Um relatório da Polícia Civil, obtido com exclusividade pela TV Gazeta e divulgado nesta quinta-feira (13), revelou como opera o grupo criminoso que é apontado como responsável pelos ataques ônibus na Grande Vitória na última terça-feira (11).
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Os ataques começaram na manhã de terça e, até o fim do dia, sete ônibus foram vandalizados, sendo seis incendiados e um alvejado. Segundo as forças de segurança e a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, os ataques foram uma represália pela morte de Jhonatan Cândito, de 26 anos. Ele é apontado pela polícia como o segurança do traficante Fernando Moraes Ferreira Pimenta, conhecido como “Marujo”.
De acordo com o relatório das investigações, produzido a partir da quebra do sigilo telemático de Marujo, o traficante é o segundo na hierarquia da organização criminosa estabelecida no Bairro da Penha, em Vitória, e que controla o tráfico de drogas em vários bairros da Grande Vitória.
Segundo o documento, o chefe do grupo é Carlos Alberto Furtado da Silva, conhecido como “Beto”, que está preso na Penitenciaria de Segurança Máxima de Viana II. Beto seria o responsável por controlar as ações da organização criminosa, desde a compra das drogas até a distribuição nos pontos de venda.
Beto também saberia quantas armas o grupo tem, quanto elas valem e quais membros da organização estão com elas.
O relatório afirma que são os advogados que levam as informações para Beto, bem como repassam as ordens dele para o grupo criminoso. Nas mais de 500 páginas, o documento mostra que Beto recebe, quase que diariamente, a visita de advogados.
De acordo com a Secretaria de Justiça do Espírito Santo, a presença de advogados no sistema prisional ocorre em consonância com a legislação e ressaltou que não há um número específico de visitas para esses profissionais, já que os advogados tem prerrogativa de estabelecer diálogo com seus clientes de maneira privada, independente do horário.
Em uma das conversas detalhadas no documento, Marujo enviou a Beto uma mensagem pedindo para se esconder no Rio de Janeiro. Na carta, Marujo disse a Beto que “a polícia está sufocando” e “chegando perto cada vez mais”, por isso ele queria passar um tempo no Rio de Janeiro para “a poeira abaixar”.
“Primeiro eles usavam o Rio de Janeiro para comprar armas, drogas, fazer essas conexões. Posteriormente revelou-se que eles hoje usam o estado do Rio de Janeiro para se esconder também, e isso dificulta a ação da polícia na função principal, que é prendê-los”, falou o delegado Marcelo Cavalcanti.
Segundo o documento, mesmo do Rio de Janeiro, Marujo mantinha o controle sobre as ações dos traficantes, que enviavam fotos dos pontos de venda de drogas e da movimentação da polícia e, inclusive, contavam com o uso de drones para fazer as imagens. Fotos de rádios revelaram que os criminosos conseguem monitorar a frequência dos comunicadores utilizados nos batalhões.
“Eles tinham, naquele momento, o rádio da Polícia Militar. Eles tentavam se antecipar às ações da Polícia Militar exatamente monitorando a atuação deles [dos policiais]”, disse o delegado.
O relatório ainda considera a possibilidade de que agentes públicos estivessem avisando aos criminosos quando as operações de segurança iriam acontecer.
“Nós vimos que eles [os criminosos] tinham informações de algumas operações antes mesmo delas serem deflagradas, e isso sugere que tenha a participação de agentes públicos. Até o momento nãofoi identificado quem é esse agente público. Estamos na busca de tentar comprovar se esse fato é verdade e, sim, identificar quem seria esse indivíduo, esse agente público, que estaria repassando essas informações”, falou o delegado.
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FONTE: Lapada Lapada