Um diálogo revelado nas investigações da Polícia Federal, no âmbito da Operação Curare, aponta que o ex-secretário de saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, teria “escolhido” a Hipermed e a VIP Prestadora de Serviços Médicos em contratos na área da saúde da capital. As organizações são alvos da PF, e estariam envolvidas em esquemas de desvios de R$ 3 milhões.
O ex-secretário teria sido indagado no ano de 2021 sobre quem seria a organização que prestaria os serviços de enfermaria adulta à Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP). O questionamento foi realizado pela então membro da comissão permanente de licitação da ECSP, Mhayane Escobar Bueno. Conforme as investigações, Mhayane teria perguntado a Célio Rodrigues se seria a “Hipermed ou Douglas” que prestaria o serviço, em referência a Douglas Castro, administrador da VIP Prestadora de Serviços Médicos.
Célio Rodrigues, então, teria respondido “Hipermed”. Na avaliação da Polícia Federal, este é um indício que aponta a falta de critérios técnicos ou formais para a escolha de empresas, que teriam favorecido os desvios de R$ 3 milhões. A PF aponta que a organização teria “ficado” com o serviço da “UTI Coronariana”.
“Constam as mensagens enviadas por Mhayane para o investigado Maicon dos Santos, funcionário do grupo Hipermed. No dia 24/06/2021 Maicon pergunta se o contrato da enfermaria adulta já foi expedido. Mhayane responde que ainda não, que precisa resolver um assunto com Célio Rodrigues e que a empresa do interlocutor teria ficado com a UTI Coronariana”, diz trecho da decisão que autorizou a deflagração da 4ª fase da Operação Curare, determinada pelo juiz federal Jefferson Schneider.
Os diálogos revelados pela PF ainda indicam que a VIP Prestadora de Serviços Médicos também foi escolhida para prestação de serviços de enfermaria nas unidades de saúde da capital. Registrada em nome de Douglas Castro, a organização pertenceria, na verdade, ao ex-secretário-adjunto de planejamento e operações da secretaria de saúde da capital, Milton Corrêa da Costa Neto.
Segundo a PF, tanto as organizações quanto os envolvidos, nas esferas pública e privada, “criavam” situações emergenciais na saúde pública da capital para justificar contratações de empresas por dispensa de licitação durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
OPERAÇÃO CURARE
A Polícia Federal deflagrou na manhã da última quinta-feira (20) a 4ª fase da Operação Curare, em decorrência de atos de corrupção e lavagem de capitais, envolvendo o desvio de recursos públicos destinados à saúde de Cuiabá.
Segundo as investigações, os danos aos cofres públicos da área da saúde na capital seriam da ordem de R$ 3 milhões. Conforme revelaram as fases anteriores da operação, um grupo empresarial, que fornece serviços à Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas.
Com o aprofundamento das investigações, apurou-se que uma das empresas era controlada, através de interposta pessoa, além de um ex-servidor do alto escalão da gestão da saúde da capital. As diligências demonstraram ainda que recursos do grupo empresarial, oriundos dos cofres municipais, foram empregados na aquisição de uma aeronave que sofreu um acidente no Pantanal quando supostamente estava em uso por pessoas ligadas ao ex-servidor.
FONTE: Folha Max