quinta-feira, março 13, 2025

Cooperativismo: um jeito justo e sustentável de fazer negócios | SESCOOP

Empreender para mudar vidas, colocando as pessoas e não o lucro em primeiro lugar. Essa é a premissa de um jeito diferente de negócios, que surgiu em meio à crise e hoje melhora a vida de 1 em cada 7 habitantes do planeta: o cooperativismo ou “coop” —sigla pelo qual o movimento é conhecido internacionalmente.

A melhor maneira de explicar o cooperativismo é entendendo a origem da palavra. O prefixo “coop” vem de cooperação, ou seja, da união de pessoas em torno de um objetivo comum. Elas podem estar em busca de criar novas oportunidades de trabalho, produzir em escala, unir forças para exportar e até mesmo garantir uma educação de qualidade para os filhos. E para transformar esse “sonho” em realidade, o grupo se une em uma cooperativa — organização com CNPJ, capital social e estatuto, onde todos os participantes são também donos do negócio, com direito a voto, voz e participação nos resultados.

“A principal diferença entre uma cooperativa e uma empresa comercial é que nós tomamos decisões pensando em pessoas, guiados por valores e não pelo dinheiro”, explica Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB — entidade de representação das cooperativas brasileiras.

O executivo, também produtor associado de uma cooperativa de café paulista, enxerga no “coop” uma alternativa mais justa e sustentável ao capitalismo. “As cooperativas buscam, sim, resultados financeiros porque eles ajudam a fazer as pessoas felizes. Não fazemos filantropia ou caridade. Somos guiados por resultados e nos posicionamos competitivamente no mercado, mas fazemos isso sem abrir mão de valores como a ética, a sustentabilidade e o compromisso com o desenvolvimento da comunidade local. Para nós, os interesses coletivos estão sempre acima dos individuais”, esclarece.

Esse jeito diferente de olhar para os negócios está em alta dentro e fora do Brasil. Existem, atualmente, 3 milhões de cooperativas espalhadas pelo mundo. Juntas, essas organizações movimentam US$ 2,18 trilhões, ou seja, se fossem um país, as cooperativas seriam a oitava maior economia do mundo. Destas, 4.880 ficam no Brasil. Os dados são do AnuárioCoop 2022, divulgado pelo Sistema OCB.

>>Mais de 100 países já praticam o cooperativismo;

>>+ de 280 milhões de empregos gerados

>>92% de todo alimento produzido no Japão vem de cooperativas.

>>98% da produção de leite da Nova Zelândia, e 95% no México, é feita por cooperativas.

>>A maior rede bancária da França, o Credit Agricole, é uma cooperativa;

>>80% de todos os fertilizantes produzidos na Índia vêm de cooperativas.

>>Grandes times do futebol europeu, como o Real Madrid e o Bayern de Munich são cooperativas.

O cooperativismo está bem perto de você, em todos os lugares, cuidando do desenvolvimento sustentável das comunidades, embora nem sempre sejam percebidas. Basta dizer que metade de toda a produção do agro brasileiro passa por uma cooperativa. O setor está presente em boa parte dos alimentos que chega à nossa mesa, incluindo arroz, feijão, café, orgânicos, café e carnes em geral.

Outro setor no qual o cooperativismo brasileiro é referência é a saúde. Tanto, que a primeira cooperativa médica do mundo nasceu no Brasil, em 1967, a Unimed. Atualmente, as cooperativas cuidam da saúde e do bem-estar de 20 milhões de brasileiros em 85% do território nacional, oferecendo medicina de ponta em hospitais e clínicas de referência, espalhados por todo o país.

No mercado financeiro, as cooperativas também são destaque, oferecendo tudo o que um banco tradicional tem, com a mesma segurança, mas de um jeito diferente. “Em vez de cliente, quem tem conta em uma cooperativa de crédito é dono do negócio. E como dono, tem tratamento especial, com condições de contratação diferenciadas, taxas mais competitivas e participação nos resultados no final do ano, as chamadas sobras”, explica, presidente do Conselho de Administração do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop). Luiz Antônio de Araújo.

Durante a pandemia de Covid-19, o cooperativismo financeiro teve papel fundamental no apoio a pequenas e microempresas. Em 2021, o setor foi líder na concessão de linhas de crédito, a juros mais baixos e prazos mais alongados, do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Assim, ajudaram milhares de empreendedores a atravessar a pandemia sem prejudicar os negócios, reduzindo a necessidade de demissões e encerramento de atividades.

Passada a crise sanitária, o setor segue em franca expansão, crescendo acima da média do sistema financeiro como um todo. Em junho de 2022, o crédito cooperativo avançou 29% no acumulado de 12 meses, enquanto o sistema financeiro cresceu 17% no mesmo período.

“Nunca é demais frisar o papel que as cooperativas exercem no desenvolvimento das comunidades em que se encontram inseridas, impactando positivamente diversas variáveis, como renda, trabalho e transformação social”, disse Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em evento promovido pelo Sistema OCB.

De fato, essas organizações são reconhecidas por promover um ciclo virtuoso de desenvolvimento que gera riqueza e prosperidade para toda a sociedade.

Quando o assunto é geração de energia e conectividade, as cooperativas estão alinhadas à pauta ESG. Em 2021, o cooperativismo levou energia elétrica a mais de 742 mil residências, localizadas em 9 estados brasileiros e em mais de 800 municípios.

Além disso, o setor é referência na geração de energia solar, um jeito sustentável e econômico de levar luz e eletricidade para residências, indústrias e empresas, com uma infraestrutura focada tanto em gerar valor para o consumidor quanto em preservar o meio ambiente.

Segundo Márcio Lopes de Freitas, do Sistema OCB, além de reduzir sensivelmente o valor da conta de luz de quem produz e preservar o meio ambiente, a geração de energia fotovoltaica (solar) reduz as chances de o Brasil viver uma nova crise de distribuição de energia e ainda agrega valor ao produtos de cooperativas. “Ter um selo verde de produção de energia é um diferencial importante, nos dias de hoje. A Europa dá um valor enorme para isso, preferindo produções realizadas com energia limpa”, pontua.

Atenta a essas possibilidades, a Coopercitrus — cooperativa que atende pequenos, médios e grandes produtores agrícolas de São Paulo, Minas Gerais e Goiás — inaugurou há três anos a maior usina fotovoltaica agro do estado de São Paulo. Localizada em seu complexo de grãos, na cidade de Bebedouro, a unidade consegue suprir as necessidades energéticas de 28 polos da cooperativa, gerando economia e sustentabilidade para o empreendimento.

Já no mercado de trabalho, as cooperativas têm criado milhares de oportunidades para profissionais de diferentes categorias. Eles se unem em cooperativas em busca de um jeito diferente de ganhar a vida, com mais propósito, mais reconhecimento e melhores condições de trabalho. Hoje, o Brasil conta com cooperativas de professores, profissionais de tecnologia da informação, jornalistas, artesões, catadores de papel e muito mais.

Quer mais? As cooperativas de consumo foram as precursoras das compras coletivas, garantindo melhores preços e condições de pagamento ao consumidor, dentro de um modelo de consumo consciente que é bom tanto para quem compra quanto para quem produz.

Para ajudar o consumidor a identificar produtos e serviços cooperativos, o Sistema OCB criou o carimbo SomosCoop. Ele ajuda os consumidores a identificar que produto e serviços foram produzidos de forma cooperativa, cuidando das pessoas, da comunidade e também do meio ambiente.

Imagine a angústia de viver em um país com inflação alta, desemprego galopante e profundas transformações no mercado de trabalho, com extinção de postos de emprego e automatização de tarefas antes realizadas por seres humanos. Parece familiar, não é mesmo? Pois este foi o contexto de criação do cooperativismo, na Inglaterra do século XIX.

A crise que deu origem ao coop é muito parecida com a vivida atualmente em boa parte do mundo, incluindo o Brasil. E as soluções encontradas foram tão inovadoras e inteligentes que, ainda hoje, permanecem modernas. Sabe todos esses conceitos que hoje estão na moda: economia compartilhada, diversidade, sustentabilidade? Todos eles são velhos conhecidos do coop, como você vai perceber.

Em 1844, quando o coop surgiu, na Inglaterra, um grupo de trabalhadores se uniu para comprar produtos em grandes quantidades e estocá-los – tendo esses bens à disposição, quando precisassem, a preços mais baixos. Nascia ali a semente dos atuais clubes de compras on-line nada mais são do que a reprodução dessa ideia cooperativista, embalada de outra maneira na internet.

Quer ver outra inovação cooperativista? Sabe os aplicativos de entregadores e motoristas que hoje fazem sucesso no mundo inteiro? Pois existe uma maneira de tornar esse modelo de negócios mais justo e melhor remunerado para os trabalhadores. Como? Criando aplicativos e sites nos quais os trabalhadores são os donos do negócio e não meros fornecedores de mão de obra. E como donos, eles definem quanto irão receber, quanto irão reinvestir no negócio para melhorar as condições de trabalho para todos e como será a política de distribuição dos resultados entre o grupo.

Este novo modelo de organização profissional foi batizado de “cooperativismo de plataforma” e vem sendo estudado ao redor do mundo por estar trazendo uma série de benefícios para os trabalhadores, tais como:

>> melhora dos rendimentos mensais

>>segurança para realizar sua atividade profissional

>>flexibilidade nos horários de trabalho e

>>melhora da saúde física/mental.

Justamente por isso, para muitos pesquisadores nacionais e internacionais, esse pode ser um dos melhores caminhos para o futuro do trabalho.

QUER SABER MAIS SOBRE COOPERATIVISMO?

Leia o e-book “O que é cooperativismo? Um guia descomplicado sobre o coop” publicado pelo Sistema OCB.

CONHEÇA OS 7 PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO

ADESÃO LIVRE E VOLUNTÁRIA

No cooperativismo, todos são bem-vindos, independentemente de gênero, raça, idade, renda, orientação sexual, religião ou preferência política.

As decisões são tomadas de forma coletiva no coop. Por isso, cada cooperado tem direito a um voto, independentemente do cargo, da produção ou da quantia de dinheiro que movimente na instituição. E como em qualquer democracia que se preze, quando a maioria toma uma decisão, ela é respeitada e aceita por todos, até que haja uma nova votação.

PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA

Quem entra em uma cooperativa como associado (não como consumidor) faz uma contribuição para formar (ou fortalecer) o capital do grupo. Esse aporte ajuda os associados a entenderem que, dentro do coop, ninguém tira vantagem de ninguém. Tanto que a participação nos resultados será proporcional à contribuição de cada um.

AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA

No coop, todos são iguais e ninguém é melhor ou pior do que ninguém. Esse pensamento vale tanto para as pessoas quanto para os negócios. Por isso, sempre que uma cooperativa faz acordos com outras organizações, sejam elas públicas ou privadas, precisam manter autonomia e independência.

EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

É dever das cooperativas promover a educação e a formação de seus cooperados e colaboradores em todos os níveis. Outro compromisso é promover a educação nas comunidades onde estão inseridas e levar informação sobre o cooperativismo para toda a sociedade.

Existe um pacto de lealdade dentro do cooperativismo: sempre que possível, as organizações cooperativas devem unir forças para crescer. E quando uma coop cresce, ela tem a missão de puxar outra para cima.

INTERESSE PELA COMUNIDADE

O cooperativismo faz questão de devolver à sociedade parte de tudo o que recebe. Por isso, 10% dos resultados obtidos por cada cooperativa deve ser destino à realização de projetos que promovam o desenvolvimento das pessoas e das comunidades.

FONTE: Lapada Lapada

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