Em Córdoba, os protestos resultaram em confrontos entre manifestantes e a polícia, conforme vídeos compartilhados nas redes sociais, mostrando o uso de gás de pimenta e balas de borracha pelas forças de segurança.
Na noite da quinta-feira, 21, manifestantes retornaram às ruas de diversas cidades da Argentina para protestar contra o decreto do presidente Javier Milei, que visa desregulamentar a economia. Este foi o segundo dia consecutivo de manifestações, mesmo após a proibição de bloqueios de ruas e a ameaça do governo de retirar benefícios sociais dos participantes.
Em Córdoba, os protestos resultaram em confrontos entre manifestantes e a polícia, conforme vídeos compartilhados nas redes sociais, mostrando o uso de gás de pimenta e balas de borracha pelas forças de segurança.
A confusão teve início durante um panelaço que reuniu cerca de mil pessoas em Córdoba, resultando na detenção de pelo menos cinco manifestantes e ferimentos em cinco policiais, de acordo com autoridades locais citadas pelo jornal Clarín.
Em Buenos Aires, os manifestantes se reuniram em frente ao Congresso, cercados por um cordão policial, enquanto panelaços foram ouvidos em diferentes bairros da capital. Os protestos se estenderam para La Plata e Rosário, envolvendo grupos diversos contrários ao chamado “megadecreto” de Milei, que revogou mais de 300 leis por meio de um mecanismo semelhante às Medidas Provisórias no Brasil.
O Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) de Milei, apelidado de “megadecreto”, permite a privatização de todas as empresas públicas argentinas, gerando descontentamento entre os servidores públicos. Outro grupo presente nas manifestações é o de inquilinos, preocupados com o fim da Lei do Aluguel, temendo perder garantias nas negociações diretas com proprietários.
Movimentos sociais já convocaram novas manifestações para esta sexta-feira, 22, e antecipam mobilizações para a próxima semana. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) anunciou uma marcha em direção ao Palácio da Justiça em Buenos Aires na próxima quarta-feira, 27, com o objetivo de pressionar pela declaração de inconstitucionalidade do decreto.
Enfrentando pressão, Milei afirmou que “vem mais por aí” em termos de medidas para liberalizar a economia, apostando em um ajuste fiscal rigoroso como solução para a crise na Argentina, onde a inflação anual atinge cerca de 160%.
As manifestações ocorrem em meio a críticas à desregulamentação da economia por decreto, acusada pela oposição e manifestantes de atropelar os Poderes na Argentina. O governo, por sua vez, defende a urgência das medidas, adotando um protocolo de segurança rígido para limitar os protestos enquanto avança com o ajuste fiscal. O bloqueio de ruas foi proibido, e a ministra do Capital Humano, Sandra Pettovello, prometeu retirar benefícios sociais de quem descumprir a ordem da ministra da Segurança, Patricia Bullrich.
Estadão Conteúdo