sábado, outubro 5, 2024

Entidades lançam guia para tratamento de Covid-19 em adultos

A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) apresentou, na noite desta sexta (3), os principais resultados de um guia que normatiza o tratamento farmacológico da Covid-19 em adultos.

 

Liderado pela SBI e API (Associação Panamericana de Infectologia), o trabalho reúne esforços de 18 especialistas brasileiros e latino-americanos, entre infectologistas e metodologistas. O documento visa orientar os médicos no atendimento a casos de Covid-19 nas diferentes fases da doença – leve/moderada, grave ou crítica.

 

A metodologia utilizada é a mesma da diretriz da Sociedade Europeia de Infectologia e da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas.

 

“Nosso objetivo é fornecer informações consistentes, com a medicina baseada em evidências, para que os médicos possam aplicar, com propriedade, em todas as etapas de conduta para a Covid-19”, afirma o infectologista Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da SBI.

 

O documento aborda todas as intervenções farmacológicas, eficácia, segurança, eventos adversos e os benefícios que os tratamentos atuais podem oferecer aos pacientes, Segundo Barbosa, a elaboração do guia passou por um rigoroso processo de avaliação, durante quase um ano, além de revisão sistemática com metanálise –abordagem estatística que associa e compara resultados de importantes estudos.

 

“Pegamos todos os ensaios clínicos randomizados, que são os estudos de fase três comparados com placebo, duplo-cego, e reunimos aqueles que foram bem-feitos. Ao juntá-los, você ganha mais evidências para saber se a droga funciona ou não. Partimos de mais de mil artigos sobre oito diferentes intervenções. Às vezes, a mesma droga pode ser usada nos dias iniciais de tratamento ou no paciente que já está com Covid grave. É o caso do rendesevir”, explica Barbosa.

 

“Os grandes estudos incluídos na publicação são multicêntricos. Cada um deles aconteceu em vários países. E nós estamos representados”, afirma a infectologista Monica Maria Gomes da Silva. “Monitoramos de perto o nível de evidência dos medicamentos em cada uma das fases da Covid-19 e propomos a recomendação da droga adequada nos mais diferentes quadros clínicos. Isso ajudará muito a todos nós, médicos, e principalmente a saúde pública, já que ainda estamos na pandemia”, completa Barbosa.

 

A dexatamesona injetável, aprovada pela Anvisa no final de 2022 para tratamento contra a Covid-19, não aparece no guia. “Embora tenha sido um estudo controlado, não foi com placebo, mas não significa que não deve ser recomendada”, explica Barbosa.

 

As medicações avaliadas foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Nirmatrelvir/ritonavir e baracitinib estão incorporados ao SUS (Sistema Único de Saúde).

 

“O documento traz medicamentos que a gente tem evidência in vivo, nas pessoas. A gente tem evidência que funciona. Mas em quem? Em que momento da doença? Isso também é importante. Por mais que eu disponibilize um medicamento para tratamento amplo no país, preciso ter a responsabilidade de saber quando usar, quando se justifica o investimento. A diretriz é importante porque ela vai dizer o que funciona, como e quando usar”, explica Silva.

 

Nas próximas semanas, o guia completo será publicado na revista científica Annals of Clinical Microbiology and Antimicrobials, uma das referências para infectologia. A intenção é atualizá-lo periodicamente, de acordo com a necessidade. A SBI e a API esperam que ele seja de uso rotineiro em todos os serviços que atendem pacientes com Covid-19.

 

De acordo com um levantamento elaborado pelo infectologista Clóvis Arns da Cunha, professor do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná, a população brasileira estimada para 2022 (o novo censo populacional está em andamento) –212,7 milhões– representa aproximadamente 2,7% da global 7,7 bilhões. O número de brasileiros que morreram pela Covid-19 (697.074) desde o início da pandemia representa 10,3% do total de óbitos (6.763.000) pela doença no mundo –dados atualizados em 1º de fevereiro.

 

“Em números absolutos, o Brasil é o segundo país com mais óbitos. Nos próximos dias, chegará a 700 mil vidas ceifadas. Só perde para os Estados Unidos, onde a população é 60% maior que a brasileira. Em termos absolutos, em relação à população, o Peru é o número um entre os países que mais tiveram óbitos em sua população. A América Latina, como um todo, foi avassalada pela Covid”, afirma Cunha. 

 



FONTE: Midia News

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