Polícia: carros de vereador estão em nome de “testas de ferro”

Os investigadores da Ficco-MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) identificaram uma “discrepância” entre a renda e a declaração de bens do vereador Paulo Henrique (MDB), que foi preso nesta sexta-feira (20) na Operação Pubblicare.

As investigações revelaram que Paulo Henrique não detém bens patrimoniais registrados em seu nome

 

Um parlamentar cuiabano recebe aproximadamente R$ 47 mil. O montante é composto pelo salário de R$ 18,9 mil, R$ 19 mil em verba indenizatória, R$ 2,2 mil de auxílio-saúde e uma gratificação de desempenho de atividade em comissão permanente, de R$ 6,6 mil.

 

Ocorre que o vereador não apresenta nenhum bem declarado à Receita Federal. O fato levantou a suspeita para potencial ocultação de bens, que pode ser associadà à lavagem de dinheiro.

 

“Apesar de possuir uma renda bruta mensal considerável, em virtude de seu cargo de vereador e os benefícios a ele correlatos, as investigações revelaram que Paulo Henrique não detém bens patrimoniais registrados em seu nome, o que suscita considerável suspeita”, consta em trecho da decisão do juiz João Francisco Campos de Almeida, do Nipo (Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá), que autorizou a prisão de Paulo Henrique. 

 

“A discrepância entre a renda informada e a ausência de propriedade é um indicativo potencial de ocultação de bens, frequentemente associado a práticas ilícitas como lavagem de dinheiro”.

  

“Testa de ferro” e o Jeep Compass

 

A investigação apontou que o motorista José Marcio Ambrósio Vieira, que é tio da atual esposa de Paulo Henrique, Luany Vieira Masson, seria um dos seus “testas de ferro” para a ocultação de bens.

 

“Foi ainda verificado que o vereador obteve vantagens econômicas por meio de seu ‘testa de ferro’, identificado como José Marcio Ambrósio Vieira”, consta no documento.

 

Durante as investigações, policiais seguiram os passos de Paulo Henrique e constataram que, ao término do expediente na Câmara de Vereadores, ele foi para casa em um Renaut Sandero prata.

 

O carro está em nome de José Márcio, apontado como o “indivíduo utilizado por Paulo Henrique para ocultação e transações financeiras provenientes de corrupção”.

 

Os policiais ainda identificaram que na garagem do apartamento do parlamentar havia um Jeep Compass, registrado em nome de Maria Edinalva Ambrósio Vieira, irmã de José Marcio. Para a Polícia, ela também era “utilizada para ocultação de patrimônio e transações financeiras”. 

 

O Jepp Compass foi apreendido na Operação Ragnatela, deflagrada em junho deste ano, quando o vereador sofreu ordem de busca e apreensão.  Segundo a Polícia, “a equipe flagrou Paulo Henrique ao volante do veículo, o que corrobora a sua propriedade de fato”.

 

A investigação ainda apontou que o parlamentar, além de usar Maria Edinalva para aquisição do Compass, também usa cartões de crédito em nome dela. A suspeita foi levantada pois há fotos no aparelho celular do parlamentar com cartão de crédito em nome da mulher.

 

“Essa prática visa ocultar seus elevados gastos em relação aos rendimentos lícitos auferidos, caracterizando, assim, uma conduta potencialmente configura de lavagem de dinheiro”, consta. 

 

A Operação

 

A Operação Pubblicare investiga o uso de casas noturnas para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Os alvos são servidores que teriam atuado para beneficar o esquema. 

 

Segundo a Polícia, ao todo a operação cumpriu 15 medidas cautelares, expedidas pela Justiça. Além do mandado de prisão preventiva do vereador, houve ainda sete mandados de busca e apreensão, o sequestro de seis veículos e um imóvel e o bloqueio de contas bancárias.

 

A operação é realizada pela Ficco-MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), que reúne policiais estaduais e federais.

 

A Operação Pubblicare decorre do desmembramento da operação Ragnatela, deflagrada em junho, quando a Ficco-MT desarticulou um grupo criminoso que teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil.

 

A compra foi paga em espécie, com o lucro obtido com atividades ilícitas. A partir de então, os suspeitos passaram a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa e promoters.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

Vereador recebeu R$ 1,2 mi na conta em 1 ano; R$ 408 mil em Pix

 

FONTE: MIDIA NEWS

comando

Sair da versão mobile