Com a inflação nas alturas e a dificuldade de pagar pelo essencial, muitos consumidores vivem um dilema na hora de escolher qual conta pagar. Um cenário que fez a inadimplência disparar em todo o país, principalmente nos serviços de água, luz e telefonia. No Alto Tietê, empresas e clientes apostam nas negociações para manter as finanças em dia e não cair na dívida ativa.
- Endividamento e inadimplência são os maiores em 12 anos; 8 em cada 10 familias têm dívidas, aponta CNC
O último levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou 79% dos lares brasileiros com alguma dívida em agosto. A alta de devedores subiu 1% frente a julho. No período de 12 meses o avanço passou dos 6%.
O volume de pessoas com pagamentos de contas de consumo em atraso, o que inclui cartão de crédito, gás, internet, telefonia água e luz, também cresceu no mês passado. O índice alcançou pouco mais de 29,5% das famílias. Ainda segundo o balanço, esse é o maior percentual desde o início da série histórica, em 2010.
A situação pode ser pior entre quem deve para serviços públicos. Isto porque, quem deve impostos aos governos federal, estadual ou municipal pode parar na dívida ativa, como explica o procurador geral da Prefeitura de Mogi das Cruzes, Fábio Nakano.
“Entrando na dívida ativa, essa dívida com o município é ajuizada. Ela é enviada ao poder judiciário e iniciado um processo judicial em face desse contribuinte, que é a ação de execução fiscal. Por essa ação, a prefeitura procura satisfazer esse débito e notificar o contribuinte, de modo que ele pague essa pendência”
“Nessa ação de execução fiscal, num primeiro momento, o contribuinte é notificado para fazer o pagamento desse débito. Se ele continua inerte, continua parado, esse processo prossegue. É possível que esse imóvel vá para leilão judicial ou que ele tenha restrições de crédito, bloqueio de contas bancárias”, completa.
Semae Mogi das Cruzes — Foto: Julio Nogueira/Semae
O Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) fechou 2021 com mais de 17,5 mil ligações inscritas na dívida ativa pela falta de pagamento do consumo de água. Isso significa a falta de um recolhimento de R$ 4,7 milhões. A diferença em comparação a 2020 é de pouco mais de R$ 500 mil.
A inadimplência das contas de fevereiro a agosto deste ano beira os R$ 6 milhões. Como 2022 ainda não terminou, as mais de 18,8 mil ligações estão apenas em débito e ainda não foram inscritas, como explica o diretor geral da autarquia, João Jorge da Costa.
“O que acontece é que vai haver um atraso na ampliação da infraestrutura, porque mesmo que a gente já tenha um atendimento de acordo com as exigências da legislação, a cidade cresce e você tem que ampliar a infraestrutura pra manter o atendimento. Na área de esgoto, por exemplo, a gente trata só 65% e tem um prazo até 2033 pra passar pra 95%, que vai exigir grande investimento, tanto em obras de rede, tronco e tratamento”, comenta.
“Então, é um recurso escasso. Quando a população deixa de pagar, ela vai promover um atraso nesse atendimento da cidade como um todo. Sem contar o alto custo que nós incorremos só pra manter essa estrutura funcionando. Só pra você ter uma ideia, no controle de qualidade da água, 26 mil análises da água são feitas por mês, durante o processo de tratamento, mais três mil analises em rede”.
Porém, em meio a essa disparada de contas em atraso, os acordos pra sanar as dívidas também cresceram. Nesse ano, 1.067 acordos foram feitos por mês, entre fevereiro e agosto. O total representa 36% a mais das negociações feitas no mesmo período do ano passado, quando foi registrada uma media de 779 procedimentos mensais.
“Nós passamos de meia UFM por mês, com uma taxa mínima na negociação, passamos pra um quarto. Praticamente de 100 caiu pra 50, metade do valor, tá? E, de seis anos pra pagar a dívida passou pra 16. Dez anos a mais. Então, nós procuramos facilitar, aí acaba ficando de acordo com a capacidade econômica do nosso cliente e ele tenta se pôr em dia”, diz Costa.
Mapa da área de concessão da EDP no Alto Tietê — Foto: TV Diário/Reprodução
Quando o assunto é a conta de luz, o volume de negociações realizadas pela EDP, de janeiro a junho, deste ano superou as 43,4 mil. É um índice 60% maior comparado ao mesmo semestre de 2021, quando 27 mil pessoas procuraram regularizar as pendências. O gestor operacional da EDP, Elder Silva, comentou o assunto.
“A EDP tem buscado, constantemente, trazer facilidades pros nossos clientes para que eles tenham essas condições nesse período de retomada também da economia. Por isso, os feirões que nós já realizamos em 2022 e esse feirão, que é o que no momento estamos realizando, são excelentes oportunidades para que o cliente negocie seus débitos e coloque em dia suas faturas pendentes”.
Até agora, sete mil clientes já procuraram a concessionária de energia para quitar as dívidas. Entre os atrativos está o parcelamento para consumidores residenciais, rurais e cadastrados na tarifa social.
“Para o cliente que tem o benefício da tarifa social na sua conta de energia, ele pode parcelar suas contas em até 90 vezes. Então é um parcelamento mais estendido, de fato, também, pra atender esse publico; e para os clientes residenciais e rurais em até 36 vezes, também com mais flexibilidade durante o feirão”, completa Elder.
O Feirão da EDP termina nesta sexta-feira (30). Para aproveitar, é preciso levar o RG, o número da instalação da conta de energia e o CPF do titular da fatura. Os acordos podem ser feitos também no site edponline.com.br ou pelo aplicativo EDP Online. Mais informações podem ser consultadas no telefone 0800 721 0123.
Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê
FONTE: Lapada Lapada