Tragédia causada pelos temporais em Pernambuco completa um ano
Um ano após ver o filho ser soterrado em meio às fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife, a empregada doméstica Corina Maria Silva de Lima ainda cobra uma solução definitiva para as áreas de risco em Pernambuco (veja vídeo acima).
“Perdi meu filho Jefferson com 38 anos. Nós estamos aí há um ano e nada foi feito para Jardim Monte Verde”, Corina afirma.
Segundo ela, a perda é relembrada diariamente.
“Todos os dias ainda passo por onde ele morava, e a lágrima sempre vem. Mas é a vida, Deus quis assim. E a incompetência e irresponsabilidade dos governantes que não fazem nada para melhorar a situação de quem mora em área de risco”, diz a empregada doméstica.
A empregada doméstica Corina Maria Silva de Lima, que perdeu um filho soterrado nas chuvas em 2022
Reprodução/TV Globo
Cento e trinta e duas pessoas morreram em Pernambuco em decorrência dos temporais de maio e junho do ano passado; principalmente nos municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes.
Moradores de Jardim Monte Verde fizeram uma caminhada para lembrar as quarenta e sete vítimas da comunidade e pedir ações do governo municipal.
A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes informou que iniciou os trabalhos nas áreas de risco, mas que ainda faltam recursos para obras maiores.
“Essas obras estão orçadas em R$ 80 milhões. Nós terminamos os projetos. Mas esses R$ 80 milhões, o município não tem”, afirmou Catarina Maranhão, coordenadora do grupo de trabalho das chuvas no município.
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O tenente Milson José Gomes Júnior, que atuou no socorro às pessoas soterradas na Vila dos Milagres, no Recife, lembra que a tragédia teria sido maior se não fossem os próprios moradores.
“Mesmo olhando as adversidades, o pessoal em nenhum momento recuou”, afirmou o socorrista.
Na Capital, a prefeitura diz ter iniciado obras de contenção nas áreas de risco. Mas moradores afirmaram que as intervenções só começaram nos últimos três meses.
Na Vila dos Milagres, onde 14 pessoas morreram nas chuvas do ano passado, a TV Globo encontrou máquinas paradas. Com o início do período de chuvas, o solo ficou dias encharcado e a água não tinha por onde escoar.
TV Globo encontrou máquinas paradas em obra para proteção de áreas de risco pelas chuvas no Recife
Reprodução/TV Globo
O ajudante de pedreiro Ednaldo José da Silva afirma que um canal de um metro e meio, por onde a água deveria circular, está coberto. “Ele batia no meu peito, assim quase no pescoço. Se brincar, agora tem 5 centímetros”, diz.
No prédio da Prefeitura do Recife, um centro de operações foi montado para fazer o monitoramento e a prevenção de problemas como os do ano passado.
“A gente consegue dar essa pronta resposta, que pode salvar vidas, reduzir o trânsito, reduzir o impacto geral na vida da cidade”, explica o secretário de Planejamento do Recife, Felipe Matos.
Obras de contenção de encostas no Recife não foram concluídas no prazo
Reprodução/TV Globo
Mas nas áreas de risco, ainda é possível ver placas de obras com prazo de conclusão vencido, sem a melhoria pronta. Enquanto isso, famílias seguem vivendo com medo de novos deslizamentos de terra na porta de casa.
“Quando chove, o coração fica assim… Vai fazer um ano que aconteceu isso e nada de solução”, conta a dona de casa Cícera Lima da Silva Cunha.
O que diz a prefeitura do Recife
A Prefeitura do Recife disse que 29 obras de contenção de encostas já ficaram prontas. E que o atraso em algumas obras foi provocado por problemas na desapropriação de imóveis.
O que diz o governo do estado
O Governo de Pernambuco informou que tem um protocolo de ações integradas que envolvem desde o treinamento da Defesa Civil para atuar em situações de risco até a recuperação de áreas destruídas por causa da chuva.
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FONTE: Lapada Lapada
Moradores esperam solução para áreas de risco um ano após chuvas matarem 132 pessoas no estado
