Iniciativa surgiu em Itamaracá, onde um exemplar foi capturado no fim de fevereiro deste ano, no primeiro registro do animal na costa de Pernambuco. Peixe-leão encontrado em Itamaracá, no Grande Recife
Reprodução/WhatsApp
A captura de um peixe-leão deixou em alerta os pescadores de Itamaracá, no Grande Recife. Foi perto da ilha que um exemplar foi encontrado, pela primeira vez, na costa de Pernambuco. A espécie invasora é considerada perigosa para as pessoas e inimiga da biodiversidade. Diante dos riscos, 2.500 profissionais da pesca da área serão capacitados para aprender a monitorar esse tipo de animal.
A captura em Itamaracá aconteceu em 26 de fevereiro e chamou a tenção de especialistas. O nome científico do peixe-leão é Pterois volitans.
Essa espécie tem espinhos venenosos que contêm uma toxina que pode causar febre, vermelhidão e até convulsões em humanos.
Listrado, colorido e exuberante, o peixe-leão é natural dos Oceanos Pacífico e Índico. Ele se adapta com extrema facilidade e se reproduz intensamente, o ano todo.
Devora outros peixes maiores e pode até eliminar populações de espécies marinhas da região, já que não encontra nenhum predador capaz de detê-lo.
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Em 2021, amostras da espécie também foram achadas por pesquisadores no Ceará. Um pescador piscou num desses animais na Praia de Bitupitá e precisou ser internado em hospital, com dores, convulsões e paradas cardíacas.
Foi pensando nos riscos para a saúde e meio ambiente que a prefeitura de Itamaracá e a Organização Não-Governamental (ONG) Projeto Conservação Recifal elaboraram o projeto para capacitar os profissionais que trabalham na ilha e têm ligação com a colônia de pecadores.
Secretário de Meio Ambiente, Pesca e Aquicultura de Itamaracá, Eduardo Galvão afirma que a ideia é que as pessoas ajudem a evitar a proliferação do peixe-leão.
“O trabalho será nosso, em contato com os pescadores e as ONGs, pessoas que são especializadas no combate ao peixe-leão”, afirmou.
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A coordenadora da ONG Projeto Conservação Recifal, Gislaine Lima ressaltou que o combate ao peixe-leão “é uma causa discutida em todo o mundo”. Segundo ela, a espécie provoca impactos na economia e no ecossistema.
“Ele consome espécies que são alvos da pesca e desequilibra o ecossistema, porque toma conta da região se reproduzindo e consumindo”, explicou.
O presidente da Colônia de Pescadores de Itamaracá, Jarbas Magno, disse que os trabalhadores da região têm como principal fonte de renda a captura do saramonete, um pequeno peixe.
Magno diz que é preciso junta seis ou sete saramonetes para conseguir um quilo de pescado. “É o nosso carro-chefe. É um peixe pequeno, que se torna uma presa muito fácil”, comentou.
Para o presidente da colônia, o surgimento do peixe-leão provoca preocupação. “Se esse peixe for realmente do jeito que tão informando, para nós pescadores, é uma grande ameaça”, acrescentou.
Primeiro peixe
Antônio Carlos pegou peixe-leão em Itamaracá
Reprodução/TV Globo
A captura do primeiro peixe-leão na costa pernambucana aconteceu no domingo (26). Ele foi achado dentro de um a armadilha a uma profundidade de 40 metros, distante 36 quilômetros da ilha de Itamaracá.
O pecador Antônio Carlos Rodrigues registrou um momento em vídeo. Gravou tudo para depois não dizerem por aí que era “conversa de pescador”.
Ele afirmou que resolveu levar par a a praia para mostrar que a espécie invasora já estava no mar, bem perto da costa do Grande Recife. “Já sabia da fama desse peixe. Eu estava ligado nele, só observando”, disse. .
No dia seguinte, segundo os pescadores, outros exemplares da espécie foram localizados. Antônio Carlos garante que não foi o pioneiro na captura do peixe-leão.
“Não foi só eu que peguei. Só eu que registrei. Já pegaram em locais diferentes já aqui no litoral”, declarou.
Diante da descoberta, o Instituto BiomaBrasil fez uma publicação, em suas redes sociais, alertando para que as pessoas não interajam ou tentem pegar o peixe-leão. O animal também não deve ser colocado na água de novo, em caso de captura.
“Nunca manuseie o animal com as mãos livres e desprotegidas”, alerta a postagem. A entidade chama atenção para que, em caso de acidente, a pessoa procure imediatamente o socorro médico mais próximo.
O Instituto afirmou também que, ao pescar ou visualizar algum desses animais, a pessoa deve comunicar às autoridades locais ou procurar alguma instituição que conheça bem a espécie.
Em Noronha
Peixe-leão
Arte/G1
Os registros de peixes-leão começaram em Fernando de Noronha. O primeiro animal foi capturado em dezembro de 2020. Até fevereiro de 2023, tinham sido encontrados mais de 100 exemplares da espécie.
Até o alerta feito a partir do registro em vídeo em Itamaracá, não se sabia de ocorrências na parte continental do estado.
Em fevereiro deste ano, o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) apresentou o resultado do monitoramento do setor pesqueiro sobre a ocorrência do peixe-leão em Noronha.
O ICMBio fez treinamento com os mergulhadores da ilha, que estão autorizados a recolher os peixes quando os avistarem.
Já os pescadores não são autorizados a fazer a captura dos animais, mas receberão orientações para identificar o peixe invasor.
O vídeo abaixo, de agosto de 2021, explica os riscos que a espécie apresenta
Por que um peixe invasor ameaça o ecossistema em Fernando de Noronha
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FONTE: Lapada Lapada
Peixe-leão: pescadores são capacitados para monitorar espécie invasora e venenosa no Grande Recife
