terça-feira, janeiro 14, 2025

"Era irredutível na defesa dos clientes", lembra neto de Zoroastro

Uma trajetória de sucesso e dedicação marcou a vida do mineiro Zoroastro Constantino Teixeira, ícone da advocacia criminal de Mato Grosso, que decidiu fincar raízes em Cuiabá, onde se formou, casou, criou filhos, netos e morreu aos 84 anos, nessa segunda-feira (11).

 

Ele foi um tribuno, ele foi um homem de uma verve, de uma combatividade bastante própria

Zoroastro, que é de São Vicente, Município no interior de Minas Gerais, foi um dos primeiros mil advogados de Mato Grosso. Ele se formou na Faculdade de Direito de Cuiabá, que anos depois se tornaria um dos pilares para a criação da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

 

Ao MidiaNews, o neto de Zoroastro, Victor Teixeira, que também é advogado, falou dos mais de 50 anos de atuação do avô como referência para a advocacia no Estado. Conforme Victor, o avô era um incansável na defesa dos clientes e na busca pelo Direito. 

 

“Ele foi um tribuno, foi um homem de uma verve, de uma combatividade bastante própria, mas sem nunca perder o humor. Ele foi um sujeito icônico. Uma pessoa que foi muito reconhecida pelo trabalho, foi muito reconhecida pelos colegas, pelos servidores dentro do Estado”, disse.

 

Frequentemente nos holofotes da mídia, Zoroastro atuou em diversos casos que ganharam repercussão nacional, como a defesa do delegado aposentado da Polícia Civil Ronaldo Antônio Osmar. 

 

O policial era acusado de ser o mandante do assassinato do missionário espanhol Vicente Cañas Costa, em uma área indígena em Mato Grosso, em abril de 1987. Em 2006, Ronaldo foi absolvido do crime.

 

Em 1999, Teixeira defendeu o empresário Josino Guimarães, que se tornou réu pela acusação de ordenar a morte do juiz Leopoldino Marques do Amaral, ocorrido em setembro do mesmo ano. Após passar por dois júris, Josino foi absolvido em 2022.

 

“Ele tinha muito orgulho da honestidade dele, de ter prestado o serviço e ter combatido o bom combate durante muitos anos. Sempre prezou, especificamente, por atuar da maneira ética. Era um homem muito preocupado com isso”, contou Victor.

 

“Mas além disso, ele se orgulhava de, enfim, não ter inimigos. Ele trabalhava na área penal e grande parte da militância dele foi reconhecida nessa área, que é bastante contenciosa, de contenciosos bastante sanguíneos, no sentido de mexer muito com as emoções”.

 

“Ele se orgulhava muito de fazer isso de uma maneira muito ética e, apesar da conflituosidade, era um sujeito muito bem humorado e muito bem quisto por todo mundo”.

 

A dedicação de Zoroastro também se estendia ao âmbito familiar, onde era tido como uma influência por todos. Ele foi casado por mais de 50 anos com a também advogada Eliete Maria Maia Teixeira.

 

Desse relacionamento nasceram três filhos, entre eles o ex-secretário-geral da OAB-MT (Ordem dos Advogados do Brasil), Daniel Teixeira. Zoroastro também conviveu com sete netos.

 

“Ele viveu uma vida de muito trabalho. Antes do Sol nascer ele ia para o escritório. Mas apesar desse jeito um pouco conservador, era muito brincalhão. Ele era um sujeito muito bem humorado. Era um piadista, e era reconhecido por isso”.

 

“Ele conseguia misturar isso com a fala impostada e irredutível na defesa dos clientes, na busca pelo Direito. Isso, realmente, eu acho que talvez seja a memória e uma das coisas mais interessantes que ele deixa”.

 

“Eu sou a terceira geração de advogados da nossa família e estive à frente do escritório por um bom tempo. Tenho certeza que isso tem tudo a ver com o legado dele. Até hoje o nome dele está na porta, o escritório se chama Zoroastro Teixeira Advogados Associados porque é uma homenagem, uma referência que a gente não pode abrir mão”.

 



FONTE: Midia News

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