quarta-feira, março 12, 2025

‘Arrancaram meu coração’, diz mãe no velório da filha

 

Após o enterro de Ester de Assis Oliveira, de 9 anos, na manhã desta sexta-feira, a mãe da menina, Thamires Assis contou que a filha foi baleada no caminho de casa há dois dias. Ela voltava da escola com uma prima quando parou para comer um bolo que havia ganhado numa comemoração de Páscoa. Depois do doloroso adeus à filha, Thamires desabafou: “Arrancaram o meu coração”. Ester foi uma das vítimas de uma guerra entre traficantes na região de Madureira, Zona Norte do Rio. Na última quarta-feira, cinco pessoas foram baleadas no que seria uma tentativa de invasão do Morro do Cajueiro. Outra vítima do tiroteio, João Vitor Pereira Brander, de 19 anos, que era entregador de gás, também foi enterrado no Cemitério de Irajá no começo da tarde.

— Tiraram um pedaço de mim. Ela só tinha nove aninhos, tinha tudo para viver ainda. Arrancaram a vida da minha filha injustamente. Ela estava vindo da escola. Só quero justiça pelo que fizeram com a minha filha, para nenhuma mãe sentir a dor que estou sentindo hoje. Arrancaram o meu coração — lamentava a mãe de Ester, que não soltava o ursinho de pelúcia que pertencia à filha.

Ester foi baleada por volta das 17h30, quando passava pela Rua Piraquê, a cerca de 450 metros da escola onde estudava. A menina havia acabado de sair da aula, onde teve um lanche coletivo e um encontro com o coelho da Páscoa. Segundo a mãe da criança, ela estava no caminho de casa e parou para comer um pedaço de bolo que ganhou na comemoração.

— Ela estava vindo da escola, no caminho certo de casa, só sentou para comer um pedacinho de bolo que ganhou na festa de Páscoa — conta Thamires.

Menina doce e alegre

Ester é lembrada por seu jeito doce e alegre, seja por amigos, familiares e até mesmo professores. Numa carta divulgada nas redes sociais após a morte da menina, uma professora já havia falado sobre jeito carinhoso de Ester. Nesta manhã, a mãe da menina reforçou as características da filha:

— A Teté é uma pessoa doce, alegre, brincava com todo mundo, não respondia ninguém. Para você ver, todo mundo aqui conhecia a minha princesinha. Ela era muito boa — lembra Thamires, que lamenta:

— Tive que dar para ele (pai) a notícia que ela nasceu e falar para ele que ela morreu. Isso dói para uma mãe. Eu só quero a minha princesa de volta.

Dilson Moura, pai da menina, contou que Ester era uma criança forte como “um leão”. Ele lamentou a morte da filha:

— Me mataram, não tem como viver sem a minha filha. Vocês não têm noção da dor. Tiraram a minha vida. Essa menina era um leão, era muito forte.

Segundo a mãe de Ester, o sonho da filha era lutar judô, mas “não deu tempo” de ser realizado:

— Ela estava louca para fazer aula de judô. A gente ia colocar ela, mas não deu tempo. Ela tinha muitas coisas para viver e cortaram isso dela.

‘Volta minha filha’

Em meio à comoção de parentes e amigos, que choravam desesperadamente na despedida, a pequena Ester foi enterrada no fim da manhã desta sexta-feira. Durante todo o cortejo, a mãe da menina se manteve debruçada sobre o caixão e implorava para a filha voltar para ela.

— Ela era só meu bebezinho. Por que você? Por que não foi comigo? — indagava a mãe de Ester — Volta minha filha. Volta pra mamãe.

Ester foi sepultada em meio a aplausos. Mais de cem pessoas estiveram presentes para se despedir da menina, que foi vítima de uma bala perdida.

Uma tia da menina esteve abraçada com um urso de pelúcia de Ester, o mesmo levado pela mãe ao Instituto Médico Legal (IML) para o reconhecimento do corpo da filha.

Após o sepultamento, uma prima da criança que presenciou o momento em que ela foi atingida pela bala precisou ser amparada por familiares.

FONTE: Folha Max

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