“Descontrole emocional” e “envolvimento com a corrupção”. É assim que o candidato a prefeito de Cuiabá, Eduardo Botelho (União), se refere aos seus principais adversários na disputa pelo Palácio Alencastro, Abílio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT).
Esperava os ataques, mas não dessa forma tão intensa. Estou na frente, tenho apresentado uma performance melhor e resta isso a eles: atacar
Para Botelho, Abílio fez Mato Grosso virar “chacota nacional” por conta de posições no Congresso Nacional. “Ele não respeita ninguém”, disse.
“Elebriga com os servidores, ele xinga os vereadores de bandidos – com exceção dele, quando passou por lá. Inclusive, quer colocar a mulher dele lá”, disse Botelho em entrevista exclusiva ao MidiaNews (assista a íntegra no vídeo abaixo da matéria).
Já sobre Lúdio, ele lembrou das campanhas de 2012 e 2014, em que o petista teve apoio do ex-governador Silval Barbosa e virou alvo de investigação por suposta prática do crime de “Caixa 2”.
“Ele se alia com qualquer um para ganhar eleição, isso está provado, com o diabo, com o capeta, com quem for para ganhar. Não foi uma eleição, foram duas que ele participou tendo o mesmo grupo [de Silval]. Eles são especialistas em rachadinha”, acrescentou.
Ao falar sobre a condição administrativa de Cuiabá, o candidato apontou a corrupção como um dos principais problemas da gestão Emanuel Pinheiro (MDB). Ele afirmou que a Saúde é a pasta mais prejudicada e disse que – se eleito – fará uma devassa nos contratos da Prefeitura.
O candidato também comentou sobre sua aliança com o governador Mauro Mendes (União). Ele considerou que, junto a Mendes, construiu o melhor plano de governo da campanha.
“Há vinte anos Cuiabá não tem um alinhamento com o governo, será a primeira oportunidade de ter. É um projeto que estamos construindo juntos, então não tem o que discutir. Estamos com a melhor proposta”.
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – O senhor tem sido alvo preferencial de ataques por parte dos adversários. A que o senhor atribui isso?
Eduardo Botelho – Toda eleição vêm esses candidatos querendo demonizar empresários. Foi assim com o Blairo Maggi, quando ele foi candidato o pessoal dizia: “Blairo quer beneficiar a empresa dele”, e olhe o governo que ele fez. Como Mato Grosso cresceu naquela época.

A faxina vai começar pela Saúde. As pessoas estão sofrendo. As unidades estão superlotadas, com atendimentos ruim, faltando tudo. Quem tem dor não pode esperar.
Com o Mauro Mendes, os adversários falavam “ele quer os incentivos”. Não foi nada disso. É preciso saber fazer gestão, resolver problemas, montar equipes, criar metas, motivar. Isso nós sabemos fazer, tenho certeza.
Esperava os ataques, mas não dessa forma tão intensa e que os três fossem me atacar. Que viesse bombardeio de todos os lados, mas isso é natural. Estou na frente, tenho apresentado uma performance melhor e resta isso a eles, porque, se tivessem capacidade de mostrar o que fizeram, não estariam me atacando. Só restam pedras para jogarem em quem está construindo; bomba para destruir pontes de quem quer unir. É assim que funciona, infelizmente.
Lamento muito, mas a população hoje está muito consciente, esperta, inteligente e o eleitor sabe quem pode resolver seu problema, quem vai colocar asfalto de qualidade nas ruas, não vai deixar lixo acumulado nas casas, resolver problema de esgoto…
MidiaNews – A principal crítica dos rivais do Abílio seria suspostamente o descontrole emocional, que desestabilizaria uma eventual gestão. O senhor também vê dessa forma?
Eduardo Botelho – Ele briga com a maior força que um gestor deve ter, que são os servidores. Não se administra sem a Câmara Municipal, mas ele xinga os vereadores de bandidos – com exceção dele, quando passou por lá. Inclusive, quer colocar a mulher dele lá.
Victor Ostetti/MidiaNews

Botelho afirmou que a população não leva Abílio à sério devido à postura dele no Congresso Nacional
Briga com a imprensa. Desmoraliza o Governo Federal, os deputados federais a partir do momento que não se discute com ninguém, não respeita. Se tem uma pessoa falando, ele faz aquela cara, pula em cima, desrespeita todo mundo, começa a gritar. Ao invés de fiscalizar, ele deita e rola no chão.
Como um candidato desse terá moral para chamar um empresário a investir? Quem levará esse cidadão a sério? Eu não vejo possibilidade nenhuma de alguém levar um cidadão desse, que não leva nada a sério. Para ele, tudo é chacota, molecagem, desrespeito.
Ele votou para soltar um cara que matou uma mulher e teve coragem de votar em uma lei que dá pena mais dura para uma mulher estuprada do que para o estuprador e, para desmoralizar mais ainda as mulheres, disse que mulher estuprada aborta para curtir a vida.
Ora, respeita uma mulher que foi violentada. Tenha respeito, você nunca passou por isso. Você não imagina o que é a vida de uma mulher estuprada, o que ela passa para você falar um negócio desse. Esse é candidato que temos.
MidiaNews – Analisando o histórico de corrupção do PT durante a gestão do presidente Lula e da ex-presidente Dilma, o senhor teme que uma eventual vitória do Lúdio possa trazer a corrupção para a gestão? Menos pelo Lúdio, mas mais pelo histórico do PT?
Eduardo Botelho – Da índole dele, sim. Ele se aliou com Silval Barbosa, Éder Moraes. O coordenador da campanha dele foi Éder, está na delação que ele gastou R$ 5 milhões e depois pegou mais R$ 5 milhões para pagar a campanha.
Ele se alia com qualquer um para ganhar eleição, isso está provado, com o diabo, com o capeta, com quem for para ganhar. Não foi uma eleição, foram duas que ele participou tendo o mesmo grupo. Lembram da música “Tá que tá com Silval, tá que tá com Lúdio”… Era sim.
Eles são especialistas em rachadinha. Muito perigoso, extremamente perigoso, nem Deus há de deixar acontecer um trem desses.
MidiaNews – Os seus adversários o atacam através de seu irmão, Rômulo Botelho, por ele ter uma empresa de ônibus que tem contrato com a Prefeitura. Caso eleito, como lidará com isso?
Eduardo Botelho – Volto a dizer que os candidatos gostam de demonizar empresário. Meu irmão tem uma empresa que existe há mais de vinte anos. Aliás, de todas empresas que ganharam [licitação], a dele foi a única daqui.
Posso garantir a todo passageiro que, durante os quatro anos da minha gestão, vamos melhorar o transporte e não haverá aumento de nenhum centavo na tarifa. Ninguém pagará tarifa maior durante a minha gestão. Isso eu garanto.
Vou fiscalizar e as empresas que tiverem qualquer coisa errada pagarão por isso. Isso é palavra de Botelho. Não faço compromisso para não cumprir. Faço para cumprir, pode anotar.
MidiaNews – O senhor foi acusado de ter participado de um suposto esquema no Detran, inclusive assinado um acordo de não persecução para deixar de responder a um processo. O que tem a dizer sobre isso?
Eduardo Botelho – Tenho 65 anos, trabalhei em vários lugares, nas ruas, como professor, engenheiro, fiquei 17 anos na sala de aula, 17 anos na antiga Semat, fui para a iniciativa privada, construí empresa.

Vou fazer 66 anos, não sou réu em nada, está aqui minha ficha para mostrar
Vou fazer 66 anos, não sou réu em nada. Não sou condenado, inclusive a Justiça mandou tirar do ar o programa deles, porque estão mentindo e é assim que continuarão fazendo, com acusações falsas, levianas…
Estou tranquilo, tanto que a Justiça mandou fazer busca e apreensão do material de um jornalista assessor do candidato Abílio. Também mandou tirar programa do ar e o juiz disse “o candidato Lúdio está fazendo tudo pelo voto”.
A minha explicação está aí, não sou réu, condenado. Sou ficha limpa, as empresas que montamos sempre foram de sucesso, nunca deu o tombo em alguém e estamos aí para construir uma Cuiabá melhor.
MidiaNews – Como enxerga essas acusações?
Eduardo Botelho – Lamento acusações de pessoas que não tem o que mostrar. Tem um candidato que diz que é médico, mas nunca fez trabalho social, só fica dentro de gabinete e desaparece quando vamos fazer discussão na Assembleia. Aliás, até fico pensando o que ele faz tanto dentro desse gabinete…
E tem um candidato que vive envergonhando Mato Grosso no cenário nacional, que faz graça, molecagem com tudo. Virou chacota nacional. Como levar a sério uma pessoa dessa, que não respeita servidor, ora! Em todos os lugares que trabalhei, para mim o servidor foi o grande patrimônio e esse cidadão quer desmoralizar servidores, colocar câmera para gravar, fala que corrupção é responsabilidade do servidor. Ele não sabe que quem faz corrupção é o gestor, não o servidor.
MidiaNews – Um dos seus trunfos é ter o apoio do governador Mauro Mendes, que é um dos seus principais cabos eleitorais. Ele está de cabeça na campanha?
Eduardo Botelho – Está. A primeira-dama Virginia também está na campanha, foi no nosso lançamento, idealizou um encontro com as mulheres do União Brasil, esteve conosco, está pronta para ir comigo e vai para as ruas. Ela disse: “Vou andar nas ruas com você pedindo voto, estou pronta”.

Aqui não tem mentira, estamos trabalhando com a verdade. Estamos falando o que vamos fazer para a população, diferente de candidatos que só sabem me xingar
O governador também está comigo, mas ele é governador. Tem o Estado inteiro para cuidar, não tem como cobrar para ele ficar [somente] na campanha, mas ele está sim na campanha.
O nosso plano de governo foi construído com ele, inclusive discutido, especialmente a mobilidade. Construímos um plano com os técnicos da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra), para ver o que a prefeitura poderia fazer, e depois o Marcelo Padeiro falou “passa pelo crivo do governador para ver se ele avalizará de assumir as obras”. Nós fomos lá, sentamos e ele disse “assumo isso, vamos ajudar”.
Aqui não tem mentira, estamos trabalhando com a verdade. O que estamos falando é o que vamos fazer para a população, diferente de outros candidatos que, ao invés de virem aqui discutir uma proposta séria e clara só sabem me xingar.
Sabe por que estão me xingando? Porque tenho o que mostrar. Eles não têm. Quem resolveu o problema de regularização fundiária em Cuiabá? Nós que resolvemos o problema do bairro Renascer, por exemplo, que ninguém resolvia. Fomos nós que conseguimos entregar as escrituras para o CPA 1, CPA 2, CPA 3, CPA 4, Tijucal, Pedra 90, do Santa Isabel…
Nós temos o que mostrar e o que eles fizeram? Nada. O que resta para eles? Xingar o Botelho, falar mal, mas Cuiabá precisa de gente que sabe fazer gestão, que tenha a solução para o problema do cuiabano.
Estamos apresentando propostas que são perfeitamente viáveis e serão, com fé em Deus, executadas.
MidiaNews – Caso eleito, como o governador participará de sua gestão, em quais frentes?
Eduardo Botelho – Todas. Começa pelo asfalto. O governador está fazendo um investimento de R$ 70 milhões nos bairros. Para fazermos isso, tivemos que brigar com o prefeito Emanuel Pinheiro. Brigamos, fomos para o Tribunal de Contas do Estado até que o tribunal desse uma ordem para fazer. Já pensou ter que brigar para fazer obra em Cuiabá?
Vamos fazer parceria em todas as áreas. Uma parceria grande será na mobilidade, em primeiro lugar, mas também na Saúde e no social. O social de Cuiabá praticamente não existe e já conversei com a primeira-dama e ela vai ajudar.
Victor Ostetti/MidiaNews

O candidato afirmou que, se eleito, o governador Mauro Mendes o ajudará em todos os planejamentos e execuções de gestão
Estamos com um projeto de construir a primeira unidade de referência em Saúde para a mulher, aqui não tem. Você acha que vou esperar ganhar? Não, já comecei. A Santa Casa estava sendo leiloada, eu pedi para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) parar o leilão, esperar passar a eleição, porque como prefeito pegarei isso e o Estado doará toda a estrutura para nós, para a prefeitura, porque eles vão transferir toda a estrutura deles para os outros dois hospitais que estão sendo construídos.
Vamos transformar aquilo em uma unidade de referência para a mulher, materno e infantil. Tudo é parceria.
Há vinte anos Cuiabá não tem um alinhamento com o governo, será a primeira oportunidade de ter. É um projeto que estamos construindo juntos, então não tem o que discutir. Estamos com a melhor proposta, melhor projeto e com a melhor equipe para dar resultado à população cuiabana. É dessa forma que faremos.
Uma outra área que faremos uma parceria gigante será no transporte. O governo fará o BRT, mas quero que amplie até o Pedra 90, na Avenida Dante de Oliveira até atender Novo Horizonte, Planalto, Altos da Serra, Doutor Fábio. São parcerias que vamos fazer para melhorar muito Cuiabá em todos os setores.
MidiaNews – Diria que o governador Mauro Mendes será seu grande aliado e que vocês tocarão juntos essa eventual gestão?
Eduardo Botelho – Vamos tocar juntos. Tenho a minha independência, tanto que o governador, quando me escolheu, disse “não quero indicar nenhum secretário, mas quero que você faça um compromisso: não distribuir secretarias para partidos e vereadores. Faça uma escolha técnica”.
Eu falei “pode ficar tranquilo, tenho esse entendimento também. Tem que ser uma escolha técnica”. Deputados tem gente indicada no governo? Tem, mas não tem nenhum deputado com secretaria, subsecretário, diretor, superintendente, servidor na Saúde. Então é dessa forma que dará resultado.
Se você pôr um secretário que, se tirá-lo me fará perder apoio, inicia ruim. É dessa forma que vamos trabalhar, mas terei toda a liberdade. A forma de administrar será a “forma Botelho”.
MidiaNews – O senhor já decidiu quais serão os secretários, caso seja eleito?
Eduardo Botelho – Não, ninguém. Meu pai me contava a história de um cara que brigava por causa do dinheiro de uma farinha de mandioca que ele ia vender e dizia: “nunca brigue por algo que você ainda não tem. Como escolher o que fazer com o dinheiro de uma mandioca que você não tem e de uma terra que nem preparou para plantar?”.
Não passamos as eleições e, na hora que passar, se formos vitoriosos, começaremos a discutir os secretários.
MidiaNews – A Prefeitura de Cuiabá tem uma dívida de R$ 1,3 bilhão, conforme o Tribunal de Contas do Estado. A cidade está esburacada e suja. Diante desse quadro, por que o senhor decidiu ser prefeito?
Eduardo Botelho – Exatamente por essa situação. Não me lembro de ter visto Cuiabá em uma situação como essa. Desde que trabalhei nas ruas, Cuiabá vinha progredindo, menos em algumas administrações e mais em outras, mas não me lembro de ver tão para trás.

Desde que trabalhei nas ruas, Cuiabá vinha progredindo, menos em algumas administrações e mais em outras, mas não me lembro de ver tão para trás
Para se ter uma ideia, quando Mauro Mendes [União] entregou a gestão, Cuiabá representava 18.5% da economia estadual. Hoje, está em 11.2%.
Vemos os municípios do interior crescendo, evoluindo… Lucas do Rio Verde tem mais de cem mil habitantes, olha a qualidade que tem lá. Nova Mutum, Sorriso… Esses municípios estão crescendo, tendo qualidade de vida, e Cuiabá ficou para trás.
Diante desse cenário, decidimos entrar para arrumar a vida de Cuiabá. Vi candidatos que não têm condições [para consertar], então decidimos entrar por gratidão e amor ao povo cuiabano.
Este Estado está com o viés de oitava economia, saímos da vigésima. Evoluímos tanto, então por que Cuiabá deve ficar para trás? Temos que fazer Cuiabá crescer.
MidiaNews – Se eleito, por onde começar a “faxina”?
Eduardo Botelho – Pela Saúde, porque ela não pode esperar. As pessoas estão sofrendo. Vai em qualquer unidade para você ver… São superlotadas, com atendimentos ruins, faltando tudo. Quem tem dor não pode esperar.
Não adianta falar “estou com dor” e eu falar “vou fazer um serviço e, daqui seis meses, compro um remédio para você”. Esquece. Isso não existe. Precisamos resolver de imediato a questão da Saúde, que está uma bagunça.
Não é por conta do servidor, porque médicos e enfermeiros bons, mesmo faltando tudo, estão atendendo, virando noite e finais de semana. É falta de gestão. É uma gestão desorganizada, que não tem controle, eles não sabem o que acontece na ponta. É um descontrole total.
Precisamos atuar fortemente na Saúde. Começaremos trabalhando pela ponta: vamos aumentar as Unidades de Saúde da Família e dar condições para elas.
Fui à uma unidade e chegou uma pessoa com corte na mão e o médico não fez sutura. Eu perguntei e o médico disse “não temos condições, aqui não tem anestésico e sutura. Tem que ir para a UPA”. Isso tem que acabar. Essas pequenas coisas tem que ser atendidas no Posto de Saúde. Se chega uma pessoa precisando tomar soro porque está passando mal, mandam para a UPA. Como? Isso tem que ser atendido ali.
Vamos resolver, então, a Saúde rapidamente com esse gerenciamento.
MidiaNews – No 7º andar fica o gabinete do prefeito, então quer dizer que senhor cuidará pessoalmente disso se for eleito?
Eduardo Botelho – Eu e o vice-prefeito, doutor Marcelo Sandrin. Quero deixar claro que esse sim é o médico com condições de ajudar, porque ficou a vida inteira trabalhando e atendendo no SUS.
Tem candidato dizendo que vai resolver o problema de Saúde. Resolver como se ficou a vida inteira dentro de gabinete? Pergunta se ele fez alguma ação no Pedra 90, se foi atender alguém… Não foi. É só balela, discurso em época de campanha. Não sabe de Saúde, quem sabe está na linha de frente, trabalhando.
MidiaNews – Provavelmente a Saúde será o maior desafio do próximo prefeito. Houve o episódio simbólico que o Tribunal de Justiça, por meio do Ministério Público Estadual, decretou intervenção do Estado sobre a secretaria. Por onde começar a consertá-la? Quais são os pontos emergenciais?
Eduardo Botelho – O emergencial é a ponta, chegar no povo. Primeiro se diminui a superlotação das UPAs, aí criar unidades dentro das UPAs para fazer tratamentos ortopédicos e os que não precisam de internação.
Por exemplo, a pessoa chega precisando tomar um sangue, mas a UPA não aplica, manda internar. Como? Ele pode fazer uma transfusão ali mesmo, melhorar e ir embora. É gerenciamento, a equipe é boa, os servidores são bons, os enfermeiros são de qualidade, os médicos são bons. É preciso gerenciar.
Gastou-se mais de R$ 1,5 bilhão com a Saúde e olha o caos que foi, porque não teve gerenciamento. Se você controlar isso, o dinheiro dá tranquilamente para fazer um grande serviço.
MidiaNews – O senhor citou em várias ocasiões que a corrupção complica a Saúde. Das 21 operações policiais que a Prefeitura foi alvo, a maioria é relacionada a essa secretaria. Qual o peso da corrupção neste resultado catastrófico?
Eduardo Botelho – É muito grande. Quando você tem descontrole, facilita a corrupção. O descontrole é para ter a corrupção.
A Saúde não tem controle, fui em todos os postos e ninguém tem controle de nada e isso facilita a corrupção. A primeira coisa que vamos acabar de vez na Saúde e em toda a prefeitura é a corrupção. Não dá para administrar do jeito que está.
Não é culpa dos servidores, quero deixar bem claro. É culpa dos gestores. Os servidores estão na ponta trabalhando. Quem faz as compras, pagamentos e contratos são os gestores. Eles, sim, são responsáveis por todo este caos na Saúde.
Victor Ostetti/MidiaNews

Botelho afirmou que o descontrole na Prefeitura de Cuiabá facilita os casos de corrupção
MidiaNews – Como acabar com a corrupção? Haverá uma devassa nos contratos feitos pela gestão de Emanuel Pinheiro? Se encontrar indícios de corrupção, o que fazer?
Eduardo Botelho – A devassa nos contratos é imediata, porque a culpa é dos contratos. A prefeitura gasta 48% do que arrecada com servidores. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, ela pode gastar até 54%.
O problema não está no gasto com o servidor, está nos contratos, porque são eles que estão consumindo os 54% da Prefeitura. É aí que temos que atuar, onde está o grande erro, a roubalheira que não está deixando ter uma Saúde de qualidade. Vamos atuar fortemente, logo de início, em todos os contratos.
Me fazem a pergunta “Botelho, você vai entrar lá para prender gente?”. Não, essa não é a minha função. Vou entrar para administrar e, o que encontrarmos, vamos encaminhar aos órgãos de controle tomar as providências. Nós vamos olhar para frente, colocar as coisas nos eixos, mas também não vamos jogar para baixo do tapete as coisas que encontrarmos. Isso não dá.
Um gestor responsável, se encontrou [indícios de corrupção], tem que encaminhar aos órgãos de controle, senão comete o crime de prevaricação.
MidiaNews – Em abril se falou sobre a estadualização do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), pois a prefeitura não dá conta do atendimento. O senhor acha viável?
Eduardo Botelho – Não sou a favor da estadualização. O HMC tem que continuar sendo municipal e quero evoluir, construir no antigo Pronto Socorro uma retaguarda para ele, para que possamos ter uma estrutura para cirurgia e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) que posam trabalhar como reserva técnica quando surgirem emergências. É dessa forma que queremos trabalhar, mas não estadualizar.
MidiaNews – Como regularizar o caixa da capital, levando em consideração a dívida de R$ 1,3 bilhão que o TCE apontou? Pretende fazer acordos com fornecedores e prestadores de serviço?
Eduardo Botelho – Na verdade, essa dívida estará entorno de R$ 1,7 bilhão. Pode anotar. É daí para mais. Vamos pegar a prefeitura com R$ 800 milhões de dívida de curto prazo.

Essa dívida estará entorno de R$ 1,7 bilhão. Pode anotar. É daí para mais. Vamos pegar a prefeitura com R$ 800 milhões de dívida de curto prazo
A dívida de curto prazo é aquela que quem forneceu [para a prefeitura] quer receber. Se você trabalhou, recebeu medicamentos, vendeu equipamentos e não recebeu… Está tudo na conta e você [gestor] tem que pagar.
No ano que vem, quem entrar na prefeitura – e espero que seja eu – vai entrar com 20% do orçamento totalmente comprometido. Se você tem um orçamento entorno de R$ 4 bilhões, tem R$ 800 milhões já devendo. Seria como pegar dinheiro no agiota, uma loucura.
Vamos começar a prefeitura com uma dívida estupenda. Vamos ter que reanalisar toda a dívida. É direito, não adianta falar que não vamos pagar, porque é injusto. O Estado não pode deixar de pagar alguém que forneceu equipamento, isso não é permitido.
Vamos ter que renegociar tudo, olhar preço, custo. É possível que haja coisas que nem foram feitas. Vamos negociar para tentar pagar o que é justo e com um preço justo.
Renegociar novos contratos, fazer uma contenção inicial dura em cima dos custos para equilibrarmos as contas. Parar de gastar mais do que arrecada. Não adianta. Se você arrecada, mas gasta mais, nem sua casa sobreviverá, então imagina uma prefeitura.
MidiaNews – Visto o rombo bilionário e esses R$ 800 milhões de restos a pagar, como fazer com que o caixa permita investimentos?
Eduardo Botelho – Queremos chegar a, pelo menos, 20% do orçamento – que é o que o Governo do Estado tem hoje – para investimentos. Isso daria entorno de R$ 800 milhões. Aí teremos condições de fazer parcerias, colocar o dinheiro para fazer obras.
Inicialmente, não vamos trabalhar com o caixa da prefeitura. Vamos trabalhar com recurso do Governo do Estado, das emendas parlamentares para fazer quilômetros de asfalto nos quatro anos.
No primeiro ano, temos que ter pelo menos R$ 150 milhões para investir em asfalto novo. Temos quer ter outros R$ 100 milhões para investir em recapeamento, porque quero pararcom tapa-buracos, que não resolve.
Olha o que Kalil está fazendo em Várzea Grande, ele partiu para parar com tapa-buraco, está fazendo um recapeamento. Anda nas ruas de Várzea Grande para ver a diferença. É dessa forma que queremos trabalhar e, para isso, estamos atrás dos deputados estaduais.
Cada deputado terá ano que vem R$ 30 milhões de emenda. Gostaria que cada um colocasse R$ 10 milhões, ficaria lindo, mas que – se não colocar R$ 10 milhões – coloque R$ 5 milhões. São R$ 120 milhões.
Os deputados federais, que são oito, terão entorno de R$ 100 milhões de emenda. Será que cada um não pode pôr R$ 10 milhões de emenda em Cuiabá? Não tem voto aqui? Pode! Nós vamos atrás deles.
Victor Ostetti/MidiaNews

O candidato disse que procurará deputados estaduais a fim de convencê-los a ajudar a recuperar Cuiabá com a aplicação de emendas
A arborização, por exemplo, estamos com um projeto. Já negociamos com a Energisa, já conversamos, e eles [membros da equipe] farão um grande investimento de plantio de árvores. Conversamos com a [empresa] Rumo, que tem que – obrigatoriamente – colocar um valor grande em compensação ambiental e que uma grande parte venha para Cuiabá.
Estamos falando com a Rumo [sobre uma quantia] entorno de 200 mil árvores para plantar aqui e eles estão concordando. Aí faremos estudos das vias urbanas e dos quintais, que são muito importantes para nós. Até mais importantes, porque dá para fazer uma arborização até maior na frente da casa.
Vamos parar com esse negócio de dar muda. Esquece. Você dá uma muda e depois morre. Mais de 90% das mudas doadas morrem. Aí fica a ilusão. Não senhor. Quero [plantas] de 80 centímetros a 1 metro para doar, aí vamos criar o aplicativo para que a pessoa receba e nós acompanhamos.
MidiaNews – Sabemos que uma cidade feia – esburacada, suja e sem o paisagismo adequado – cria um impacto negativo na autoestima das pessoas. Quando Roberto França assumiu, ele fez um trabalho de embelezar a cidade e isso resgatou parte da autoestima. Você tem algum projeto para, de cara, fazer um mutirão nesse sentido?
Eduardo Botelho – Com certeza. Cuiabá coleta entorno de 15 toneladas de lixo por dia. Faz uma coleta através da limpeza urbana de 4 toneladas. Isso tudo vai para a empresa Horizon do Pedra 90, mas eles reciclam praticamente nada.
A coleta seletiva praticamente não existe. Existem quatro cooperativas que fazem pouquíssima coleta seletiva. Existem mais de cinquentas bolsões de lixo em Cuaibá, que são lugares onde você passa e está cheio de lixo jogado.
Hoje limpam a praça, mas não cuidam da arborização, do jardim e da planta. Não quero culpar os outros prefeitos, mas o último que fez isso foi o Roberto França. Vocês lembram disso, até a mãe dele ficava molhando [planta] na rua. Precisamos voltar a ter esse amor de ter uma praça bem cuidada.
Queremos fazer um grande programa de conscientização e também obrigar os condomínios a fazerem a coleta seletiva. Ora! Não é padrão de alto nível? Lá não está só gente que tem dinheiro, pessoas esclarecidas? Por que não fazer uma coleta seletiva? Nós vamos trabalhar duramente em cima disso.
MidiaNews – Quando se fala sobre os problemas de Cuiabá, fala-se sobre problemas emergenciais. Quais serão as medidas que pretende implementar para resolver essas questões nos 100 primeiros dias de mandato?
Eduardo Botelho – Os 100 primeiros dias será para darmos uma geral na cidade na questão de limpeza, arrumarmos a Saúde para dar resultado e nas ruas, porque temos uma janela que é o tempo seco e temos que aproveitar para que, quando as chuvas comecem, não tenhamos ruas acabadas.
Vocês vão ver quando as chuvas começarem que os buracos voltarão. Vamos fazer um trabalho preventivo para que nesses cem dias não possamos chegar ao período da chuva e volte tudo de novo.
MidiaNews – O senhor falou sobre não fazer tapa-buraco, mas sim um recapeamento. Por que isso nunca foi feito antes? Como essa proposta funciona?
Eduardo Botelho – Você pega uma massa nova e coloca em um asfalto que tem mais de 40 anos. Sabe o que vai acontecer quando vier a chuva? Ele vai rasgar de lado, soltar tudo e o buraco ficar maior. É ensinamento bíblico.
O tapa-buraco é indutor de novos buracos, com o tempo vai aumentando [o buraco], porque está velho o que está ali. Temos que renovar aquilo, fazer uma capa inteira de renovação. O Kalil está fazendo isso em Várzea Grande e está dando resultado.
Os municípios do interior não fazem tapa-buracos, fazem o recapeamento, micro revestimento, lama asfáltico que impermeabiliza e cria unidade, sem indução do buraco.
Quando você coloca uma massa, ela fica alta e o que está em volta é velho, está com a vida útil acabada. Aí você passa em um buraco o carro sobe, o pneu bate de novo e o buraco vai soltando areia, grão e aumentando. Temos que parar com isso, é só jogar dinheiro fora.
Veja a entrevista:
FONTE: MIDIA NEWS







