Tenho uma filha, meu tesouro. Não consigo nem imaginar o sentimento do deputado Cattani e da sua família. Minha intenção aqui não é surfar em tragédia, isso é baixo e vil. Quero só destacar que a violência contra a mulher não tem classe social nem nível de instrução. E sabe por que? Porque se aprende em casa. E nossa sociedade precisa acordar e se unir pra priorizar esse desaprender.
Meninas que crescem vendo a mãe sofrer violência tendem a se submeter à violência, e meninos que crescem vendo sua mãe sofrer violência tendem a repetir esse comportamento da referência masculina que tiveram. Não é regra, pode ser diferente, mas as arvores dão frutos semelhantes e esse problema precisa ser enfrentado na raiz, na família, antes da criança crescer e formar a sua.
É muito fácil falar dos outros, então vou falar de mim. Nunca vi meu pai levantar a mão pra minha mãe, e nunca levantei a mão pra uma mulher. Sempre achei que violência era isso, até minha filha nascer. Quando ela nasceu, fiquei atormentado por lembranças de ciúme doentio e palavras que machucam. E a violência contra a mulher tem muitas formas, antes de ser física ou mortal.
Quando segurei minha filha no colo a primeira vez, percebi que nenhum conselho que eu desse a livraria de relacionamentos tóxicos se eu não fosse um bom exemplo em casa, e que ela aceitaria ser tratada da mesma forma que visse eu tratar minha esposa, sua mãe. Fiz terapia, sigo fazendo e nunca serei perfeito, mas sou melhor e nossa família é cada…
FONTE: MIDIA NEWS