terça-feira, outubro 21, 2025

Divulgada causa de morte de Erasmo Carlos – Notcias

O Brasil perdeu, na última terça-feira (22) um dos principais artistas da música brasileira: Erasmo Carlos. Aos 81 anos, ele foi vítima de uma paniculite complicada por sepse de origem cutânea, segundo comunicado da família. Recentemente, ele havia comemorado, no Instagram, sua vitória no Grammy Latino 2022, na categoria de Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, com ‘O futuro pertence à… Jovem Guarda’.

Erasmo Carlos colecionou sucessos em vários estilos, embora tenha sido um pioneiro do rock and roll no país. Ele nasceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de junho de 1941, e cresceu no bairro da Tijuca. Filho de mãe solo, conheceu seu pai quando já tinha mais de 20 anos. Na infância, conheceu aquele que viraria, mais tarde, seu parceiro musical: Tim Maia. Com ele, Erasmo Carlos aprendeu a tocar violão.

O rock sempre esteve em sua vida, e, no fim dos anos de 1950, Erasmo juntou-se a outros amigos da Tijuca – Arlênio Lívio, Edson Trindade e José Roberto – e formou o grupo vocal The Boys of Rock. Com a orientação e sugestão de Carlos Imperial, a banda mudou o nome para The Snakes. O produtor musical passou a acompanhar tanto Roberto Carlos quanto Tim Maia em seus respectivos shows.

A amizade com Roberto Carlos começou nessa época. Arlênio Lívio apresentou-lhe Erasmo quando o cantor precisava da letra para a canção Hound Dog, sucesso na voz de Elvis Presley. Erasmo, que era fã do rei do rock, o ajudou. Erasmo Esteves (nome que ainda usava) foi ganhando notoriedade e adotou “Carlos”, tanto em homenagem ao seu amigo Roberto quanto ao seu agenciador, Carlos Imperial.

Logo depois, na época da chegada da Bossa Nova, Erasmo deixou-se influenciar pelo gênero e compôs “Maria e o Samba”, que foi cantada por Roberto na casa noturna onde era crooner. Erasmo também fez parte da banda Renato e Seus Blue Caps, e, só depois, partiu para a carreira solo.

Ao lado de Roberto Carlos e Wanderléa participou do programa ‘Jovem Guarda’, onde tinha o apelido de Tremendão. Nessa época, engatou sucessos como ‘Gatinha Manhosa’ e ‘Festa de Arromba’.

A Jovem Guarda foi uma febre na época. Além de revelar importantes nomes da música brasileira, também impulsionou a carreira de muitos artistas, como Erasmo. Com o fim da Jovem Guarda, Erasmo entrou em uma nova fase da sua carreira, quando compôs “Sentado à Beira do Caminho” e “Coqueiro Verde”, primeiro samba-rock gravado por ele.

Na década de 1970, participou de produções cinematográficas como ‘Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora’ (1971), de Roberto Farias; e ‘Os Machões’ (1972), dirigido por Reginaldo Faria, que também atuou no filme. Foi também quando Erasmo deu uma guinada em sua vida ao se casar com Narinha. Assim, deixava para trás o Tremendão, os tempos de iê-iê-iê e abraçava uma vida hippie, trazendo temas existenciais e ecológicos e injetando psicodelia, soul e samba no som.

No início dos anos 1980, ele inova em suas produções e lança ‘Erasmo Convida’. O projeto foi composto de 12 canções, todas interpretadas em duetos com artistas importantes como Nara Leão, Maria Bethânia, Gal Costa, Wanderléa, A Cor do Som, As Frenéticas, Gilberto Gil, Rita Lee, Tim Maia, Jorge Ben e Caetano Veloso .

Na mesma década, lança o LP ‘M u l h e r’ no qual apresenta canções até hoje tocadas, como “M u l h e r (S e x o Frágil)” e ‘Pega na Mentira’. Também gravou os álbuns ‘Buraco Negro’ (1984), ‘Erasmo Carlos’ (1985), ‘Abra Seus Olhos’ (1986) e ‘Apesar do Tempo Claro…’ (1988).

Em 1995, o roqueiro teve que enfrentar uma tragédia. Sua musa, Narinha, cometeu s u i c í d i o ingerindo cianureto. Sobre o assunto, ele falou à revista Trip: “Até hoje, nem eu nem meus filhos temos ideia do motivo que a levou ao suicídio. Foi um golpe grande”. Diante da inevitável dor e para enfrentar o trauma, anos depois, compôs ao lado do amigo fiel, Roberto Carlos, o sucesso ‘É preciso saber viver’.

Nos anos 1990, lançou dois discos: ‘Homem de Rua’ (1992), pela Sony Music e ‘É Preciso Saber Viver’ (1996), com regravações de canções de seu repertório. O destaque foi para ‘Do Fundo do Meu Coração’, em que canta com Adriana Calcanhotto.

Erasmo entrou em um momento íntimo de reclusão e voltou a gravar só em 2001. Lançou então o disco ‘Pra Falar de Amor’, que teve como destaque a canção ‘Mais um na Multidão’, cantada com Marisa Monte.

Em 2007, Erasmo repete a fórmula do sucesso dos anos 1980 e lança o segundo volume do projeto ‘Erasmo Convida’. No álbum, interpretações de suas músicas com Roberto Carlos em dueto com nomes como Adriana Calcanhotto, Lulu Santos, Simone, Marisa Monte e Milton Nascimento.

Aos 68 anos (2009), volta às suas origens e lança o disco ‘Rock “n” Roll’, uma homenagem ao gênero que sempre o influenciou. No álbum, além de suas próprias composições, interpretou canções escritas por Nelson Motta e Nando Reis. No mesmo ano, publicou, pela editora Objetiva, a autobiografia ‘Minha Fama de Mau’. No livro, ele conta sua história de maneira leve e descontraída, mesmo as situações mais complexas, como a morte da sua ex-esposa, Narinha.

Dez anos depois, em 2019, o livro ganhou uma adaptação para o cinema. Na produção, ‘Minha Fama de Mau’, Chay Suede incorpora o Tremendão, em suas aventuras e desventuras.

O álbum ‘Gigante Gentil’, lançado em 2014, foi puro sucesso, e, com composições inéditas, conquistou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. Em maio de 2014, houve mais uma grande perda na vida de Erasmo. Dessa vez, o seu filho Alexandre Pessoal, que também se dedicava à música, foi, aos 40 anos de idade, vítima de morte cerebral causada por um acidente de moto. Erasmo também é pai de Gil e Leonardo Esteves.

O merecido reconhecimento de sua obra veio, outra vez, em 2018, com mais Grammy Latino. Desta vez, na categoria Excelência Musical da Academia Latina de Gravação. O prêmio é concedido aos artistas que fizeram contribuições de significado artístico excepcional para a música latina.

Já seu álbum ‘Amor É Isso’ foi eleito o 10º melhor disco brasileiro de 2018 pela revista Rolling Stone Brasil, e um dos 25 melhores álbuns brasileiros do primeiro semestre de 2018 pela Associação Paulista de Críticos de Arte. ‘Quem Foi Que Disse Que Eu Não Faço Samba…’ foi lançado em 2019. No EP, Erasmo dedicou-se à canções de samba, sambalanço e samba rock, compostas ao longo de sua carreira.

Erasmo casou-se, em 2019, com a pedagoga Fernanda Passos. Em seu Instagram, fez questão de expressar todo o seu amor: “Após sete anos de beijinhos e carinhos sem ter fim e mais dois de maravilhosa convivência, me casei ontem, no civil, com minha adorada Fernanda (agora também Esteves).”

O ano de 2020 foi marcado pela assinatura do contrato com a Netflix para atuar como um dos protagonistas do longa-metragem ‘Modo Avião’, ao lado da atriz Larissa Manoela.

O 33º álbum de Erasmo Carlos foi lançado em 2021. ‘O futuro pertence à… Jovem Guarda’ marca os 62 anos de carreira do cantor que nunca deixou de brilhar.

O futuro pertence à… Jovem Guarda

 

 

FONTE: mtesporte

spiderdiario@hotmail.com

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