Kethlyn Moraes
RD News
Consideradas como um dos principais gargalos logísticos de Mato Grosso, as rodovias federais estão na lista das estradas com maior número de pontos críticos, ou seja, com buraqueiras e trechos que dificultam o tráfego de veículos. No total, são 15 locais com problemas de infraestrutura identificados em 2022, contra seis em 2021, o que significa um aumento de 150%. Os dados constam da publicação Transporte Rodoviário, lançada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Os entraves na malha viária geram insegurança aos usuários e aumentam, de forma significativa, a possibilidade de acidentes.
De acordo com o relatório, o problema vem se multiplicando a cada ano e se concentra, majoritariamente, em rodovias sob gestão pública. Os pontos mais críticos constatados em Mato Grosso são na BR-163 (46%), BR-158 (26%), BR-174 (13%), MT-320 (6%) e MT-487 (6%). Em nenhum dos casos há alguma obra em andamento e a sinalização é inexistente em 14 dos 15 pontos.
Entre as regiões afetadas diretamente estão Guarantã do Norte, Matupá, Peixoto de Azevedo, Nova Guarita, Terra Nova do Norte, Sorriso, Canarana e Ribeirão Cascalheira.
Os principais problemas são os grandes buracos, cujas dimensões, segundo critérios da Pesquisa de Rodovias, são iguais ou maiores que o tamanho de um pneu do veículo padrão da coleta. Foi registrado também caso de erosão na pista, que causa a ruína total ou parcial da pista de rolamento ou do acostamento, comprometendo a estabilidade da via e a segurança dos usuários; e também uma ponte estreita demais, que possui apenas uma faixa de rolagem.
Segundo o estudo, as causas são diversas, porém o trabalho de gerenciamento nas vias, mais presente em rodovias concedidas, é crucial tanto para a prevenção quanto para a solução logo no surgimento do problema.
“O usuário, ao se deparar com um ponto crítico, tende a reduzir a velocidade ou desviar da ocorrência para que não aconteçam danos ao veículo ou um acidente. Isso pode aumentar o tempo de viagem, o consumo de combustível e o desgaste no veículo, dentre outros. Tal situação se agrava ao se verificar que nem sempre os pontos críticos têm sinalização adequada, de modo que o condutor não é alertado com antecedência, para que possa agir com segurança”, diz trecho.
A CNT afirma que as obras de conservação e manutenção rodoviária devem fazer parte do cronograma do órgão ou empresa que faz esse gerenciamento, seja a rodovia pública ou concedida.
“A demora na resolução dos pontos críticos pode ser observada também pela sua recorrência no período analisado. Assim, mais de 22% dos problemas observados em 2021 já aconteciam em anos anteriores, isto é, se mantiveram ao longo dos anos ou foram sanados e voltaram a ocorrer. A maioria dos casos observados vem de 2019”, diz outro trecho.
Outro lado
Com relação à rodovia BR-174/MT, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),i informou que existem sete contratos ativos que realizam continuamente serviços de manutenção rodoviária em toda rodovia e contemplam os municípios de Santo Antônio das Lendas, Porto Espiridião, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade, Comodoro e Juína, totalizando aproximadamente 776,80 km.
Já na BR-158/MT também são sete contratos em andamento na rodovia, contemplando os municípios de Barra do Garças, Nova Xavantina, Água Boa, Ribeirão Cascalheira, Porto Alegre do Norte, Confresa e Vila Rica, que totaliza aproximadamente uma extensão de 796,90 km. “Tais contratos têm como finalidade garantir boas condições, trafegabilidade e segurança do pavimento. Assim, considerando o término do período de precipitações e a liberação de novos recursos advindos da LOA 2023, espera-se concentrar esforços nos serviços que visam a melhoria e a revitalização dos sistemas rodoviários do Mato Grosso”, diz trecho da nota.
O Dnit também informou que houve restrição orçamentária nos últimos anos, e que a autarquia trabalhou para assegurar a manutenção da malha rodoviária com o orçamento destinado ao departamento. “Com a liberação de recursos no final de 2022, que disponibilizou um aporte extra no orçamento do DNIT – de aproximadamente R$ 2 bilhões – Mato Grosso pôde retomar o ritmo dos serviços de manutenção das principais rodovias do estado”, diz outro trecho.
Sobre a MT-487, a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra) afirma que o trecho citado no levantamento estava sob concessão de empresas privadas quando foi feito o estudo. “Como a empresa não estava cumprindo o previsto no contrato de concessão, a Sinfra rompeu o contrato em agosto de 2021, após o período analisado, e fez a manutenção da rodovia”, afirma.
Sobre a MT-320 e o trecho da BR-163 entre Guarantã do Norte e Terra Nova do Norte, entramos em contato com a Concessionária Via Brasil, mas até o fechamento da reportagem, na tarde de sexta, não houve retorno.
Entre no grupo do Semana7 no WhatsApp e receba notícias em tempo real (Clique AQUI).
FONTE: SEMANA7