A defesa de Eroaldo Oliveira, Ana Paula Parizotto e Tatiana Gracielle Bassan Leite, ex-gestores da Unimed Cuiabá, publicou uma nota de esclarecimento na última sexta-feira (1º de novembro) em resposta à operação “Bilanz”, da Polícia Federal. Há a suspeita de um rombo de R$ 400 milhões nos cofres da cooperativa de médicos, especializada no atendimento a planos de saúde.
No texto, o advogado Luíz Sávio Fernandes de Campos comemora a soltura dos clientes, que foram presos na deflagração da operação “Bilanz” em 30 de outubro de 2024, classificando o episódio como um “teatro”.
“Esse teatro arquitetado para exposição ainda mais da imagem de Eroaldo, Ana Paula e Tatiana caiu por terra”, diz trecho da nota.
O advogado segue no texto, revelando uma suposta “provocação” de uma “autoridade”, respondendo a ela que “quem irá se surpreender será o Sr. [autoridade] ao final de todo esse processo. Onde os verdadeiros criminosos serão identificados e responsabilizados” .
“Durante o dia 30/10/2024, uma autoridade me afirmou: ‘Dr, o Sr vai se surpreender com o que consta na decisão judicial’ (decisão esta que solicitou a prisão temporária dos indiciados). E após ler a decisão e considerando todo o trabalho que já desenvolvemos, não tive nenhuma surpresa ante o que já estamos discutindo e externo a esta mesma autoridade neste momento: quem irá se surpreender será o Sr. ao final de todo esse processo. Onde os verdadeiros criminosos serão identificados e responsabilizados”, garantiu Luiz Sávio.
Ainda em sua manifestação, o advogado também sugere que os médicos cooperados da Unimed Cuiabá também são responsáveis pelo rombo de R$ 400 milhões decorridos da suposta fraude contábil e financeira.
“Como pode uma cooperativa, composta por milhares de membros, estes membros apenas médicos, cooperados, que possui órgãos deliberativos como assembleia geral, diretoria executiva, conselho fiscal, conselho de administração, todos esses órgãos compostos exclusivamente por dezenas de médicos, querer imputar a contratados e empregados, poder deliberativo? Faz sentido?”, questiona Luiz Sávio de Campos.
A nota revela, ainda, uma suposta perseguição a médicos cooperados que foram processados pela Unimed Cuiabá que não quiseram fazer parte do rateio de uma fração da dívida de R$ 400 milhões, no valor de R$ 150 milhões.
“Foram aproximadamente 120 (cento e vinte) médicos cooperados que foram processados pela Unimed Cuiabá, todas as ações distribuídas entre 13/03/2024 a 15/03/2024. Uma média de aproximadamente 40 processos por dia. Eficiência, já estava tudo preparado ou existe algum outro motivo?” .
OPERAÇÃO BILANZ
A denúncia, oferecida pelo MPF à Justiça Federal, em 26 de agosto, acusa os ex-gestores da Unimed de sete crimes de falsidade ideológica. Entre os denunciados, estão o ex-diretor presidente, a ex-diretora administrativo-financeira, a antiga chefe do departamento jurídico, o antigo CEO, a ex-superintendente administrativo-financeira e a ex-chefe do Núcleo de Monitoramento de Normas.
As irregularidades apontadas consistem na omissão intencional de passivos (obrigações) e na inclusão indevida de ativos (bens e direitos), distorcendo as demonstrações contábeis para apresentar um resultado econômico artificialmente mais favorável.
Segundo a acusação, os denunciados produziram e apresentaram à ANS informações econômico-financeiras com graves irregularidades em sete ocasiões distintas, entre setembro de 2022 e março de 2023. Isso incluiu tanto a apresentação de Documento de Informações Econômico-Financeiras das Operadoras de Planos de Saúde (DIOPS) quanto ofícios posteriores, que buscavam justificar omissões ou inserções de informações relevantes.
A investigação foi instaurada a partir de uma notícia-crime formulada pela própria Unimed Cuiabá, em 31 de julho de 2023, demonstrando a atual colaboração da entidade com as autoridades.
FONTE: Folha Max