Somos atraídos por políticos que nos inspiram e são bons em comunicar no que acreditam, porém, há uma leva de candidatos sem perfil, sem conteúdo, sem empatia e sem conexão com o eleitor, sem pautas prioritárias tentando conseguir votos para serem eleitos. Campanhas há certo tempo têm ligação muito intrínseca com as redes sociais, que devidamente impulsionadas podem proporcionar ao candidato, com ou sem conteúdo, uma visibilidade enorme.
Após duas semanas, vencidas as limitações da lei eleitoral, as dificuldades burocráticas e de planejamento, os candidatos estão nas ruas com adesivaço, bandeiraço, reuniões filtradas nas residências de apoiadores nos bairros mais distantes do centro de Cuiabá, tentando exibir campanhas volumosas. Liguei para um amigo, liderança importante no movimento comunitário e ouvi dele a confirmação de um comportamento que observo; os voluntários de campanha, fora do grupo familiar e de amigos, são pouquíssimos.
Me disse o líder comunitário que as mesmas pessoas frequentam reuniões de vários candidatos que disputam a vereador até que sejam contratadas como cabo eleitoral por um ou outro. É um engano crer que estas pessoas desenvolvam vínculo com o candidato e suas bandeiras. Quando surgiram os cabos eleitorais eram normalmente militantes dos partidos dos candidatos, hoje, considerados ultrapassados, a grande maioria são contratados, remunerados ou não e quase nunca tem ligação com a militância do partido e atuam na faixa intermediária fazendo a conexão entre o candidato e a população, grande parte, sem conhecimento das regras eleitorais, da linha ideológica do partido e do candidato para quem pede votos. Praticamente apenas o cabo eleitoral com bom trabalho de base em um bairro importante, abre portas para o candidato.
“O passado do político tem que ajudá-lo a neutralizar a tempestade ininterrupta de ´fake news´, a falta de afinidade de muitos colaboradores que sequer conseguem repetir meia dúzia de propostas do candidato”
Olga Lustosa
Certa vez li uma entrevista com ex-governador de Rondônia e senador, Confúcio Moura, onde ele dizia: “sua campanha política inicia no dia que você nasce e vai crescendo a cada passo, de acordo com os sentimentos e ações que permeiam seu crescimento pessoal e sua posição política, que a eleição se ganha muito antes do pleito, com ações sociais, participando de reuniões em organizações de bairro.”
O passado do político tem que ajudá-lo a neutralizar a tempestade ininterrupta de ´fake news´, a falta de afinidade de muitos colaboradores que sequer conseguem repetir meia dúzia de propostas do candidato. A conquista do espaço eleitoral tem que refletir a identidade do candidato, porém, o tempo exíguo joga para as mídias sociais ou pessoas desqualificadas o papel de divulgar e promover as ações da campanha. Marcelo Vitorino, em artigo recente e direcionado a eleição municipal, disse que não adianta correr desordenadamente, queimando etapas, querendo estar em todos os lugares, sem antes sensibilizar e motivar o eleitor com suas propostas. A pressa é inimiga da vitória, ensina Vitorino.
Sexta-feira passada iniciou o horário político nos meios de comunicação tradicional e agora candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador podem realizar propaganda eleitoral nas ruas, na internet e no horário eleitoral gratuito. Meios para se tornar conhecido tem, a propaganda eleitoral é uma ferramenta fundamental que permite que os candidatos apresentem suas propostas e ideias à população. Aí reside o problema!
Olga Lustosa é socióloga e cerimonialista pública. Escreve com exclusividade para esta coluna aos domingos. E-mail: olgaborgeslustosa@gmail.com.
FONTE: RDNEWS
