O vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, diz que o clube ainda está construindo sua história no cenário nacional e critica quem exige muito do time.
“As pessoas querem muito do Cuiabá e às vezes não entendem bem o cenário que a gente está inserido. A Série A é um campeonato muito complicado. Com esses clubes tradicionais que se tornaram SAF [Sociedade Anônima do Futebol], o nível de competitividade está aumentando” disse em entrevista ao MidiaNews.
O cartola lembrou que na temporada passada o Dourado sofreu para se manter na elite do futebol brasileiro e, neste ano, o objetivo do clube é se manter na Série A com um pouco mais de tranquilidade.
“O objetivo principal do Cuiabá é se manter sempre na Série A. Vamos buscar, nesta temporada, a permanência de uma forma mais tranquila do que a gente teve no último ano principalmente, que foi complicado”, afirmou.
Dresch contou que o clube tem feito muitos investimentos e que o futuro do Dourado depende muito da categoria de base.
Leia a entrevista completa:
MidiaNews– Na temporada passada o Cuiabá sofreu para permanecer na Série A. E sabemos que neste ano o campeonato está muito mais competitivo com o retorno de times consagrados para a elite do futebol nacional. A meta do clube é a permanência ou há um objetivo maior a ser alcançado?
Cristiano Dresch – O Cuiabá está construindo a história dele. As pessoas querem muito do Cuiabá e às vezes não entendem bem o cenário que a gente está inserido. A Série A é um campeonato muito complicado. Com esses clubes tradicionais que se tornaram SAF, o nível de competitividade está aumentando.
O objetivo principal é se manter sempre na Série A. Vamos buscar, nesta temporada, a permanência de uma forma mais tranquila do que a gente teve no último ano principalmente, que foi complicado.
Vamos buscar, nesta temporada, a permanência de uma forma mais tranquila do que a gente teve no último ano principalmente, que foi complicado
O clube ainda está se estruturando, a gente tem feito investimento na nossa estrutura. O nosso centro de treinamento está em construção. Ano passado a gente fez um campo, no ano retrasado outro campo. Já são dois campos do mesmo nível da Arena Pantanal que a gente tem. Vamos estar inaugurando até o final do ano dois vestiários e vamos poder jogar partidas oficiais da base nesse CT.
Então, temos feito investimento permanente em equipamento novos, mais modernos, que auxiliam na parte de preparação física, fisiológica.
Isso aí vai fazer o Cuiabá se tornar mais competitivo. O investimento na base, como disse, seis jogadores subiram, para o elenco principal. Alguns vão ficar. Outros, provavelmente no decorrer do tempo, acabam sendo emprestados. Mas é um trabalho que está dando resultado.
Eu vejo assim, que o futuro do Cuiabá depende muito da categoria da base.
MidiaNews – O Cuiabá ainda está à procura de jogadores para o Brasileirão. Quais os setores que ainda precisam de reforço?
Cristiano Dresch – Sim, estamos buscando. Atualmente, não temos nenhum lateral esquerdo de ofício, à disposição. Só temos o Uendel, que está machucado, está voltando de lesão. Com certeza, até o início do Campeonato Brasileiro vamos anunciar mais alguns nomes.
MidiaNews – Quantos novos jogadores devem chegar ao Cuiabá?
Cristiano Dresch – Pelo menos de quatro a cinco peças.
MidiaNews – O contrato do Cuiabá com o Sicredi foi rompido recentemente. De quem partiu a iniciativa de colocar fim à parceria?
Cristiano Dresch – Não foi renovado porque pedimos um aumento e eles ofereceram um valor menor do que a gente achou que seria bom para nós nesse ano de 2023. Então, partiu mais do Cuiabá do que deles.
MidiaNews – Sicredi era um grande patrocinador. A diretoria já está alinhando outra empresa para substituir?
Cristiano Dresch – Sim. Já temos bastante propostas.
MidiaNews – De empresas de dentro ou fora do Estado?
Cristiano Dresch – Eu não posso entrar nesse detalhe ainda.
MidiaNews – Como tem sido os primeiros dias do Ivo Vieira como técnico?
Cristiano Dresch – Está muito cedo para avaliar. Ele só tem três semanas de trabalho, chegou ao Brasil no dia 1º de janeiro e começou a trabalhar com o grupo no dia 3. Não fizemos nenhum amistoso antes do jogo do Mixto. Apenas na última semana da estreia do campeonato que ele teve à sua disposição um grupo para poder fazer um jogo de 11 contra 11 nos treinamentos, porque a gente está com elenco bem reduzido.
MidiaNews – Uma das declarações dadas pelo novo técnico do Cuiabá é de que ele gosta de jogar no campo do adversário. Será que em 2023 teremos um Cuiabá mais ofensivo do que nas temporadas passadas?
Cristiano Dresch – Sim, pela forma que ele gosta de trabalhar, com certeza. Acho que já até demostrou isso no jogo contra o Mixto. Conseguimos fazer quatro gols e tivemos várias chances claras. Creio que foram sete finalizações no gol.
A forma como o time está jogando é bem mais ofensiva, chega mais rápido no ataque do adversário. Mas, é claro, contra as equipes mais fortes, de poder financeiro muito maior que o nosso, é difícil jogar dessa forma. Mas, nas equipes aí que se equivalem ao Cuiabá dentro da Série A, por exemplo, a gente vai jogar mais ofensivo do que o ano passado, sim.
MidiaNews – Cuiabá estreou no estadual goleando o Mixto e muitos dizem que o Dourado tem obrigação de ganhar o estadual. O senhor também vê essa obrigação?
Assessoria
“Eu vejo assim, que o futuro do Cuiabá depende muito da categoria da base”
Cristiano Dresch – Futebol é muito difícil, você tem que analisar o todo, não pode analisar o resultado, não pode analisar somente o jogo. É uma análise bastante complexa. Eu acho que o Cuiabá, óbvio, pelo investimento que tem, pela estrutura, por tudo que é feito, precisa ganhar os jogos no campeonato estadual.
Mas, quem entende bem do futebol, sabe que ninguém tem obrigação de ganhar nada. A gente tem que corresponder o que é feito. É isso que a gente tem buscado fazer nos últimos anos e a cobrança dentro do clube é muito forte.
Em todas as competições que a gente disputa, não só o campeonato estadual, existe uma cobrança muito forte por tudo, por resultados, por boas apresentações e esses tipos de comentários não são coisas que vem para dentro do clube, não.
MidiaNews – O jogo foi importante também para tirar a dúvida de que o Cuiabá tem mais torcida que o Mixto?
Cristiano Dresch – Essa polêmica não sei quem criou. Único dado oficial que tínhamos sobre torcida, e eu até comentei no ano passado, foi uma pesquisa que a Fecomércio fez e nós enviou e no documento dizia que a maior torcida era do Cuiabá. Essa polêmica também não partiu da gente.
MidiaNews – O Cuiabá hoje está na elite do futebol brasileiro, que é a série A. Porém, outros clubes do Estado, mal disputam a série D do Campeonato Brasileiro. Essa fragilidade do Campeonato Estadual com equipes quase que amadoras, não prejudica a competitividade do Cuiabá com outros clubes?
Cristiano Dresch – Prejudica, sim. Mas acho que ao mesmo tempo o Cuiabá faz um papel de tentar melhorar o futebol mato-grossense. A gente tem visto uma melhora do campeonato nos últimos três anos, principalmente. Existe uma motivação maior dos outros clubes.
No time que começou o jogo contra o Mixto, tinha dois jogadores que são oriundos do campeonato mato-grossense: Lucas Cardoso, que veio do Operário de Várzea Grande, e o Vinicius Boss, que veio do Academia.
O campeonato serve de vitrine para esses jogadores conseguirem uma oportunidade melhor.
É óbvio que o nível dos times nos prejudica na preparação, nos prejudica muito na questão de motivar nossos jogadores, porque a gente não consegue extrair o máximo deles jogando o campeonato estadual. Só que, ao mesmo tempo, acho que é um papel, não digo social, mas de fomentar o futebol local, uma vez que o Cuiabá participa utilizando sempre o que tem de melhor.
MidiaNews – Após o sucesso do Cuiabá, outro clube tradicional decidiu investir para tentar retomar o futebol em nível estadual e nacional, como o Mixto Esporte Clube. Qual sua opinião ou dica para outras diretorias dos clubes mato-grossenses?
Cristiano Dresch – Não tem uma dica mágica. Nós compramos o Cuiabá em 2009 e fomos subir para a Séria A em 2021, foram 12 anos de trabalho. O futebol é um negócio de longo prazo, não é lucrativo a curto prazo, nem a médio prazo. É preciso ter alguém que acredite e aposte todo esse tempo. Projeto que dura aí quatro, cinco, seis anos é muito difícil conseguir um resultado.
MidiaNews – A Arena Pantanal teve a grama trocada recentemente. Está satisfeito com o resultado desta troca?
Cristiano Dresch – O gramado ainda não está bom. O término do plantio foi dia 28 de dezembro. O prazo normal para você jogar uma partida após o plantio é em torno de 30 a 40 dias. Esse prazo foi bem antecipado. Visualmente estava bonito, mas tecnicamente ali dentro ainda está bem longe do que vai ficar. A gente espera aí mais três semanas para o gramado estar perfeito. Para o Campeonato Brasileiro vai estar muito melhor do que era antes.
MidiaNews – Do ano passado para cá, avançou alguma coisa na criação da Liga Brasileira?
O Cuiabá faz um papel de tentar melhorar o futebol mato-grossense
Cristiano Dresch – Sim, a liga tem avançado bastante. A gente tem já negociações bem avançadas para a entrada de um parceiro que vai fazer um investimento forte. Por enquanto, só posso falar isso, não posso entrar em detalhes, porque ainda não se concretizou. A partir do momento que concretizar, vamos divulgar.
MidiaNews – O Cuiabá planeja jogar o brasileiro sub-15, sub-17 e sub-20 neste ano?
Cristiano Dresch – Nós estamos confirmados nessas competições. Acho que é um marco histórico para o clube.
O campeonato brasileiro sub-20 é a principal competição de categoria de base, assim como é a taça São Paulo, mas o campeonato sub-20 são os 20 melhores do ranking da CBF e é uma conquista enorme para o Cuiabá, para a categoria de base do Cuiabá, poder disputar essa competição.
A gente teve alguns atletas que subiram do time da Copinha para o time principal e estamos em busca de recomendar esse elenco agora. A gente teve algumas saídas, inclusive do treinador e do auxiliar dele. Estamos contratando bastante jogadores que observamos na Copinha para fazermos a estreia que está prevista para o dia 1º de março, do sub.
O sub-17 e sub-15 são mais à frente, a partir de maio e julho.
MidiaNews – Quantos jogadores da Copinha poderão ser aproveitados no Brasileirão deste ano?
Cristiano Dresch – Seis jogadores.
MidiaNews – Por que o Cuiabá decidiu demitir o treinador e o auxiliar do sub-20 após a Copinha?
Cristiano Dresch – O trabalho que foi feito com esse time para conseguirmos ter o resultado que tivemos na Copinha foi um trabalho de dois anos. Não foi um trabalho de quatro meses. Nós demos condições excelentes de trabalho para esses meninos. Eles tiveram a mesma condição de trabalho que o elenco profissional tem. Eles utilizaram a nossa estrutura principal para treinar.
E assim, algumas análises internas nossa em relação ao trabalho da comissão não agradou, não se encaixa dentro do que o clube espera e a gente optou pelas demissões. Estamos em busca de trazer profissionais de alto nível para integrarem essas nossas condições.
MidiaNews – Diante de todo esse trabalho, na sua opinião, o Cuiabá poderia ter chegado mais longe na Copinha?
Cristiano Dresch – Sim, achei que a gente podia ter chegado um pouquinho mais longe, mas foi uma boa participação.
MidiaNews – Para finalizarmos, qual mensagem quer deixar para o torcedor do Dourado para a próxima temporada?
Cristiano Dresch – O que nós precisamos é de apoio, de acreditar e incentivar. O jogo da estreia do estadual mostrou que a torcida do Cuiabá tem apoiado o clube e na Copa do Brasil, na Copa Verde e, principalmente, na Série A, a gente vai precisar demais desse apoio.
Vamos fazer promoção de ingressos nos jogos que não tem tanto apelo, facilitando em todos os sentidos a presença do torcedor no estádio.
FONTE: Midia News