Justia mantm priso de empresrio do PR que negociava carga adulterada em MT

 

A Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT) manteve a prisão do empresário do agronegócio Lélio José Tosta. Com residência em Curitiba (PR), ele negociava cargas de grãos adulteradas por uma quadrilha em Mato Grosso, revelada na operação “Grãos de Areia”, da Polícia Judiciária Civil (PJC).

Os magistrados da Terceira Câmara Criminal seguiram por unanimidade o voto do desembargador Rondon Bassil Dower Filho, relator de um habeas corpus ingressado pela defesa do empresário. A sessão de julgamento ocorreu na tarde desta quarta-feira (26).

A defesa admitiu na sustentação que seu cliente entrou em contato com outros réus do processo para negociar “grãos de qualidade inferior”, mas lembrou que essa não seria uma atividade ilícita. Ele também contou que Lélio José Tosta possui mais de 20 anos no ramo, e que em 2021 pagou R$ 15 milhões só de impostos.

Em seu voto, Rondon Bassil Dower Filho lembrou, entretanto, que Lélio José Tosta foi flagrado em interceptações telefônicas negociando cargas de grãos por R$ 4,5 mil, um valor considerado “irrisório”. O empresário do agronegócio paranaense também teria “garantido” a Anderson Rodrigues Borges, conhecido como “Gordinho”, que iria colaborar com a prática criminosa.

“[Uma] conversa mantida entre o paciente e Anderson, extraída por meio de interceptações, em que Anderson conversa com o paciente, ocasião em que o paciente concorda e afirma que fará conforme for instruído para o êxito da ação criminosa”, revelou o desembargador.

Lélio José Tosta é um velho conhecido dos órgãos de controle. Segundo a polícia civil do Paraná, ele foi flagrado, em 2010, tentando roubar 250 toneladas de fertilizantes de uma empresa de Maringá. O empresário seria o líder do bando, que fez vítimas em três estados, incluindo em Mato Grosso.

Já em 2019, Lélio José Tosta também foi preso, novamente em flagrante, por adulterar insumos vendidos a produtores rurais – além do desvio de cargas. O empresário já possui passagens por adulteração de sinal de veículo, formação de quadrilha e violência doméstica.

OPERAÇÃO GRÃOS DE AREIA

A operação “Grãos de Areia” foi deflagrada no dia 29 de julho de 2022 pela Polícia Judiciária Civil (PJC), por meio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Rondonópolis (DERF-Roo) e Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Ao todo, foram expedidos 88 mandados, sendo 25 de prisão preventiva, 32 de busca e apreensão e 31 de sequestro de bens.

A operação teve por objetivo desbaratar uma organização criminosa voltada para crimes de furto qualificado, estelionato e fraude na entrega de cargas no sul de Mato Grosso, principalmente em Rondonópolis (216 KM de Cuiabá), e também nas cidades de seu entorno.

De acordo com as investigações, o esquema era constituído de dois tipos de crimes. No primeiro, integrantes do grupo criminoso carregavam farelo de soja em uma empresa situada em Primavera do Leste (236 KM de Cuiabá) com destino ao terminal ferroviário de Rondonópolis.

Contudo, a carga não seguia para o seu destino, mas para outra empresa, ligada ao esquema. Lá, o veículo era descarregado. Ao mesmo tempo, a carreta era clonada e sua “cópia” seguia com a carga adulterada para o terminal. O produto era descarregado então para a exportação com a conivência de funcionários envolvidos no esquema.

Essa carga adulterada contava com areia no lugar do produto. Esse produto furtado era revendido a valores abaixo do preço de mercado, gerando lucro aproximado de R$ 100 mil por carga desviada.

Já no segundo tipo de crime, a organização aliciava motoristas que faziam o transporte dessas commodities. Esses motoristas levavam o veículo às empresas investigadas onde as cargas eram adulteradas. Só então os motoristas seguiam viagem ao terminal ferroviário.

Ao todo, 14 pessoas foram presas preventivamente. A polícia também fez a apreensão de armas de fogo, munições, computadores, cabeças de gado, jóias, dinheiro e 18 veículos.

FONTE: Folha Max

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