Afastado do cargo por 60 dias após uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o prefeito de Tapurah, Carlos Alberto Capeletti (PSD), afirmou que deverá aproveitar o período em que ficará longe do comando da gestão municipal para ir à Brasília (DF) continuar se manifestando em atos antidemocráticos. Segundo a decisão do magistrado, o político foi punido por ter atuado para incentivar a viagem de caminhões para Brasília “com a inequívoca intenção de subverter a ordem democrática”.
O STF foi acionado pelo procurador-Geral de Justiça de Mato Grosso, que apontou o desenvolvimento das ações antidemocráticas estimuladas pelo prefeito da cidade. Em entrevista à rádio Jovem Pan, no programa “Os Pingos nos Is”, Capeletti afirmou que não acredita que consiga reverter a situação, tendo em vista que quem irá julgar um possível recurso é o próprio ministro Alexandre de Moraes.
“Não temos mais a quem recorrer. Agora, que estou afastado por 60 dias, vou voltar para Brasília e ficar lá, até que se resolva alguma coisa. Continuarei fazendo o que acredito e vou para a luta. Minha esperança é que se tome alguma atitude, porque juridicamente não tem o que fazer. Por mais que eu possa ter os melhores advogados, quem vai julgar é o ‘imperador’, que se intitulou ‘deus’. Nós não temos mais Justiça, mas sim uma ditadura total. Não sei nem do que estou sendo acusado, porque não fui intimado. As Forças Armadas tem que tomar providência, porque senão a população vai se revoltar contra ela”, afirmou o prefeito.
Com a decisão do STF, quem assume a gestão municipal é o vice-prefeito Odair Cesar Nunes (PSD). Ao ser questionado sobre os impactos do afastamento em relação a administração da cidade, o prefeito destacou que seu sucessor imediato tem a mesma linha ideológica e não descartou a hipótese de continuar inclusive, despachando no local.
Capeletti ironizou ainda a corte, afirmando que os ministros estariam fazendo propaganda gratuita dele. “Me afastar não muda nada. Tenho um entendimento muito bom com meu vice e a Prefeitura vai seguir normalmente. Podem me afastar, multar e fazer o que quiserem. A mim ele não afeta e só faz com que eu tenha mais coragem e vontade. O STF está fazendo uma propaganda gratuita para mim. Não sei como será este processo, se a Câmara terá que dar posse para o vice ou não. Continuarei realizando minhas atividades normais, na Prefeitura, independente se estou afastado ou não do cargo. Vou tocar minha vida de forma normal”, afirmou.
Capeletti ainda comentou que a medida de Moraes é “totalmente antidemocrática”. “Não fui notificado ainda. Fiquei sabendo pelas redes sociais há pouco. Ontem tive uma notificação do Ministério Público do Mato Grosso, a qual diz que tenho 15 dias para prestar esclarecimento sobre os vídeos que andei fazendo. Me pegou de surpresa. O fato de uma atitude desse tamanho totalmente antidemocrático porque eu estava exercendo o meu papel de cidadão. Estava fazendo as manifestações, chamando as pessoas no que eu acredito que esse país precisa melhorar”, disse.
FONTE: Folha Max
