Um policial penal de uma unidade prisional da Região Metropolitana de Fortaleza (CE) foi denunciado suspeito de assediar sexualmente uma advogada que trabalha no local. O homem acessava o contato das vítimas de forma ilegal e ligava, com número privado, além de mandar mensagens em um perfil falso nas redes sociais.
Uma das vítimas passava pelo transtorno há cerca de um ano. Nas mensagens, o suspeito pedia fotos da mulher de lingerie e fazia elogios: “Corpo escultural”. Após a primeira denúncia, outras duas advogadas que atuavam no mesmo local relataram ter passado por situações similares. Elas preferiram não se identificar. O caso, mantido em sigilo, é investigado pela Controladoria Geral de Disciplina.
De acordo com uma das vítimas, o homem não a deixava em paz. “Nas ligações, o interlocutor falava diversas imoralidades, que estava se ‘masturbando’, que ia fazer isso e aquilo comigo. De início eu esculhambava, pedia para me deixar em paz. No entanto, ele insistia chegando a ligar mais de 30 vezes. Essa situação não parou, pelo contrário, foi se agravando”, relatou a vítima ao portal G1.
Na última segunda-feira (31/10), a mulher convenceu o suspeito a realizar uma videochamada e, na ocasião, conseguiu capturar a imagem do rosto do homem.
Ele foi identidicado como agente penitenciário da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL 2), em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza. Ele aceitou a videochamada após ela fingir que estava interessada nas propostas dele.
“Agi por conta própria para tentar identificar o assediador e desta forma fingi que queria e pedi a ele para fazer uma chamada de vídeo. Consegui então a foto e hoje buscamos os órgãos competentes para punir o agressor. Ainda estou muito abalada, pois as palavras de assédio são de extremo grau de ofensa, imoralidades e ainda pelo visível grau de descaso que o agente apresenta, demonstrando não temer a justiça e agindo como um maníaco sexual”, complementou a vítima.
De acordo com a advogada, as ligações aconteciam sempre que ela realiza os atendimentos penitenciários. Segundo ela, o homem perguntava “quanto era o ‘programa’ dela, dizendo que ela estava muito lindo com roupa tal”. A vítima, inclusive, teve certeza da unidade em que homem trabalhava, quando ele fez um comentário sobre a roupa que ela usava, que foi usada exclusivamente para ir a CPPL II.
A advogada que representa a vítima, Raphaele Farrapo, relatou que sua cliente começou a observar como a situação acontecia. Depois disso, ela contou sobre o caso em um grupo de aplicativo de mensagens, onde estão outras advogadas, momento em que outras mulheres contaram situações semelhantes.
A desconfiança de que o homem teve acesso aos números delas que constam no sistema da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), partiu das próprias vítimas, já que todas trabalham em unidades prisionais do estado.
Mais vítimas
Conforme a reportagem do G1, uma segunda advogada registrou um boletim de ocorrência quando começou a receber as ligações telefônicas de um número inibido. A mulher tentou quebrar o sigilo da identidade do proprietário do contato.
“A pessoa deu boa tarde e perguntou se eu estava em atendimento, ao acreditar que se tratava de um cliente, então pedi para enviar uma mensagem pelo whatsapp. No instante a pessoa disse que não poderia, e disse que queria pagar a mais pelo meu atendimento”, relatou a vítima no boletim de ocorrência.
“A pessoa ligou novamente dizendo que, ao me ver na unidade penitenciária em atendimento, ficou interessado e queria pagar R$ 2 mil para sair comigo, eu disse que não estava entendendo. Rebati dizendo que ele estava confundindo minha profissão, que eu era advogada e não garota de programa”, complementou a advogada.
Uma terceira vítima também relatou que, há cerca de um ano, recebeu ligação de número sem identificação. O homem questionou se ela se prostituía, e quanto cobrava. “’Qual é o seu valor? Quanto é que você cobra? Qual o valor do seu programa?’. A ligação era como se fosse em um banheiro, em um local fechado com eco”, relembrou a vítima.
Desde então, a mulher conta que não atendeu mais ligações de números não identificados e pediu que os dados dela fossem retirados do sistema da SAP. Apesar de não ter denunciado o caso, a advogado disse que atuará como testemunha no processo.
FONTE: Folha Max