diretor disse que entende que é pertinente a participação dos pesquisadores do Inpe na análise dos dados que é produzida por eles.

“Enviei um ofício ao ministro onde me coloco à disposição com nosso quadro de servidores por entender que o Inpe tem competência para atuar em qualquer câmara desse porte dado já que somos o criadores do monitoramento e já contribuímos exaustivamente para que os órgãos de controle atuem adequadamente”, disse Clézio ao g1.

A criação da Câmara Temática Consultiva foi feita na última quinta-feira (2), com publicação no “Diário Oficial”. De acordo com a descrição, “qualificar os dados de desmatamento e incêndios a fim de diferenciar crimes ambientais de outras atividades, utilizando bases de dados oficiais já existentes”.

O grupo formado pelo presidente Jair Bolsonaro não conta com nenhum representante do Inpe, que coleta os dados, ou do Ministério da Ciência e Tecnologia, órgão ao qual o instituto está vinculado. A nova câmara será coordenada por um integrante do Ministério do Meio Ambiente e composta por representantes dos ministérios da Agricultura, Defesa, Economia e Justiça. O grupo poderá convidar especialistas e técnicos para reuniões específicas, mas “sem direito a voto” nos temas debatidos.

“Entendemos que é pertinente a nossa participação efetiva e estamos prontos e dispostos para isso. Estou aguardando um retorno do ministério, mas já foram informados sobre nosso interessem em fazer parte da ação”, reforçou o diretor.

Nesta manhã, servidores do Inpe se reuniram em frente à unidade em protesto pela medida e pela exclusão da instituição de uma câmara que quer analisar seus dados.

Queimadas na Amazônia: sobrevoo mostra pontos de fogo durante mês de proibição

Perda de tempo e dinheiro, diz responsável pelos dados

Ao g1, o pesquisador coordenador do grupo que monitora as queimadas, Alberto Setzer, diz que a criação da câmara é uma nova tentativa de ataque aos dados do Inpe, mas alega que não teme avaliações.

“Causa estranheza você analisar uma informação sem a pessoa que gerou esteja presente para ser questionado pelas suas dúvidas. O trabalho de queimadas já tentou ser desmerecido outras vezes e esse é um novo ataque, mas os dados são sólidos, são feitos de forma séria. A reavaliação é perda de tempo e investimento financeiro à toa”, comenta Setzer.

Ele ainda explica que a tecnologia usada para as análises é de ponta e que os dados servem a várias entidades do governo, ministérios e até órgãos internacionais, o que provam sua veracidade.

“Não tenho preocupação sobre uma análise, porque não há qualquer erro. E sobre manipulação, os dados são públicos, não há como dizer algo diferente daquilo que é entregue por nós”, afirmou.

O g1 procurou o Ministério do Meio Ambiente, que será responsável por coordenar a câmara e aguarda retorno.

Bolsonaro diz que Amazônia ‘não pega fogo’; dados do Inpe desmentem

Bolsonaro diz que Amazônia ‘não pega fogo’; dados do Inpe desmentem

Desde 2019 o governo federal travou um embate com o Inpe sobre os dados da Amazônia. Em 2019, o presidente acusou o instituto de divulgar dados mentirosos e de estar a serviço de ONGs. À época diretor, Ricardo Galvão, contestou a fala presidencial e a resistência a ceder sobre os dados que apontavam alta no desmatamento, levaram a sua exoneração.

Em seguida, o vice-presidente, Hamilton Mourão, sem provas, acusou o Inpe de mostrar apenas os dados negativos sobre queimadas. O responsável pelo setor de análise de focos de incêndio na Amazônia disse que haviam encaminhado uma nota explicativa sobre os dados ao governo federal e negou qualquer manipulação.

Desde o início do embate, o Inpe já mudou de diretoria duas vezes. Após a queda de Galvão, foi nomeado um diretor interino e depois feita uma nova seletiva que nomeou Clézio di Nardin.

Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina

FONTE: Lapada Lapada

comando

DESTAQUES

RelacionadoPostagens