“PM matar bandido é economia pro Estado; menos um na cadeia”

O policial federal e agora deputado estadual Rafael Ranalli (PL) afirmou que a morte de criminosos em confrontos com agentes de segurança é “positiva” para o Estado, uma vez que, segundo ele, reduz as despesas do sistema penitenciário.

 

Ranalli é suplente de deputado e assumiu cadeira com a licença de Elizeu Nascimento (PL). Durante a passagem, propôs a Lei do Abate para homenagear agentes de segurança que matarem criminosos durante confrontos.

 

A medalha levaria o nome “Odenil Alves Pedroso” como homenagem ao militar assassinado em maio deste ano em Cuiabá. A proposta gerou polêmica e repercutiu na imprensa nacional. 

 

“A homenagem não é só para a Polícia, mas para todos os agentes de segurança. Se o vagabundo partir para cima de polícia, ele deve morrer, essa é minha opinião”, disse ele em entrevista ao MidiaNews.

 

Ranalli participou de três eleições parlamentares, mas não conseguiu se eleger, ficando sempre na suplência. Agora, lançou-se pré-candidato a vereador por Cuiabá e aposta na força do bolsonarismo para sair vitorioso.

  

Na entrevista, ele fala sobre a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o porte da maconha, Parada LGBT+ em Cuiabá e o crescimento das facções criminosas em Mato Grosso.

  

Se o vagabundo partir para cima de polícia, ele deve morrer, essa é minha opinião

Confira os principais trechos da entrevista:

 

MidiaNews – O senhor já disputou eleição para deputado federal (2018), vereador (2020) e deputado estadual (2022), mas não se elegeu em nenhuma tentativa. Hoje se considera mais preparado? 

Rafael Ranalli – Muito mais preparado. Se acabasse hoje o meu mandato de suplente, duraria dez dias, e teria valido a pena. O que aprendi em dez dias, não aprendi em muito tempo.  

Estou mais maduro, chegou a minha vez. Quando você é candidato, está na sua bolha com o pessoal que te conhece. Fui na abertura da Expoagro, representando a Assembleia junto ao governador, e vi que as pessoas me reconhecem. 

 

Isso é excelente para a pré-candidatura de vereador. Pensar o voto é o segundo momento, o importante é que a pessoa me conheça e pense: “Tenho um policial federal à disposição”. Bato nessa tecla, porque a Polícia Federal é a instituição mais admirada do Brasil, todo mundo gosta. E temos a característica de honestidade, seriedade e combate à corrupção. 

O projeto para vereador continua mais firme do que nunca e essa experiência de deputado fez bem para mim e para a população me conhecer. É o momento ideal, estarei à disposição. 

MidiaNews – O pré-candidato a prefeito de Cuiabá pelo seu partido, deputado Abílio Brunini, aparece nas pesquisas como o mais rejeitado pelos eleitores. Além disso, o Governo Federal é liderado pelo PT, um partido rival do PL. Não teme que essas condições dificultem sua pré-candidatura? 

Rafael Ranalli – Muito pelo contrário. Quando falamos em PL, falamos em Jair Messias Bolsonaro. No Estado, Bolsonaro teve 65% dos votos. Em Cuiabá, teve 61%. A maioria é bolsonarista, de direita, conservador e cristão. Estamos no lugar certo, na hora certa. O Abílio tem características pessoais, está tentando se policiar mais para agregar esse voto que “não está vindo”. Ele é referência. Estive em um congresso neste fim de semana, vi a popularidade dele. Nacionalmente, ele é tropa de elite do Bolsonaro e acredito que estará no segundo turno. 

 

O PL é a melhor opção da população cuiabana. O povo mato-grossense é de direita. Então é o momento ideal e só vem a somar o fato de eu estar no partido.

 

MidiaNews – Considera que o pré-candidato a prefeito de Cuiabá Lúdio Cabral é diferente dos demais petistas? Considera ele um bom nome? 

Rafael Ranalli – É uma análise pessoal. Enquanto pessoa e político, é muito capacitado. Vejo as falas dele, porém está no partido errado. 

O PT é o partido mais malquisto, é o partido das trevas, do presidente ladrão. Não tem como desassociar. O Lúdio está no lugar errado, na minha opinião. É um cara capacitado, mas a pedra no sapato dele é a sigla que ele defende.  

Creio que quem vai figurar no segundo turno será o Abílio e o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho. Os dois devem rivalizar no segundo turno, justamente pela característica dos cuiabanos serem de direita, anti-petista, anti-vagabundo. 

MidiaNews – Recentemente tivemos um fator surpresa com o rumor de que o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, poderia disputar o Senado por Mato Grosso. Como viu essa possibilidade? 

Rafael Ranalli – Positivamente, porque sou bolsonarista, admiro o trabalho do Carlos. Muita gente critica, mas o Bolsonaro teve esse “boom” em 2018 e depois disso porque o Carlos cuida das redes sociais dele. Ninguém sabe, mas o Carlos teve uma participação ímpar na eleição do Bolsonaro, porque os outros dois filhos eram candidatos.

 

O que vejo é que, antes de eleição, sempre tem fatos novos a serem lançados para sentir a “temperatura” da população, ou seja, como a informação é aceita. Gostaria que fosse verdade, seria positivo para a direita e para o bolsonarismo, mas não acredito que aconteça. 

MidiaNews – Não considera que o Estado já tem representantes qualificados? A candidatura de Carlos Bolsonaro não seria distante da realidade mato-grossense? 

Rafael Ranalli – Sim. Temos políticos capacitados para o pleito, mas até lá essa ideia tende a esfriar. Mato Grosso tem políticos maduros o suficiente e representantes da direita, como o José Medeiros, que ensaia a candidatura ao Senado, a Janaina Riva e o próprio governador Mauro Mendes. 

MidiaNews – O senhor propôs um projeto que se popularizou como Lei do Abate, que homenageia policiais. Dentre as condições para que o policial seja homenageado, está a morte de bandidos durante confrontos. Pode comentar sobre essa proposta? 

Rafael Ranalli – A gente, enquanto policial, sofre com a falta de resguardo jurídico à atuação, tem uma condenação moral. Eu sou policial. Minha família não espera que eu saia e volte morto, policial não tem obrigação de morrer. O que quero mostrar é que policial tem sim o resguardo do Estado, da Assembleia Legislativa, não é um incentivo a matar, mas sim a sobreviver. 

Quero mandar o recado de que admiramos o trabalho dos policiais. No caso de um confronto, se ele matar o bandido, é economia ao Estado… Menos um na cadeia e fomentando o crime. Quem atira em polícia, atira para morrer. Ninguém é retardado. Se você dá tiro na polícia, está pedindo para morrer. 

Nesse Estado, tem que mostrar que quem atirar contra a polícia vai morrer. A homenagem não é só para a polícia, mas para todos os agentes de segurança. Se o vagabundo partir para cima de polícia, ele deve morrer, essa é minha opinião. 

Os policiais protegem a sociedade, mas quem protege os policiais? Cabe à classe política. 

 

MidiaNews – Mas o senhor não teme que essa honraria promova irregularidades nas abordagens, fomentando a violência policial? 

Rafael Ranalli – Já existe Corregedoria. O policial sabe que, se errar, vai responder. O que acontece é que ele sofre um julgamento maciço. Se o outro está com uma arma na mão dando tiro, não é suspeito, é bandido. Para outros casos, que a Corregedoria aja e o colega responda. Por mais que eu não goste de bandido, tenho um ditado: policial bandido é pior do que bandido, porque você espera que ele te defenda. 

Quero sinalizar que a classe política está preocupada com a vida dos policiais. É o primeiro passo, mostrar para a bandidagem que estamos preocupados com a população. Citamos o policial Odenil Pedroso, que estava em frente à uma Unidade de Pronto Atendimento [UPA] trabalhando, quando chegou um faccionado e exterminou o cara sem direito à defesa. Faço votos de que a polícia encontre esse “Lázaro mato-grossense” morto. 

 

Faço votos de que a polícia encontre esse “Lázaro mato-grossense” morto

MidiaNews – Recentemente, o Ministério Público denunciou policiais por entenderem que eles formavam um grupo de extermínio em Cuiabá. Como viu a denúncia? 

Rafael Ranalli – A denúncia faz parte do trabalho do MPE. Qualquer caso de abuso por policiais será investigado, mas gostaria que fosse apresentada e divulgada a ficha corrida dessas supostas vítimas. São cidadãos de bem? Trabalhadores? Não acredito, mas que os colegas respondam. Eles têm meu apoio até que se prove um extermínio de cidadãos de bem. Vejo que o MPE, às vezes, julga ou faz acusação da sala com ar-condicionado. É fácil. 

Gostaria que todos que condenam a polícia pegassem a pistola e saíssem na rua… Ainda mais os colegas que andam fardados, que andam com um alvo nas costas. Essa criminalidade se exacerbou tanto que, lá na ponta, os cidadãos comuns serão atingidos. Se estão matando policiais, quem dirá o cidadão de bem. Daqui uns dias não se poderá andar nas ruas. 

Tem cidades que o cidadão não pode abrir uma lojinha se não pagar o caixinha da facção. O cara me ligou e disse que estava indo embora da cidade por não dar conta de pagar o caixinha e, se não desse, iria ser boicotado e colocado no castigo. Estamos na mão do crime organizado e todo projeto que incentive a segurança pública, que sinalize que o Governo do Estado está do lado dos policiais, é positivo. 

 

O espantoso é pedir indenização para a família do vagabundo, como se assaltar fosse uma profissão lega

MidiaNews – Outra polêmica foi a denúncia contra um tenente-coronel que matou um assaltante durante uma invasão à residência. Acha que o militar agiu corretamente? 

Rafael Ranalli – Esse militar virou um grande amigo. Ele seria o primeiro homenageado pela Lei do Abate. Tem meu total apoio, é risível a denúncia do MPE, até porque o delegado e presidente do inquérito que fez as investigações não o denunciou nos autos. 

O MPE resolveu, sem indiciamento da Polícia Civil, lançar a denúncia. E, mais espantoso, é que pede indenização para a família do vagabundo, como se assaltar fosse uma profissão legal. 

O tenente só errou em um ponto, aí sim quero criticar: não matou o outro. Faltou um para ele matar, que fugiu, mas ele tem meu respeito.

 

Recebi-o no gabinete, demonstrei meu apoio e perguntei no que poderia ajudar na defesa dele. É um herói. 

 

 

MidiaNews – O senhor teria feito diferente? 

Rafael Ranalli – De maneira alguma. Tenho medo pela minha vida, de qualquer policial. Como o bandido não o matou dentro da casa? Esse ponto a população não está analisando, porque o bandido mata quando sabe que o cara é policial. 

Não sei se o bandido roubou o que tinha que roubar e vazou… Na ação contínua, o policial saiu correndo atrás dele. Não teve interrupção, então agiu em legítima defesa. Ele estava defendendo a vida da família e o patrimônio dele, agiu certo. Falei para ele que deveria ter “empurrado” o outro também. 

MidiaNews – Recentemente, o deputado Elizeu Nascimento elaborou um projeto de lei que propõe proibir crianças e adolescentes de frequentarem a Parada LGBTQIA+. Acredita que a proposta será aprovada? Como a avalia? 

Rafael Ranalli – Temos que defender nossas crianças, sou totalmente favorável ao projeto. Vou fazer uma análise jurídica que, se esse cair, outro projeto vá adiante. Não é uma questão de opção sexual, o caso é levar crianças em atos que possam ter erotização e sexualização precoce. Não é ambiente de criança. 

Nada contra o público LGBT, ter orgulho do que faz, mas não se tem uma parada hétero. A sexualidade é pessoal, cada um faz amor do jeito que achar melhor, mas não passe para as crianças. Há outras prioridades.  

É muito pertinente o projeto e repito que não só em Parada LGBT, mas a presença de crianças tem que ser proibida em qualquer evento de sexualidade exacerbada. Se você fizer uma pesquisa sobre a galera que defende, a maioria não tem filho, então é mole sacanear a vida do filho do outro. 

Ninguém quer o filho em um movimento que corre o risco de um cidadão enfiar o crucifixo no ânus, como já teve, ou queimar uma Bíblia e desrespeitar a religião do outro. 

Querem que respeite a opção sexual, mas não respeitam a religião. Tem valores que estão invertidos na sociedade. Infelizmente, o deputado Valdir Barranco, do partido das trevas [PT], pediu vistas e impediu a votação. Só terá a votação no retorno do recesso.  

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Ranalli defendeu uma punição aos responsáveis que levarem crianças à Parada LGBT+

MidiaNews – Defende que os responsáveis pelas crianças respondam penalmente caso as levem na Parada? 

Rafael Ranalli – Espero que sim. Os pais têm que, no mínimo, serem chamados a prestar esclarecimentos. Uma criança de 4 anos, que deveria estar em casa assistindo desenho, estudando ou brincando, estar em um lugar com um monte de marmanjo de saia, fazendo atos obscenos, enfiando crucifixo no ânus e queimando Bíblia. Não é o ambiente. 

A responsabilidade é dos pais. A do Estado é tentar proteger as crianças de forma mais ampla, mas o pai é responsável por não levar. Como fazer? Criando uma lei que faça o pai prestar esclarecimento e fazer associação com o Estatuto da Criança e do Adolescente e, nesse caso, não está protegendo. 

 

MidiaNews – Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou o porte de até 40 gramas de maconha. Como essa decisão impacta o combate às drogas? 

Rafael Ranalli – Mais uma decisão esdrúxula, mais uma vez o STF querendo roubar o Poder Legislativo e querendo legislar nesse país, indo na contramão do anseio da população brasileira, que é conservadora. 

Sei o mal que as drogas ocasionam. Como o STF permite transportar 40 gramas? Vai comprar de quem? A cadeia produtiva é criminosa, do tráfico. Sabemos os malefícios do uso de drogas, vimos matérias de filhos que matam a família porque não têm R$ 30 para comprar droga, menos do que foi liberado. 

As pessoas não tem noção, mas uma cabecinha de maconha pesa de 3g a 5g, então você tem cerca de dez porções dentro dessas 40g. O que impede de traficar legalmente, segundo o STF? Os danos são irreparáveis e irreversíveis. Sou totalmente contra a liberação.  

 

Vai prejudicar o trabalho da Polícia, aumentar o número de usuários pelo aumento da disponibilidade da droga

MidiaNews – A decisão precariza e dificulta o trabalho da Polícia? 

Rafael Ranalli – Sim. Dificulta mais o da polícia de ponta. Mato Grosso é a porta de entrada da cocaína no Mundo. A maior quantidade consumida no Mundo passa por aqui. De onde vem a fonte dessas 40g? Lá da ponta. É o alto carregamento que vem dos produtores. Vai impactar, porque para chegar aos 40g, teve que passar várias quantidades. 

Vai prejudicar o trabalho da Polícia, aumentar o número de usuários pelo aumento da disponibilidade da droga. Tem que reforçar o coro contra qualquer lei que venha regularizar o uso de drogas.  

MidiaNews – Considera que o Supremo invade a atuação do Poder Legislativo? 

Rafael Ranalli – Tenho medo de falar, mesmo sendo deputado com imunidade parlamentar. Essa é a prática recorrente do STF nos últimos anos; é querer legislar, patrolar o Poder Legislativo. 

Esse é um caso. Decide sobre a legislação penal, sobre drogas… O STF tem que ficar o papel constitucional de julgar ações que a ele cheguem. Agora você tem ministro que cria o inquérito, julga e dá a sentença. 

O STF já extrapolou o papel há muito tempo, esperamos que volte a se alinhar com o tempo. Comungo da opinião do Bolsonaro de que temos que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Espero que, com o tempo, o Congresso Nacional delimite melhor as quatro linhas e não permita que ministros ou o próprio órgão, que deveria ser a Corte mais respeitada, tome atitudes e caminhos inconcebíveis para a sociedade brasileira. 

MidiaNews – O membro da Corte mais criticado é o Alexandre de Moraes. Qual sua opinião sobre ele? Defende o impeachment? 

Rafael Ranalli – É mais um caso esdrúxulo do STF. Enquanto ministro, é um trabalho retrógado… O que acusam o Bolsonaro, identificamos muito mais em membros do STF, quando eles instauram inquéritos e decidem o que é certo e errado.  Ele passa por cima e explode as quatro linhas da Constituição. 

 

 

MidiaNews – Nas últimas semanas tivemos Jair Bolsonaro aparecendo em investigações policiais sobre o caso das joias e da Abin Paralela. Acredita que ele é vítima de uma perseguição política, mesmo sendo apontado um valor superior a R$ 6 milhões que ele teria recebido enquanto estava no cargo? 

Rafael Ranalli – A perseguição política começou desde que o Bolsonaro ganhou a eleição. Tudo que ele fazia estava errado e, passava um tempo, mostrava-se certo. Sempre tivemos ministros indicados por conchavos políticos, haja visto o governo do ladrão. Com o Bolsonaro eram indicações técnicas, ministros da sua área, com áreas se desenvolvendo. Com o tempo, houve perseguição e temos hoje o Bolsonaro inelegível, sendo que ele ainda não foi condenado em nenhum processo. 

Por outro lado, o queridinho dos esquerdistas foi eleito sendo descondenado. Ninguém esquece disso. O crime não deixou de existir, ele é culpado, mas o que tiraram foi a condenação. Acredito que, independentemente do número de investigações que venham contra, Bolsonaro se tornará elegível até 2026.  

É o candidato mais forte e o próprio sistema não suportará o Lula mais dois anos, temos que sobreviver, porque vai passar. A perseguição é pública e notória. Tudo que Bolsonaro fez é colocado em cheque e tudo que o Lula-ladrão faz é enaltecido. 

Só quero lembrar que o Brasil melhora quando ele cala a boca. Ele viaja, fica quieto um tempo, o dólar cai e a bolsa melhora. Mas ele torra nosso dinheiro viajando pelo Mundo. Que o Brasil sobreviva e Bolsonaro se torne elegível até 2026. 

 

 

FONTE: MIDIA NEWS

comando

Sair da versão mobile