Crime foi há 22 anos em Rondon do Pará. O réu, Rogério de Oliveira Dias, e o irmão Wellington de Jesus da Silva receberiam R$2 mil pela execução do líder sindical em Rondon do Pará. Justiça julga quarto réu acusado de participar do assassinato do sindicalista Dezinho em Rondon do Pará.
Reprodução / TJPA
O réu Rogério de Oliveira Dias foi condenado a 16 anos de prisão em regime inicial fechado por participação na morte do sindicalista José Dutra da Costa, conhecido por Dezinho. O crime foi há 22 anos em Rondon do Pará, no sudeste do estado.
Segundo o Tribunal de Justiça do Pará, a maioria do Tribunal do Júri não absolveu o acusado e reconheceu a promessa de recompensa no valor de R$2 mil pelo crime, motivo fútil e um recurso que dificultou a defesa da vítima para a condenação.
Rogério é a quinta pessoa que já foi julgada no caso. Há ainda um sexto acusado, mas nunca que foi julgado pois permanece foragido.
O julgamento de Rogério Dias, de 49 anos, começou às 9h, presidido pela juíza Sarah Rodrigues no plenário do Júri do Fórum de Belém.
Ele é irmão do pistoleiro Wellington de Jesus da Silva, que está foragido desde 2008, após ter sido condenado em 2006 a 27 anos de prisão por atirar três vezes contra Dezinho na porta da casa onde a vítima morava.
O pistoleiro Wellington tinha 19 anos na época do crime. Ele foi preso em flagrante após cair em um buraco de obras da prefeitura do município. A vítima, no momento em que foi baleada, ainda conseguiu jogar o corpo contra o atirador e os dois caíram no local, facilitando a prisão.
O sindicalista Dezinho foi morto em 2000, em Rondon do Pará
Cristino Martins / O Liberal
O promotor de justiça Edson Augusto Souza, atuando com advogados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH habilitados na assistência de acusação Marco Apolo Leão, José Batista Afonso e Rogério Silva, sustentam a participação do réu na empreitada criminosa como intermediário do crime. Os dois receberiam R$2 mil pela execução.
Segundo o Ministério Público do Pará (MPPA), os dois irmãos moravam na Bahia e foram contratados pelo fazendeiro Décio José Barroso Nunes, conhecido como Delsão, para executar o crime.
Acusado de matar o sindicalista José Dutra da Costa vai a julgamento
Dezinho era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará. Ele lutava pela reforma agrária e contra grilagem de terras, além seu envolvimento na disputas de terra com fazendeiros.
A esposa de Dezinho, Maria Joel, foi inserida no programa de proteção a testemunhas e vive sob escolta policial, já que sofre constantes ameaças de morte.
Entenda o caso
O assassinato de Dezinho aconteceu no dia 21 de novembro de 2000, em Rondon do Pará, cidade do sudeste do estado que fica cerca de 500 km de Belém, na divisa com o Maranhão.
Segundo o Ministério Público, o fazendeiro Lourival de Souza Costa foi o mandante da morte do líder sindical, enquanto Domício, conhecido como Raul, teria providenciado a arma usada no crime.
As investigações apontaram que a vítima foi morta pelo pistoleiro Wellington de Jesus, condenado a 29 anos em regime fechado em 2006, mas que após ser beneficiado por uma saída temporária, não retornou à prisão.
Em novembro de 2013, o fazendeiro Lourival de Souza Costa e o capataz Domício Souza Neto, ex-funcionário de Lourival, foram absolvidos das acusações de envolvimento no assassinato de Dezinho.
Décio Barroso Nunes, o Delsão, também foi apontado como mandante, e foi levado ao Tribunal do Júri. Ele chegou a ser julgado duas vezes.
O primeiro julgamento, em 2014, foi anulado. À época do julgamento, o irmão de um capanga de Delsão depôs encapuzado no Fórum Criminal de Belém. O fazendeiro só foi condenado em 2019, a 12 anos de prisão, mas responde em liberdade.
Maria Joel, viúva do sindicalista, não acreditou quando acusados de serem intermediários do crime foram absolvidos em 2013
Everaldo Nascimento / O Liberal
A decisão ocorreu no 2º Tribunal do Júri da Capital, em Belém. O júri considerou que não havia provas concretas da participação dos dois réus no assassinato.
O promotor de Justiça Franklin Prado atribuiu à morosidade do processo e a falhas de investigação o resultado do julgamento.
Segundo as investigações da polícia, a morte de Dezinho teria sido motivada pela disputa de terras na região, já que o sindicalista apoiava a ocupação de fazendas improdutivas e terras supostamente griladas.
“Era ele quem regularizava as terras, que orientava os trabalhadores, então os fazendeiros viam nele uma ameaça”, diz o promotor de justiça Franklin Prado.
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FONTE: Lapada Lapada