Pesquisa aponta redução nas atividades físicas durante a pandemia; educador físico dá dicas para retomada | Mogi das Cruzes e Suzano

O sedentarismo influencia no surgimento de várias doenças. Associada a fatores de risco, como obesidade e sobrepeso, muitas vezes a falta de atividades físicas pode ser fatal. Só que muita gente que estava acostumada a praticar exercícios deixou de fazer isso durante a pandemia e nem todos retomaram esse hábito tão saudável.

Quem vê Kelly Silva concentrada na atividade física nem imagina que no período mais crítico da pandemia, com a academia fechada, ela passou vários meses sem se exercitar.

“Antes da pandemia eu tinha uma rotina de vir sempre na academia, pelo menos cinco vezes na semana. Sempre me exercitava fazendo musculação, fazendo algumas aulas. Então, eu tinha mesmo uma frequência, um ânimo muito legal, muito bom. E aí, quando veio a pandemia, eu tentei me adaptar nas atividades ao ar livre, tentei fazer caminhada, corrida, mas eu não consegui me adaptar. Não era uma coisa que eu consegui manter a frequência. E aí acabei não fazendo mais nada, acabei ficando um pouco sedentária nesse tempo da pandemia. E aí eu senti que meu ânimo diminuiu, eu fiquei um pouco mais na zona de conforto, não tinha mais aquela energia que eu tinha quando eu estava treinando”, explicou a coordenadora administrativa.

Kelly só voltou à rotina este ano e faz atividades quase todos os dias da semana, mas conhece muita gente que ainda não voltou ao ritmo que tinha antes da pandemia.

“Trabalho numa clínica médica e aí a gente sempre busca mesmo estar visando mesmo a melhoria na saúde. E aí a gente tentou se adaptar, tentou fazer algumas caminhadas, algumas corridas. Só que a gente não conseguiu manter a frequência, manter o ritmo. Eu consegui voltar, algumas pessoas conseguiram e tem outras que ainda não conseguiram voltar. Simplesmente acostumaram a não fazer mais exercício físico”, disse Kelly.

Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cardiologia aponta que, por causa do isolamento social, 44% dos entrevistados fizeram menos atividades físicas durante a pandemia. O mesmo estudo também mostra que 44,3% deles ganharam peso no período pandêmico.

A coordenadora administrativa Kelly Silva praticando exercícios físicos na academia. — Foto: TV Diário/Reprodução

A preocupação dos especialistas é grande porque o sedentarismo pode causar várias doenças como hipertensão, diabetes e colesterol alto, que são fatores de risco para infarto e AVC.

Em uma academia que fica na Vila Oliveira, em Mogi das Cruzes, são feitas aulas funcionais direcionadas para a necessidade dos alunos. José Lemes Ferrari, gestor do local, conta que nem todos voltaram a fazer as atividades depois da reabertura.

“As coisas ainda não voltaram como eram antes. Creio que não vai ser, então nós vamos nos adaptando. Em média, 20% ainda a gente tem esse entendimento do que era antes da pandemia”, disse José.

Muitas pessoas sofreram com as sequelas da Covid-19 e tiveram dificuldades também para retomar as atividades. A engenheira florestal Indiara Roque é um exemplo. Ela contou que está voltando aos poucos à prática de exercícios.

“Eu retomei essa semana, então eu ainda estou em preparação. Eu sinto que meu fôlego vai demorar um pouquinho para voltar ao que era antes, ainda mais que atividade aqui é bem intensa. Mas a gente vai indo, uma hora vai dar certo, mas por enquanto eu ainda estou com o fôlego ruim”, disse Indiara.

Orientações para a volta aos exercícios

Muita gente desanimou durante o isolamento social e agora enfrenta dificuldades para voltar ao mesmo ritmo de dois anos atrás. O educador físico José Ferrari afirma que a volta da prática de exercícios físicos é importante para que evitar os riscos do sedentarismo à saúde.

“A necessidade de a gente não se colocar dentro do sedentarismo pós-pandemia é muito alta hoje em dia. A gente vê que a retomada, dentro de todos os aspectos, é menor com relação à antes. Então, a gente tem que se policiar, a gente tem que planejar e não deixar com que o sedentarismo invada o espaço, invada a nossa casa”.

Ele também explica como deve ser feito o retorno às atividades físicas. “O ideal é que agora a gente retome com a máxima segurança. Então, a busca por um profissional, a busca por um médico, uma questão onde a gente possa ser avaliado e ver de que maneira a gente pode evitar riscos, lesões, enfim, toda a questão cardiorrespiratória dentro desse processo”.

José também orienta sobre a importância de respeitar os limites do corpo nesta volta. “No processo pandêmico nós perdemos muita mobilidade, estabilidade. A nossa própria resistência, enfim, foi bem reduzida. Então a ideia é que a gente comece alavancar isso aos poucos para que posteriormente a gente atinja o nível que nós estávamos lá atrás”.

De acordo com ele, o clima seco e o inverno com temperaturas mais altas também influenciam na diminuição da presença e da frequência de alunos em academias. “Olha, vou ser bem sincero, a disposição diminuiu bastante durante esse período, com esse frio. Então a gente busca analisar esse aluno para evitar complicações. Com processos de exercícios aeróbicos, exercícios que vão fazer com que a gente aqueça essa musculatura, que a gente não venha trazer futuros problemas nas articulações. Enfim, à toda cadeia de processo muscular aí utilizada durante a atividade física”.

O educador físico também conta que a atividade física pode ser benéfica para pessoas que se testaram positivo para a Covid-19. “É necessário, como eu falei antes, uma avaliação médica para entender como estão esses sintomas. Mas o exercício pós-Covid ele vai trazer não só benefícios físicos mas também como benefícios mentais para o indivíduo em si”.

A alimentação também é outro ponto importante para a saúde. Segundo José, ela também precisa se associar ao repouso adequado. “A questão alimentar, a dieta, a questão do sono também, ela não pode ser deixada de lado só com a atividade física. Nós necessitamos aí ter esse conjunto alimentar benéfico, uma questão de repouso benéfica também, para que os resultados durante a atividade física eles sejam melhores e cada um consiga atingir o seu objetivo da melhor maneira também”.

“A dica é que a gente consiga ter um foco, que a gente se cobre um pouco mais, porque a pandemia deixou a gente um pouco mais tranquilo com si mesmo. Então, acho que o planejamento em si, a procura por um profissional ideal que vá cuidar do seu corpo, cuidar de você, não só com a parte da atividade física mas sim também com a parte da mente faz com que o exercício traga os benefícios em 100% para essa volta e para essa recuperação”, disse o educador físico.

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FONTE: Lapada Lapada

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