Passados 5 meses da execução do único filho Gabriel Cardoso Voltz, por policiais militares do Bope, em Cuiabá, a mãe Mara Silvana Cardoso, 64, se frustrou mais uma vez. Agora com a não realização da primeira audiência na Justiça, prevista para terça-feira (28) e que não ocorreu porque testemunhas e a vítima sobrevivente não foram intimadas. Mara reside em São Leopoldo (RS) e atuará na assistência de acusação contra os policiais militares Adelson José Marques Filho, 34, e Antônio José Ventura de Almeida, 47.
Gabriel, que tinha 30 anos, foi executado a tiros dentro da quitinete em que residia com o amigo M.R.A., 26, no bairro Canjica. O amigo foi alvejado no rosto e, segundo equipe médica, sobreviveu por milagre pois teve o palato destruído pelo tiro desferido entre o nariz e lábios.
O sobrevivente está entre as testemunhas não arroladas o que impossibilitou a primeira audiência depois que os policiais militares se tornaram réus na ação. A denúncia foi recebida pelo Juízo da 12ª Vara Criminal em novembro. Apesar de reiterado o pedido de prisão dos dois denunciados pelo Ministério Público, ambos continuam livres e atuando.
Mara afirma que a dor é insuportável ao ver que os assassinos do único filho estão soltos enquanto a família dela foi destruída. Os pais dela, com 86 e 84 anos, também sofrem com a morte violenta e precoce de Gabriel. Meu filho não era bandido. Trabalhava e estudava e tinha toda vida pela frente. Nunca foi um CPF cancelado, desabafa Mara que enfrenta grave depressão.
A motivação do crime, conforme apurado em investigação da Polícia Civil, foi o fato de cerca de 10 dias antes o amigo de Gabriel ter furtado o veículo Voyage de Adelson. Embriagado, saiu conduzindo o veículo quando perdeu o controle da direção e tombou o carro, que teve o pára-brisas quebrado e foi abandonado.
Os policiais não registraram o fato oficialmente e depois de descobrirem a identidade do autor do furto, invadiram a residência alegando que os jovens eram ladrões e reagiram à prisão. Após matarem Gabriel, colocaram M. na viatura, que conseguiu escapar e pedir ajuda para outros policiais pois sabia que seria morto. Hoje mora fora de Cuiabá, pois ainda teme ser executado.
FONTE: Folha Max