quinta-feira, novembro 6, 2025

Porta-bandeira fala sobre ter que abrir a bolsa em aeroporto

Porta-bandeira fala sobre ter que abrir a bolsa em aeroporto

 

A loja onde a histórica porta-bandeira da Portela Vilma Nascimento teve que tirar os pertences da bolsa para provar não ter furtado afastou a fiscal de segurança que realizou a abordagem. O caso foi na terça-feira (21), na loja Dufry do Aeroporto de Brasília, e foi revelado nesta quinta após postagens da família.

“Eu não roubei nada. Só pode ser porque sou negra. Eu acho isso um absurdo”, disse Vilma à TV Globo.

Conhecida como Cisne da Passarela – por seu bailado suave e elegante –, Vilma foi a maior porta-bandeira da história da Portela, tendo estreado com apenas 13 anos.

Aos 85 anos, havia ido a Brasília para ser homenageada na Câmara dos Deputados e inaugurar uma exposição dedicada a ela, no Dia da Consciência Negra, na segunda (20).

“Eu, negra, estar la no Congresso, os deputados todos lá me aplaudindo, vindo falar comigo, me beijando, me agradecendo por eu estar lá. Foi lindo mesmo. E depois eu passar por essa vergonha no aeroporto.”

Entenda como foi a abordagem

Segundo parentes, ela estava à espera do voo na companhia da filha Danielle Nascimento quando decidiu comprar um refrigerante na loja Duty Free Shop. Viu perfumes, saiu da loja sem comprar e, momentos depois, retornou para, então, comprar a bebida.

Na volta, foi abordada por uma segurança, que teria dito que precisava ver a bolsa dela em um lugar reservado. A filha já havia comprado chocolates, e conta que também chegou a ser abordada, mas que a fiscal queria que Vilma abrisse a bolsa.

Vilma chegou a dizer que abriria a bolsa na presença da polícia, mas a filha começou a gravar e diz que insistiu que ela abrisse por causa da proximidade com a hora da decolagem.

No vídeo, dá para ouvir o diálogo de Danielle com a mãe.

“Esqueceu de pagar algum produto, mãe?, pergunta a filha.

Vilma: “Eu? Não comprei nada. Como é que vou pagar?”

Danielle: “Mãe, não fala nada. Só faz o que ela está pedindo e depois a gente vê. Tira tudo da bolsa, mãe”.

Um outro vídeo mostra o momento que a idosa cata alguns de seus pertences do chão.

“Minha mãe ficou surpresa, revoltada e envergonhada porque a revista foi no meio da loja na frente de clientes e outras pessoas. Foi muito constrangedor”, conta Danielle.

Nenhuma irregularidade foi encontrada, segundo a família, e nenhum outro passageiro foi revistado. A família afirma que eles não pediram desculpas pelas abordagens, e citam a cor da pele como potencial motivo.

“Estamos tristes e traumatizadas até agora. Foi um absurdo!! Cheguei a perguntar se ela estava fazendo isso conosco por causa da nossa cor”, escreveu a filha nas redes sociais.

O neto conta que o emocional de Vilma está abalado desde então, e que a glicose dela está alta por conta disso.

“Por causa do emocional desregulou. Quando ela fala disso, ela chora, super abalada.”

A família e a dona Vilma vão à polícia na tarde desta quinta (23).

O que dizem loja e aeroporto

A Dufry Brasil, empresa do Grupo Avolta onde Vilma foi abordada, divulgou nota pedindo desculpas publicamente pelo “lamentável incidente”. A empresa diz que a abordagem foi “absolutamente fora do padrão” do grupo e que a fiscal de segurança foi afastada de suas funções,

A Dufry diz ainda que está reforçando todos os procedimentos internos e treinamentos dos funcionários para evitar que esse tipo de situação se repita.

A Inframerica, concessionária que administra o aeroporto de Brasília, diz que repudia qualquer tipo de ação discriminatória.

FONTE: Folha Max

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