domingo, setembro 7, 2025

Jovens do PT filmam policiais se alimentando em manifestação e são presos

Vinicius Mendes

Gazeta Digital

Membros da Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT), os estudantes Denilson Darc e Clarinda Castro foram detidos pela Polícia Militar na tarde de segunda-feira (12), após filmarem policiais militares se alimentando no acampamento de bolsonaristas em frente à 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Av. do CPA) em Cuiabá. O casal seguia para a faculdade, mas permaneceu detido até às 23h na delegacia, sem qualquer imputação de crime. 

Denilson publicou uma nota relatando o ocorrido. Ele e Clarinda seguiram até o ponto de ônibus em frente ao quartel, onde estão acampados manifestantes que não aceitam o resultado das eleições, com a intenção de ir para a faculdade. 

“Decidimos fazer uma filmagem para mostrar a dificuldade que temos para pegar ônibus naquele ponto, pois os mesmos manifestantes, muitas vezes, ocupam o ponto nos obrigando aguardar no meio da rua entre eles”, disse o jovem. 

O problema começou quando ele decidiu filmar dois policiais militares que estavam no acampamento, em horário se serviço. 

“Em um determinado momento, identifiquei dois policiais militares se alimentando junto aos manifestantes em uma tenda da manifestação. Na mesma hora iniciei uma filmagem para o registro do acontecimento já que os mesmos estavam fardados no exercício do seu trabalho”, explicou. 

Os manifestantes hostilizaram os dois por causa das filmagens até que os militares abordaram ele e Clarinda, questionando o motivo da filmagem. Após se identificar, Denilson disse que os manifestantes descobriram que ele é membro da Juventude do PT e ambos acabaram detidos sem justificativa. 

O secretário de comunicação do Diretório Estadual do PT, Volney Albano, disse que os jovens permaneceram na delegacia até por volta das 23h. 

“Não deram nenhum motivo, é só porque eram do PT. Disseram que não poderia filmar, mas por que não poderia filmar? Eu acredito que não tem nenhuma lei que proíba alguém de filmar […] E aí encaminharam para a delegacia e eles ficaram dentro da viatura da polícia, trancados lá dentro”, narrou. 

Volney disse que o partido deve tomar providências sobre o caso, além de questionar o Governo sobre a atitude dos policiais militares que prenderam o casal. 

“Com certeza o partido fará questionamentos ao secretário de Segurança Pública e ao governador, porque o que aconteceu foi uma arbitrariedade da polícia […] e que não pode ocorrer. Nenhuma justificativa, tanto é que eles foram liberados pelo delegado sem registro nenhum, não houve registro de ocorrência nenhuma porque eles não cometeram crime nenhum, não vão responder por nada”. 

Leia a nota de Denilson na íntegra: 

Olá, companheiros e companheiras 

Hoje por volta das 17 horas, eu Denilson D’arc e a companheira Clarinda Castro nos direcionamos até o ponto de ônibus mais próximo da nossa casa para irmos para faculdade como sempre fazemos. Este ponto de ônibus fica localizado em frente ao 13° batalhão do exercito na avenida do CPA. Local onde ocorre a manifestação anti-democratica dos bolsonaristas desde o final da eleição. 

Chegando no local, decidimos fazer uma filmagem para mostrar a dificuldade que temos para pegar ônibus naquele ponto, pois os mesmos manifestantes muitas vezes ocupam o ponto nos obrigando aguarda no meio da rua entre eles. 

Em um determinado momento identifiquei dois policiais militares se alimentando junto aos manifestantes em uma tenda da manifestação. Na mesma hora iniciei uma filmagem para o registro do acontecimento já que os mesmos estavam fardados no exercício do seu trabalho. 

Alguns manifestantes perceberam que estávamos gravando e vieram para cima da gente nos xingando e fazendo ameaças. 

Após isso, os dois policiais vieram nos abordar e questionar a razão das filmagens. Durante abordagem em nenhum momento desacatamos ou desrespeitamos os mesmos. Fizeram a revista dos meus pertences onde não encontraram nada irregular. Consultaram os nossos documentos e viram que não constavam nada de errado em nosso nome. 

Por razão da abordagem ter ocorrida cercada por bolsonarista. Alguns bolsonaristas ouviram o meu nome quando me identifiquei ao policial e acabaram descobrindo que eu sou militante do PT. Após isso começaram a inflamar ainda mais a situação e tencionar os policiais para fizessem a nossa prisão mesmo não havendo motivo para a mesma. 

No final da abordagem, tomaram os nossos celulares e os nossos pertences. Nos obrigando a entrar no camburão sem uma justificativa plausível para tal condução. 

Por muita sorte a companheira Josi Crispim estava passando pelo local no momento e viu o policial puxando e apertando o braço da Clarinda. 

A mesma tentou dialogar com os PM’s para impedir a nossa condução. Não conseguindo, acompanhou a viatura até a delegacia do verdão. 

Ficamos presos no camburão por quase 2 horas com as janelas da viatura fechadas mesmo já estando na delegacia. Após tudo isso, prestamos os nossos depoimentos e fomos liberados. 

Agradecemos a solidariedade de cada companheiro e companheira que se preoucupou conosco e enviaram mensagens de apoio neste momento tão difícil. 

Agradecemos em especial a querida companheira Josi Crispim que nos acompanhou a todo momento desde a nossa condução. 

Agradecemos também a nossa Deputada Federal Professora Rosa Neide, Deputado Valdir Barranco e a Vereadora Edna Sampaio que desde que soube da nossa prisão se empenharam ao máximo para garantir a nossa integridade e segurança. Fica também o nosso agradecimento especial para as Advogadas Soraya Bagio e Jenyffer Rodrigues que nos acompanharam durante todo o nosso depoimento. 

Gratidão a todos e todas! Seguimos firmes na luta!

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FONTE: SEMANA7

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