O comerciante Josué Ramos Tenório estava de passagem em Sinop a trabalho e foi uma das sete vítimas fatais da chacina que comoveu o País na última terça-feira (21).
A família segue incrédula com a barbárie do crime e, principalmente, com a frieza dos criminosos.
Para nós ainda está sendo um choque, porque quem o conhecia não acredita que essa brutalidade aconteceu com ele
“Para nós ainda está sendo um choque, porque quem o conhecia não acredita que essa brutalidade aconteceu com ele. Ele não merecia isso”, afirmou Rebeca Keroane, sobrinha de Josué.
O mais impactante para a jovem, que viu tanto as imagens da câmera de segurança quanto os registros dos corpos caídos sobre as poças de sangue, foi a modus operandi dos criminosos.
“A tranquilidade e frieza, o jeito que eles chegaram abordando o pessoal sem dó. Foi uma cena horrível. Não estamos conseguindo nem dormir. Fora que recebemos imagens ainda mais pesadas”, afirmou.
Josué era apenas um dos expectadores da partida de sinuca que acontecia no estabelecimento, o Bruno Snooker Bar.
Um dos apostadores não aceitou a sequência de derrotas e, acompanhado de um amigo, assassinou a queima-roupa as vítimas, incluindo uma menina de 12 anos.
“Meu tio era amigo do dono e tinha recém-chegado no bar. Na imagem ele aparece assistindo à partida e quando o rapaz abordou todo mundo ele até levanta com tranquilidade e coloca a mão na cabeça”, disse.
“Acreditamos que ele também não imaginava que isso fosse acontecer”, complementou.
Segundo Rebeca, o tio jogava sinuca de vez em quando, mas nunca apostando, e sempre que podia gostava de assistir às partidas.
Revolta
“Meu tio era muito querido e sempre foi tranquilo, nunca se envolveu em brigas ou desavenças com ninguém. A família era a prioridade dele na vida”.
A personalidade calma de Josué é o que mais deixa a família incrédula diante de uma morte tão brutal.
Meu tio era muito querido e sempre foi tranquilo, nunca se envolveu em brigas ou desavenças com ninguém. A família era a prioridade dele na vida
“É muita revolta, a gente não consegue acreditar, justamente por ele ser uma pessoa do bem. Que a justiça seja feita não só por ele, mas pelas outras pessoas também”.
Estava de passagem
Natural de Mato Grosso do Sul, Josué morava em Rondonópolis há pelo menos 12 anos. Ele e a esposa comercializavam frutas e a vítima era responsável pela visita dos pontos de vendas em outras cidades do Estado.
Josué deixa esposa e quatro filhos, sendo dois deles adotivos, e um neto de cerca de dois anos.
Ao longo dos anos de trabalho, o comerciante construiu uma vida confortável e estável ao lado da esposa, e pôde ver a filha mais velha formada no Curso de Direito.
“Ele já tinha conquistado muita coisa, a casa própria, o carro próprio. Já tinha uma vida mais tranquila. A filha dele, a mais velha, já se formou como advogada e estava estudando para a OAB”, contou.
O corpo de Josué foi transferido para Rondonópolis e está sendo velado.
Um dos atiradores morreu em confronto com o Bope na tarde de quarta-feira (22), Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, o outro se entregou na manhã desta quinta-feira (23), Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos.
O inquérito segue em andamento e Edgar deve ser indiciado pelos sete homicídios qualificados.
FONTE: Midia News