O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Golpistas, feito pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu o indiciamento do candidato derrotado ao Senado e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, pelos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de estado. O embasamento se deu por conta de um documento elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que detalhou a atuação do político nos atos antidemocráticos.
A CPI apontou que um relatório de inteligência da Abin apresentou indícios da participação de alguns empresários do agronegócio em um grupo informal, chamado de Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), responsável pelo envio de caminhões para Brasília e pelos bloqueios rodoviários realizados logo após o resultado das eleições de 2022.
A Abin informou que o grupo possui capacidade de mobilização nacional e organizou, desde o ano de 2019, atos em Brasília que contaram com deslocamento de máquinas agrícolas, caminhões e caravanas. Em uma manifestação realizada em Brasília, em 15 de maio de 2021, o MBVA estampou nos caminhões a mensagem “Faça o que for preciso! Eu autorizo, Presidente!”.
Segundo a CPI, os integrantes do grupo tinham o claro propósito de questionar a lisura do processo eleitoral e apoiar a pauta golpista de intervenção militar pelas forças armadas. Entre eles, estavam Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, Humberto Falcão, produtor rural de Primavera do Leste, além de Lucas Costa Beber, sojicultor em Nova Mutum e vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso.
Antônio Galvan e Jeferson da Rocha, advogado em Florianópolis, eram os principais interlocutores do MBVA. O jurista convocou bloqueios, contestou os resultados eleitorais no “Programa Sucesso no Campo” a partir de 1º de novembro de 2022 e discursou na manifestação em Brasília em 15 de novembro do mesmo ano. De modo semelhante, o presidente da Aprosoja Brasil contestou o resultado eleitoral em entrevista ao programa Sucesso no Campo em 6 de dezembro de 2022.
“Assim, Antônio Galvan, Jeferson da Rocha, Vitor Geraldo Gaiardo, Humberto Falcão, Luciano Jayme Guimarães, José Alípio Fernandes da Silveira, Valdir Edemar Fries, Júlio Augusto Gomes Nunes, Joel Ragagnin, Lucas Costa Beber e Alan Juliani, líderes e principais articuladores do MBVA, devem ser responsabilizados pelas condutas criminosas capituladas nos arts. 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), todos do Código Penal”, aponta trecho do relatório final da CPI.
FONTE: Folha Max








