Preso durante a deflagração da quarta fase da “Operação Curare”, o empresário e proprietário da Vip Serviços Médicos, Douglas Castro, revelou que quebrou seu aparelho de telefone celular por medo de que sua esposa pudesse encontrar conversas com outras mulheres. Um dos alvos de mandado de busca e apreensão, ele acabou sendo preso por conta de uma suposta obstrução de Justiça, por conta da destruição do objeto.
Douglas Castro é proprietário da Vip Serviços Médicos, empresa que foi alvo das Operações Curare e Cupincha. Ela já teve contratos com a Prefeitura de Cuiabá, feito de forma emergencial, para fornecimento de profissionais para atender a especialidade de clínica médica e da enfermaria pediátrica no HMC, sendo oito deles em regime de plantão, recebendo pouto mais de R$ 13 milhões. O empresário foi preso em sua casa, em Chapada dos Guimarães após os agentes terem identificado pelo circuito interno de segurança que o alvo da operação quebrou o aparelho de telefone celular durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão.
Em depoimento à Polícia Federal, ele explicou que a destruição se deu em um ‘momento de burrice’. “No momento que ouviu os policiais federais anunciando a presença se assustou, razão pela qual resolveu quebrar o aparelho de telefone celular; que o casamento do conduzido já não anda bem e o motivo para isso é o aparelho celular. Que se desesperou com medo de vazar para sua esposa alguma conversa com outras mulheres e realizou a quebra do aparelho celular; que está em tentativa de reconciliação; que não se recorda a duração do tempo entre o anúncio da Policia Federal e a quebra do aparelho celular”, diz trecho do depoimento.
Segundo a Polícia Federal, o aparelho foi jogado dentro do vaso sanitário do banheiro da residência. Inicialmente, o suspeito afirmou que não possuía telefone celular, mas os agentes encontraram uma capinha danificada.
Com as imagens da câmera de segurança da casa, foi possível observar que Douglas quebrou o dispositivo na parede e sumido com o mesmo na sequência. “Que dispensou o aparelho celular no vaso sanitário; Que quebra do aparelho celular não se deu em conta de outra investigação; Que foi um momento de burrice; Que não passou o aparelho celular para nenhum de seus filhos”, aponta o interrogatório.
Para tentar recuperar o telefone, os agentes chegaram a retirar o vaso sanitário do local, mas não o encontraram. Além de Douglas Castro, o empresário e ex-secretário-adjunto de Saúde de Cuiabá, Milton Corrêa da Costa Neto, foi um dos alvos da quarta fase da Operação Curare, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 20 de abril.
O grupo é investigado por supostamente ter cometido atos de corrupção e lavagem de dinheiro. Milton Correa é proprietário da Family Medicina, que mantinha um contrato com a Prefeitura de Cuiabá para a contratação de médicos plantonistas para as unidades UPA Norte; UPA Sul; UPA Verdão; Policlínica Coxipó; Policlínica Pedra 90 e Policlínica do Planalto.
As investigações apontam que Douglas Castro seria, na verdade, um ‘testa de ferro’ do ex-secretário. A PF apura desvio de recursos públicos destinados à saúde do Município de Cuiabá, na ordem aproximadamente de R$ 3 milhões.
Os agentes identificaram que, com o dinheiro dos desvios, o grupo empresarial teria adquirido uma aeronave, que veio a se acidentar no Pantanal, quando supostamente estava em uso por pessoas ligadas ao ex-servidor investigado. O MPF é contra o argumento de Douglas, que foi solto após decisão do Tribunal Regional Federal.
“Sua justificativa não convence, pois não é comum que mensagens de cunho pessoal armazenadas em celulares apreendidos pela Polícia Federal sejam divulgadas a terceiros. Ao contrário, a Polícia Federal, após a extração forense dos dados do aparelho, destaca apenas as mensagens e demais conteúdos que sejam relacionados à investigação. Portanto, há indícios suficientes de que a conduta do conduzido foi motivada pela intenção de destruir provas relevantes para investigação criminal que envolvia organização criminosa”.
FONTE: Folha Max