Dener Chimeli
Mesmo com um recuo de 3,6% na produção de cana-de-açúcar previsto para a próxima safra 2024/25, e com a seca estendida que vem atingindo as lavouras mato-grossenses, o setor de biocombustíveis prevê um aumento de 15% na produção de etanol, puxada pela produção de milho, cuja safra deve ter o mesmo crescimento. A avaliação é gestora de desenvolvimento regional do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Vanessa Gasch. A análise é baseada também nos relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“A seca afetou a produção de cana no ano passado, tivemos um período de seca muito extremo aqui no estado em setembro, outubro e novembro”
Comenta Vanessa Gasch, gestora do Imea
“Nós tivemos no ano passado um estresse hídrico que prejudicou não só a soja e o milho, mas também a cultura da cana, que devemos ter uma redução nessa safra. Já no milho devemos ter um incremento de quase 15% na safra 24/25, que vai ser sustentado por uma nova planta instalada, que começou a operar no meio da safra passada. Com ela operando a safra inteira este ano, teremos uma maior moagem de milho, atingindo 11,6 milhões de toneladas de milho processadas para a produção de etanol”, afirma.
Conforme explica Vanessa, apesar de uma expectativa de recuo na produção de etanol a partir da cana, estima-se justamente um aumento significativo na produção do etanol de milho, que deve atingir os 5,2 milhões de metros cúbicos.
“A seca afetou a produção de cana no ano passado, tivemos um período de seca muito extremo aqui no estado em setembro, outubro e novembro. As chuvas começam em setembro, historicamente, mas no ano passado elas começaram no final de dezembro e se intensificaram agora no início deste ano. Isso deve prejudicar a produtividade da cana aqui no estado. Mas na cultura do milho, tínhamos uma expectativa no início da safra de menos chuva neste primeiro trimestre, mas esse cenário não se concretizou. Estamos tendo volumes de chuvas suficientes para a cultura se desenvolver bem, precipitações bem distribuídas ao longo do estado, diferente do que vimos para a soja”.
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Com isso, para a próxima safra (2024/25), a expectativa do Imea é que a produção total de etanol alcance 6,3 bilhões de litros, um acréscimo de 10% em relação ao realizado nesta safra. Deste volume, 5,2 bilhões de litros devem vir do milho e 1,1 bilhão, da cana. Na última safra 23/24, a produção total de etanol (cana e milho) em Mato Grosso bateu recorde, atingido 5,7 bilhões de litros, um aumento de 32% em relação ao período anterior.
“É importante colocar que agora nesse momento estamos numa fase crucial para o milho, que é a parte de enchimento de grãos e vai determinar a produtividade da cultura. Então é preciso continuar chovendo agora nesse momento. Se seguir o previsto, não devemos ter grandes perdas no milho”, afirma.
Segundo Vanessa, as indústrias já estão se preparando para essa próxima safra. “Por exemplo, agora nós estamos num momento de entressafra do milho, então o milho foi colhido até setembro do ano passado e ainda estamos vendendo ainda safra 2022/23. Nesse momento, não é comum ter tanto milho no mercado, mas as indústrias já se preparam para isso e já têm esse milho comprado. Elas já têm o próprio armazém delas também, que é importante para conseguir armazenar essa cultura. Pensando na próxima safra, eu tenho certeza também que elas já fecharam o negócio para garantir, pelo menos, o cumprimento do fator produtivo, porque uma indústria parada é um custo. Então, eles se preparam para que tenha o suficiente para produzir o que eles estão esperando para a safra”, finaliza Vanessa.
FONTE: RDNEWS