Nascida Édith Giovanna Gassion (Paris – 19/12/1915), e conhecida como Édith Piaf, ficou consagrada como cantora, compositora e atriz francesa. Sem dúvida, o canto a fez popular mundialmente, principalmente com La vie en rose (1946).
Narra a biografia que o nome Édith lhe foi atribuído em homenagem a uma enfermeira britânica executada por ajudar soldados franceses a escapar de alemães, na Primeira Guerra Mundial.
Acrescentou o termo Piaf ao nome artístico por indicação do amigo Maurice Chevalier, pelas características do pássaro pardal: som melodioso do canto, delicado e inconfundível.
Apesar de a música ser expressão alegre dos seres humanos, a cantora viveu momentos de tragédia familiar, tendo expressado as suas lutas e angustias através da arte. A genitora da artista tentou a carreira artística não alcançando êxito, tendo partido para a prostituição nas ruas, o que a levou a deixar a filha com as avós materna e paterna.
A relação avoenga, tanto materna quanto paterna, não foram favoráveis para a menina. A primeira se utilizava de castigos exacerbados e agressões físicas. E, a segunda, era proprietária de um bordel e não tinha tempo e disposição para cuidar da neta.
No final da primeira infância, dos cinco aos seis anos, Édith ficou parcialmente sem visão, tendo como causa uma queratite. Acreditava que havia conseguido a cura em razão da avó paterna ter a levado para Lisieux, onde oraram no túmulo de Santa Terezinha, o que a fez devota da citada santa para o resto dos seus dias.
Já curada, o pai a levou pra morar consigo e trabalhar no circo. E foi no ambiente circense que aos 10 anos entoou o hino francês, A Marselhesa, sendo bastante aplaudida pelo público presente.
Todavia, mesmo com o talento de Édith demonstrado desde a infância, por conta da época e das discriminações que existiam em torno do referido meio, primordialmente com as mulheres, ela não teve qualquer incentivo paterno para insistir com a vocação. Escrevia composições sem o conhecimento paterno, e fugiu do ambiente familiar para tentar alcançar o sonho.
Foi morar em um pequeno quarto de hotel no subúrbio parisiense, e se apresentava em bares e restaurantes. Aos 16 anos se apaixonou por Louis Dupont, que seria o pai de sua única filha (Marcelle), e apoiador em sua escolha de vida.
Entretanto, com o tempo, o companheiro, ao ouvir a voz discriminatória da sociedade, passou a proferir humilhações e agressões contra a artista, a impedindo de cantar. Quando a filha tinha apenas um ano de idade, Piaf a deixou com o genitor, com a finalidade de a buscar no futuro. Após seis meses, a mãe volta para buscar a filha com o pai, que a proíbe de a ver. A justiça foi acionada à época por ela, mas, certamente, por conta da moral e bons costumes contra artistas, não logrou êxito. Marcelle, então, adoeceu contraindo meningite, e veio a falecer aos dois anos de idade.
A cantora, com tantos episódios doloridos em sua vida pessoal, e que redundaram em depressão e algumas tentativas de suicídio, passa a se dedicar com afinco às artes, e ultrapassa fronteiras e eras. As suas músicas são praticamente obrigatórias em festas no mundo inteiro.
A nossa celebridade viveu pouco, de 1915 a 1963 somente. Vendeu, em vida, aproximadamente 40 milhões de discos pelo mundo. Humanitariamente, ajudou dezenas de franceses e francesas a fugirem dos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, ao se infiltrar na Alemanha com seus shows.
Mesmo envolta a tanto desamor, foi cantando o amor que ela conseguiu transmitir a arte. É dela: “Nada de nada…/Não lamento nada…! /Nem o bem que me fizeram/Nem o mal, isso tudo me é bem igual!”
*Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.
FONTE: Folha Max