Um dos principais nomes do humor cuiabano, José Didier, mais conhecido como o “Xômano que Mora Logo Ali”, consolidou sua carreira no entretenimento regional e pretende expandi-la. Realizando shows de stand-up, o humorista adquiriu o reconhecimento necessário para viver da comédia.
Didier, de 37 anos, conta que sua trajetória humorística foi gradual. Formado em publicidade, trabalhou em agências de comunicação e até no Programa do Pop.
Seu trabalho autônomo com entretenimento iniciou em 2014 com a publicação de memes que inicialmente não abordavam a cultura cuiabana, mas que só se popularizaram ao receber temática regional.
“Foi um degrau de cada vez. Na época não tinha influencer e eu decidi que ia viver de internet. Cuiabá estava engatinhando, agora que começou a visualizar. Quando comecei, estava vivendo no limite, mas acreditei no trabalho. Graças a Deus hoje consigo viver, mas não sou rico”, explica.
A respeito da monetização, ele conta que a principal forma de renda de seu trabalho é através da contratação de empresas que o usam como garoto propaganda.
Apesar do sucesso, as redes sociais ainda não o remuneram. “Memes e vídeos não me fazem ganhar um real no Face e no Instagram”, resume.
O influencer avalia criar produtos como camisetas e bonés para complementar a renda e expandir seu trabalho. Segundo ele, seu foco por enquanto é nos shows de stand-up, mas pretende lançar uma linha de acessórios do “Xômano” em 2023.
Didier comenta que ser reconhecido por produzir entretenimento em Cuiabá pode ser difícil devido à desvalorização dos artistas locais, pois os cuiabanos preferem consumir o conteúdo de pessoas de fora da cidade.
“A maior dificuldade é que as pessoas veem muita gente de fora e não dão valor para cá. O lambadão chegou no Nordeste, aí vejo o pessoal postando o lambadão de lá. Eu falo: ‘Cara, você sai na rua aqui e tem um cara melhor que ele. Você tá na terra do lambadão e fica olhando para fora”, critica.
Apesar de ser figura reconhecida nas ruas de Cuiabá, o humorista conta que demorou para pegar o jeito de se comunicar na internet. O desejo de ser mais popular surgiu em 2020, após enfrentar um câncer no testículo. Seu maior objetivo era mostrar que as dificuldades podem ser enfrentadas com otimismo e, para isso, passou a se expor mais nas redes.
“Não achei que tinha essa força. Muita gente nessa época que estava passando pelo mesmo problema que eu e até pior conseguia se espelhar e me falava: Eeu precisava ver você, você me dá força, seu vídeo me fez feliz demais e eu estava triste’. Hoje tenho noção de que as coisas que faço afetam as pessoas”, lembra.
O influencer revela que, embora muitas pessoas curtam seu trabalho, ainda tem muitos haters e que, as vezes, é difícil lidar com eles. “Só bloqueio se a pessoa for muito invasiva ou falar algo racista. Tem gente que é complicada”, explica.
Reprodução
Apesar da fama conquistada, o “Xomano” revela que ainda lida com muitos haters
Como já conquistou o público regional, Didier agora pretende expandir seu trabalho para fora. Sua estratégia tem sido tornar o humor cuiabano compreensível para seguidores de fora do Mato Grosso para que eles também possam rir e acompanhar o conteúdo.
Buscando derrubar as barreiras regionais, o comediante posta seu conteúdo no TikTok, no Instagram e no Facebook. Ele afirma que o público presente em cada uma dessas plataformas é muito diferenciado e perceber isso o ajuda na hora da produção. O TikTok, apesar de ser a rede social com a qual o influencer mais tem dificuldade, é a que mais colabora para seu reconhecimento, principalmente entre as crianças.
“Cada plataforma é um perfil. Depois que tive essa noção, as visualizações começaram a melhorar. Tem o Facebook, que é uma galera mais velha, um público mais ‘povão’. Lá é mais fácil para a galera baixa renda acessar. O Instagram tem uma galera elitizada. TikTok já é uma parada nova, é o Brasil inteiro. Lá faço live pra 500 pessoas e é muito mais fácil o algoritmo”.
Além das redes sociais, o “Xomano que Mora Logo li” investe na produção de um podcast chamado “Podre de Xique”. O comediante revela que esse trabalho o ajuda a aprender sobre diversos assuntos e a ter desenvoltura para conversar com todos os públicos.
Didier explica que seu trabalho não faz bem apenas para quem consome seu conteúdo, mas também para ele. Ao ser questionado se pretende produzir humor por mais um bom tempo, ele afirma que sua carreira como humorista é para valer.
“Meu trabalho é uma terapia para mim. É uma válvula de escape que virou a minha profissão. Se eu faço um meme, tenho que rir primeiro. Se eu rir, pode ter duas pessoas que deram like, mas fico olhando toda hora e pensando ‘que besta isso que eu fiz’. E é muito legal”, conclui.
FONTE: Midia News