Suspeito de integrar o núcleo operacional da organização criminosa chefiada por Arnoldo Veggi, o enfermeiro Rodrigo Castrillon Lara Veiga é apontado como vendedor e intermediário entre alguns compradores do mercúrio ilegal comercializado pelo esquema, investigado na segunda fase da Operação Hermes, deflagrada na quarta-feira (8), pela Polícia Federal. O suspeito teria revelado um envio irregular do produto pelos Correios, em uma carga de shampoo, relatando ainda que só pararia “quando fosse preso”, pois se recusava a trabalhar em sua profissão e ganhar R$ 5 mil.
A segunda fase da Operação Hermes HG, deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira (8), detalha a atuação de uma organização criminosa que envolvia a comercialização de mercúrio ilegal que teria ocasionado um prejuízo aos cofres públicos do Governo Federal de mais de R$ 5 bilhões. Segundo a decisão da juíza Raquel Coelho Dal Rio Silveira, da Primeira Vara Federal de Campinas, Rodrigo Castrillon Lara Veiga seria um dos principais responsáveis pelo transporte e distribuição do produto.
As investigações apontaram que Rodrigo atuaria como vendedor e intermediário entre alguns compradores e há imagens de como o mercúrio estaria sendo separado e pesado, de forma rudimentar e sem qualquer proteção contra vazamentos ou contaminação de quem o manuseava e do espaço utilizado. Segundo a Polícia Federal, Castrillon e Arnoldo Veggi, o líder do esquema, conversavam sobre a possibilidade de transportar o produto para clientes no Pará.
Também é citado o diálogo em os dois conversam sobre a modificação em uma Van para que pudesse ser colocada uma quantidade maior, de forma oculta, revelando que o enfermeiro disse em uma das conversas que só pararia quando fosse preso. “Afirma a autoridade policial que foi possível identificar que Castrillon e Arnoldo debatiam diferentes formas de obter lucros com outras atividades ilícitas, a exemplo de gerar créditos fictícios de ICMS na Quimar; que Castrillon chegou a dizer que só pararia o dia em que fosse preso, pois se recusava a trabalhar como enfermeiro e ganhar R$ 5.000,00, ao que Arnoldo teria dito que eles precisavam focar no comércio de mercúrio; que há diálogo que comprova que Castrillon teria ido a San Mathias, na Bolívia, buscar mercúrio”, diz trecho da decisão.
GOLPES EM BANCOS
A Polícia Federal também apontou que Castrillon teria dialogado com Arnoldo sobre a possibilidade de aplicar golpes em instituições financeiras, dizendo conhecer pessoas interessadas em “sujar” seus respectivos CPFs, contraindo empréstimos. Foi revelado ainda o transporte de mercúrio irregular para José Ribamar Silva Oliveira, efetuado por Rodrigo em três ocasiões, o que resultou em transações de R$ 379.700,00.
Um dos diálogos apontou que a organização chegou a enviar o produto camuflado como ‘shampoo’. “Afirma a autoridade policial que, no dia 28 de abril de 2022, Arnoldo conversa com Castrillon sobre a possibilidade de enviar mercúrio do México para a Bolívia e, no decorrer da conversa, Arnoldo teria confessado que já enviou 30Kg de mercúrio pelos Correios para São Paulo, em três postagens de 10Kg cada, dizendo ser shampoo. Castrillon, inclusive, teria debochado de Arnoldo, questionando-o da seguinte forma: ‘Quem envia shampoo de 10Kg?’”, aponta a decisão.
FONTE: Folha Max