Conselho repudia interveno e alerta que populao de MT ‘pagar o pato’

 

Nesta sexta-feira (31), último dia da 14ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá, foi aprovada pela esmagadora maioria dos delegados uma Moção de Repúdio contra a intervenção estadual na Secretaria Municipal de Saúde. A propositura foi feita em conjunto entre a Federação Mato-grossense das Associações de Moradores de Bairros – FEMAB, a União Coxipoense das Associações de Moradores de Bairros – UCAM e União de Negros e Negras pela Igualdade – Unegro Pantanal.

Para que a propositura esteja apta a ir para à votação na Plenária Final durante a Conferência, é preciso que os propositores consigam no mínimo 30 assinaturas dos delegados inscritos, que são representantes dos usuários do SUS, servidores, representantes de governo e prestadores de serviços. Dos 304 delegados inscritos, 210 assinaram a propositura a favor da Moção de Repúdio.

A votação na Plenária é realizada por meio de placas que os delegados levantam quando estão de acordo com o que foi proposto. O presidente da Femab, Walter Arruda disse que apresentou a proposta de Moção de Repúdio pois é parte de um movimento social que é contrário a qualquer tipo de intervenção.

“A sociedade não quer saber se quem está administrando é o governo estadual, o poder federativo, ela quer é a saúde funcionando. Intervir só por intervir, sem trazer recursos para que sejam aplicados de forma inteligente para resolver o problema da saúde não é uma forma salutar de resolver as questões. Seria louvável se aqui em Cuiabá a saúde de fato funcionasse de maneira tripartite: o governo Federal, Estadual e Municipal agindo com olhos voltados para o segmento social, para as pessoas, para a população. O que a intervenção resolveu? Tem médico? Resolveram a questão dos remédios? Tem que fazer investimentos, não apenas intervir”, comentou Arruda. 

Bárbara Dutra, presidente do bairro Jardim Paulicéia e representante da UCAM, compartilha do mesmo pensamento de Walter Arruda. “Cuiabá é a cidade que acolhe todos os municípios na questão da saúde e como todos sabem nosso Pronto Socorro é um dos melhores do Centro-Oeste. É uma estrutura válida para todos os atendimentos, mas não suporta, pois muita gente de outras cidades vêm a Cuiabá e utilizam nossos leitos enfermarias, UTIs, remédios, enfim, toda nossa estrutura, o que realmente acarreta um déficit. O governo do Estado e a intervenção, que nós somos totalmente contrários, não dão a solução. A solução é investir recursos, é transferir valores do Estado para que a nossa saúde realmente possa dar respaldo não só à capital, mas a todos os municípios que a ela recorre. Nosso governo do Estado tem por obrigação investir. Hoje, nós não temos bairros pavimentados porque o governo do Estado não repassa recursos e a Prefeitura tem que trabalhar com emendas parlamentares e muitas vezes buscar recursos federais. Sabemos que isso é difícil, então não adianta cobrar da capital. O Estado tem por obrigação devolver os nossos impostos, nossos investimentos com obras onde todo mundo e todos os municípios vêm buscar socorro, que é em Cuiabá”, afirmou.

O presidente da Unegro Pantanal, José Pereira Filho, também foi incisivo ao falar sobre a intervenção estadual na saúde do Município. “A intervenção é um processo antidemocrático, porque o problema da saúde não é só em Cuiabá. Nós temos visto na imprensa o tempo todo que o problema está em todos os grandes municípios do Estado e até mesmo de outras cidades do país, ou seja, o problema da saúde está norteado em todo o Brasil. Se não houver uma sintonia dos poderes do Município, Estado e Governo Federal nós não vamos conseguir sair dessa crise. Não é com intervenção que vamos resolver o problema. No meu ponto de vista esta intervenção vai causar mais problemas e quem vai ‘pagar o pato’ somos nós da comunidade, da periferia, que são os que mais precisam dos serviços em toda a sua amplitude”, declarou.

A Moção de Repúdio contra a intervenção estadual na Secretaria Municipal de Saúde aprovada na 14ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá será encaminhada para todos os órgãos de controle, bem como para a Câmara Municipal e Assembleia Legislativa.

FONTE: Folha Max

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