domingo, dezembro 7, 2025

Cuidado, eleitor, com o discurso barato produzido para se tornar viral | RDNEWS

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A candidatura não deve ser capricho pessoal, nem honra a um grupo político, nem uma transação de falta de princípios, deve ser a contribuição do político com a renovação da raiz até a folha da política, mesmo que essa colaboração não seja para o presente, mas para o futuro, para que seja calmo e fecundo para quem governa e para o povo.

Nos últimos tempos, tem havido uma preocupação crescente com marcação cerrada do marketing eleitoral em cima da abordagem do candidato ao eleitor desde a primeira hora permitida por lei. As técnicas mirabolantes de persuasão juntam-se à desinformação, notícias falsas e ataques pessoais. Num mundo onde a informação está a apenas um clique e as redes sociais aceitam quase tudo, é fácil perder-se numa teia de falsas promessas e informações distorcidas e manipuladas para influenciar as opiniões das pessoas. Isto coloca sérios desafios ao processo eleitoral porque o político, está numa ponta, cercado de assessoria para tudo e o eleitor na outra ponta, largado a sua própria sorte, chicoteado de um lado e outro por informações nem sempre fiáveis, cobranças e muitas promessas.

O discurso barato torna os partidos políticos cada vez mais irrelevantes, ao permitir que os demagogos apelem repetidamente aos eleitores, com apelos incendiários e mentirosos.

A campanha política para angariar o apoio dos eleitores é uma parte inerente da política eleitoral. Há alguns anos os anúncios são distribuídos pela televisão e online, com grande carga nas redes sociais para fazer o candidato parecer convincente, provocar diversas emoções no eleitor ao apresentar uma origem geralmente solidária e humilde. Os pesquisadores americanos Ridout e Searles publicaram há alguns anos o resultado de um trabalho sobre propaganda política, que revelou que os políticos perceberam a utilidade política das emoções na campanha e em seguida revelaram que 72% dos conteúdos das campanhas estão sendo focados na emoção e não na lógica. E isso não é ruim.

Lembrando que emoção não é apenas o que exala melancolia e faz chorar, o apelo emocional feito de forma muito estratégica, com emoções positivas, como o entusiasmo e a confiança; como apelos para promover o apoio é muito utilizado pelos líderes para fidelizar o eleitor enquanto os candidatos em desvantagem focam em emoções negativas, como o medo e a raiva, para mobilizar os seus seguidores em projetos de vingança e ameaças.

O discurso barato torna os partidos políticos cada vez mais irrelevantes, ao permitir que os demagogos apelem repetidamente aos eleitores, com apelos incendiários e mentirosos.

Problemas complexos nunca têm soluções rápidas e fáceis, por isso é crucial que os cidadãos avaliem criticamente a informação que lhes é apresentada durante as campanhas políticas. É preciso atenção para ouvir, tempo para averiguar os fatos com fontes seguras. Só assim se pode distinguir entre propostas genuínas destinadas a resolver problemas reais e retórica vazia destinada a enganar e manipular.

No entanto, a responsabilidade não cabe apenas aos cidadãos. Os líderes políticos, os partidos e os meios de comunicação também têm que desempenhar papel de responsabilidade para combater à desinformação e agressividade nas propagandas. O declínio dos meios de comunicação tradicionais como intermediários de informação tornou mais grosseira a comunicação política, facilitando a propagação da desinformação e da violência verbal e levam as campanhas políticas a avançarem em condições de desconfiança dos eleitores.

Olga Lustosa é socióloga e cerimonialista pública. Escreve com exclusividade para esta coluna aos domingos. E-mail: olgaborgeslustosa@gmail.com.

FONTE: RDNEWS

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