Matar delator era questão de honra no PCC, mas quem vazou informação de que ele estava no aeroporto?
O atentado contra Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, nesta sexta-feira, 8, foi um desfecho trágico que era iminente. Ele vinha fazendo a delação premiada e era suspeito de ter mandado matar um integrante importante do Primeiro Comando da Capital (PCC), o Cara Preta, e seu motorista. Como as matérias do Estadão têm mostrado, ele também fazia parte de um grupo da facção que movimenta muito dinheiro por causa das relações com o tráfico internacional de drogas.
Isso acaba levando a vários esquemas de lavagem com criptomoedas, imóveis, postos de gasolina… e ele era um dos mediadores desse esquema de lavagem. Diante dessa ameaça de morte constante, já se falava e era sabido do grau de risco que Gritzbach corria. Tanto que ele chegou a sofrer um atentado por um sniper dentro do prédio em que morava.
E por que um ataque no Aeroporto de Guarulhos? Acredito que isso tenha sido uma questão de oportunidade. Mesmo ele se protegendo e tomando precauções, essa ida ao aeroporto, provavelmente, foi uma chance de ele ser pego desprevenido.
Para os criminosos, o local público é pior para esse tipo de ataque, porque aumenta o risco de identificação, de prisão, de dar errado. O ideal para eles seria que fosse feito sem testemunha, de forma discreta. Mas foi sobretudo uma questão de oportunidade para eliminar um cara que era alvo central e uma questão de honra mesmo para essa cúpula muito endinheirada e forte. Foi uma chance que eles tiveram, provavelmente com uma informação que deve ter vindo de fontes que sabiam o que estava acontecendo. E eles tiveram tempo de planejar.
Então também tem essa coisa do vazamento de informação que é uma suspeita relevante. Como é que vazou? Como é que eles puderam chegar no alvo? Como é que eles tiveram a chance de fazer esse planejamento? São perguntas que ainda não têm respostas.
”MSN”