sexta-feira, setembro 26, 2025

TJ mantm priso de ‘personal laranja’ que movimentou R$ 6,6 milhes em MT

 

A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT) manteve a prisão do professor David dos Santos Nascimento. Ele é suspeito de ser um dos “laranjas” de um esquema de receptação de agrotóxicos e soja revelado na operação “Xeque Mate”, da Polícia Judiciária Civil (PJC).

Os magistrados seguiram por unanimidade o voto do desembargador Luiz Ferreira da Silva, relator de um habeas corpus ingressado pelo suspeito, preso desde novembro de 2022 no município de Sorriso (420 KM de Cuiabá). A sessão de julgamento ocorreu no dia 1º de março de 2023.

Nos autos, David alegou que não haviam indícios ou provas que justificassem sua prisão, além de argumentar que possui diploma de nível superior, tendo o direito de ser mantido numa “cela especial”. Em seu voto, o desembargador Luiz Ferreira transcreveu trechos da decisão da primeira instância, que já havia negado o pedido do professor anteriormente no processo.

Os autos revelam que o suspeito possui contato direto com o empresário João Nassif Massufero Izar, apontado como líder da organização criminosa. “O suspeito realizava movimentações financeiras em suas contas bancárias de valores oriundos das atividades criminosas, realizava financiamentos de veículos em seu nome, transferia veículos para seu nome, tudo sob as ordens do colíder João Nassif Massufero Izar, sempre de forma a ocultar ou dissimular a origem ou propriedade dos valores ou bens provenientes das práticas criminosas”, analisou o desembargador.

As investigações apontaram que em pouco mais de três anos David movimentou mais de R$ 6,6 milhões em sua conta bancária – mesmo sendo apenas um professor que também prestava serviços de personal trainer. Os autos revelam que ele chegou a ser questionado por um funcionário de seu banco sobre as movimentações financeiras e que ele justificou respondendo que “trabalhava com compra e venda de produtos agrícolas e veículos”.

David também foi apontado nos autos como um “laranja” que “emprestava” sua conta bancária para movimentação financeiras da V Motors Comércio de Veículos – concessionária de carros de luxo, localizada em Sorriso, que era utilizada para a lavagem de dinheiro. O estabelecimento é de propriedade do casal Valdelírio Krug e Viviane Menegazzi, que também foram presos na operação “Xeque Mate”.

Neste sentido, no entendimento do desembargador, há indícios suficientes para a manutenção da prisão do professor. Em relação ao pedido para ser preso em “cela especial”, o magistrado explicou que a legislação já prevê a detenção em cela distinta para presos que possuem nível superior.

“Apesar de não existir cela especial na Cadeia Pública de Sorriso, na qual o paciente se encontra preso, verifica-se que o magistrado determinou ao diretor do estabelecimento prisional que o favorecido fosse recolhido em cela distinta das destinadas aos presos comuns”, esclareceu o desembargador.

OPERAÇÃO XEQUE-MATE

Segundo informações da PJC, os alvos da operação “Xeque Mate” são suspeitos de crimes de associação criminosa, receptação qualificada e lavagem de capitais, que movimentou quantias equivalentes a R$ 70 milhões. A atuação do grupo criminoso era, inicialmente, na diluição dos produtos de roubo e furto de defensivos agrícolas. Foram presos à época na operação João Nassif Massufero Izar, David dos Santos Nascimento, Danilo Pereira Lima, Vadelírio Krug, Viviane Menegazzi, Cassiane Reis Mercadante e Rodrigo Calca. Estão foragidos Sandoval de Almeida Júnior, Ângelo Marcosi da Cunha e Mauri Moreira Silva.

A apuração realizada pela Delegacia de Sorriso identificou que a associação criminosa armada possuía um líder que agia em diversas frentes, especialmente na receptação qualificada de defensivos agrícolas e de cargas de grãos roubados. Além disso, o bando atuava na lavagem de capitais oriundos de crimes de diversas naturezas. A investigação apurou ainda que os defensivos agrícolas eram comprados de diversas associações criminosas especializadas neste tipo de atividade criminosa que, depois, eram revendidos a outros receptadores, que figuravam como “consumidores finais”.

Outra atividade utilizada pelo grupo criminoso para diluir o dinheiro angariado com as atividades ilícitas era a compra e venda de joias. O pequeno volume e alto valor de joias, relógios e diamantes tornaram atrativa a atividade para esquentar seus ativos. Um dos integrantes da quadrilha fazia, periodicamente, a oferta de joias para venda, especificamente para traficantes.

FONTE: Folha Max

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