sábado, dezembro 21, 2024

Estiagem deixa centenas de municípios do Rio Grande do Sul em situação de emergência


Fenômeno La Niña no estado aumenta as temperaturas e reduz as chuvas, e o impacto nas lavouras já chega a 70% de prejuízo, com perda de R$ 6 bilhões na safra de verão. Estiagem deixa centenas de municípios do Rio Grande do Sul em situação de emergência
Reprodução/JN
Mais de 200 municípios do Rio Grande do Sul estão em situação de emergência devido à estiagem.
Terra seca, campo sem pasto, açudes e rios sem água. O gado criado solto em Uruguaiana, na fronteira com a argentina, sofre. Nesta semana, dez já morreram de sede e fome.
“A perda vai ser grande, e o sentimento que a gente tem é a tristeza de o animal solicitar comida, pedir comida e não ter”, lamenta o pecuarista Luiz Duzac Cardoso.
A produção de leite também caiu. Em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, algumas vacas encontraram um pouco de pasto onde antes havia um grande reservatório de água que secou.
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“Tem poços já secos. Os açudes totalmente secos são em número muito expressivo. Outros, com pouca água, não possibilitam que os animais bebam”, conta o secretário de Agricultura de Viamão, Henrique Noronha.
Nas lavouras, o prejuízo com a safra de verão já atingiu R$ 6 bilhões. A produção de soja caiu 25%. A safra de milho é que terá a maior queda no Rio Grande do Sul. Com a falta de chuva, o impacto nas lavouras chega a 70% de prejuízo. As plantas estão muito baixas, e sobraram poucas espigas. E elas estão praticamente sem grãos.
O gado criado solto em Uruguaiana, na fronteira com a argentina, sofre. Nesta semana, dez já morreram de sede e fome
Reprodução/Jornal Nacional
“Dá tristeza, porque a gente já vem de duas safras assim. Essa é a segunda safra que veio realmente ruim. Desânimo”, diz o produtor rural Rafael Librelotto.
A explicação para a falta de chuva é o fenômeno La Niña, que é o resfriamento da água no Oceano Pacífico. O efeito desse fenômeno no Rio Grande do Sul é o aumento das temperaturas e a redução da chuva, principalmente no verão.
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“Estamos já no terceiro verão consecutivo de chuvas muito abaixo da média, já caracterizando uma seca histórica no Rio Grande do Sul. Por que isso? Porque há três anos as chuvas têm ficado muito abaixo da normalidade”, explica a meteorologista da Secretaria de Meio Ambiente do RS, Cátia Valente.
Nos últimos seis meses, a situação piorou. Algumas regiões do estado tiveram cerca de 700 milímetros de chuva abaixo da média para o período.
Os rios e barragens que abastecem as cidades estão com níveis bem abaixo do normal, e alguns municípios já estão em racionamento. Em Bagé, na fronteira com o Uruguai, os moradores ficam 12 horas por dia sem água nas torneiras.
“Agora eu estou juntando, né? A água chegou, e estou juntando no balde, em garrafas pet, em potinhos de sorvete. Também estou juntando no tanque que eu tenho para lavar roupas”, conta a professora Elbia Rejane Borba.
Para alguns moradores de Santa Cruz do Sul, na região central do estado, água, só de caminhão-pipa.
“Você chega à noite em casa para tomar um banho, e não tem água. Isso é complicado, muito complicado”, reclama o agricultor Elstor Schaefer.

FONTE: Lapada Lapada

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