O novo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, diz que a maior parte dos produtores do setor é responsável e comprometida com o desenvolvimento sustentável. Uma pequena parcela, porém, afeta a imagem geral do grupo e do país. São esses, na sua avaliação, os que criticam e questionam nas ruas a vitória do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições de 2022. “Alguns gostaram da ideia do governo Bolsonaro de deixar passar a boiada e fazer a ilegalidade reinar. Isso ocorreu na invasão de terras, desmatamento ilegal, queimada, garimpo, extração de madeira“, disse em entrevista.
A frase é referência à fala do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Em reunião ministerial com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele disse a seguinte frase no contexto da pandemia de covid-19: “Precisa ter um esforço nosso aqui [governo Bolsonaro] enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas de Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], de Ministério da Agricultura, de Ministério do Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo“.
O problema, para Fávaro, é que essas pessoas acabam afetando a imagem do agronegócio tanto no Brasil quanto no exterior. O que contrasta com o comportamento majoritário do grupo. “A imensa maioria dos produtores é responsável e faz tudo na legalidade. Mas alguns poucos, mas barulhentos adoravam esse modelo de governo e por isso foram tão radicais na eleição”, disse.
Carlos Fávaro tem 53 anos. Nascido no Paraná, foi para Mato Grosso em 1986. É um dos fundadores do IPA (Instituto Pensar Agro) e foi presidente da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso). Em 2020, após a cassação da senadora Selma Arruda (Podemos, à época no PSL), foi eleito senador pelo PSD em eleição suplementar. Em Mato Grosso, também foi vice-governador (2015 a 2018) e secretário do Meio Ambiente (2016 a 2017). Aliado de Lula, durante a campanha, Fávaro participou do plano de governo do petista para o agronegócio.
Hoje, diz que sua principal missão à frente do Ministério da Agricultura é pacificar o agro e focar no desenvolvimento sustentável. Para isso, pretende triplicar o orçamento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e retomar o contato com países que foram alvos de críticas do governo anterior. Ele elencou a China, países da América Latina, Europa e Estados Unidos.
“Um presidente não pode interferir na soberania de quem deve ser o presidente de outros países. Que absurdo chegou a diplomacia brasileira de questionar resultados eleitorais lá fora. Tudo isso será corrigido”, disse.
FONTE: mtesporte