O produtor rural de Água Boa (750 Km de Cuiabá) e dono do grupo Terra Fértil, Vilson de Oliveira Andriollo, ingressou com um pedido de recuperação judicial com dívidas acumuladas de R$ 186,5 milhões. Em despacho publicado na última segunda-feira (11), o juízo da 4ª Vara Cível de Rondonópolis (216 Km de Cuiabá), autorizou o início do trâmite do processo.
Nos autos, Vilson, produtor de soja, milho e gergelim e pecuária que atua com seus familiares Paula Roberta Ferreira Martins Andriollo e Tyrone da Silveira Andriollo, garante “possuir sólida viabilidade econômica” para superar o momento de crise. “A recuperação judicial não apenas representaria uma chance de reestruturação financeira, mas também um meio de garantir a sustentabilidade de suas atividades econômicas no futuro”, dizem os produtores.
Segundo os autos, aproximadamente 80% da dívida do grupo fundado em 2001 é com instituições financeiras, sobretudo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O grupo também tem dívidas com revendas e não possui débitos trabalhistas.
O Grupo Terra Fértil cultiva grãos e mantém integração lavoura-pecuária (ILP) em 3,6 mil hectares . Da área total, 3 mil hectares são próprios e 600 hectares são arrendados. O grupo possui 30 empregados diretos.
Em 2004, a organização enfrentou a primeira crise, com o impacto de problemas econômicos no Brasil. Dez anos depois, uma seca extrema que paralisou o plantio levou o grupo a enfrentar nova crise.
Em 2019, os sócios venderam fazendas em Ribeirão Cascalheira (MT) para quitar parte das dívidas. Em 2022, o grupo viu a crise financeira piorar com o aumento da taxa Selic.
Segundo a companhia, os juros de contratos de empréstimo subiram na época de 5,5% ao ano para 30,1%. Ainda tentando se equilibrar, o grupo sofreu prejuízos na safra, por causa da seca em Mato Grosso no segundo semestre de 2023.
Além da quebra de safra por causa do clima, o pai de Vilson, Olmiro Andriollo, com quem ele tinha negócios em conjunto, faleceu em 2021, e as dívidas foram assumidas pelo grupo, que pagou R$ 40 milhões em débitos do patriarca, aprofundando ainda mais a sua crise. O juiz ainda determinou que o advogado Rogério de Lellis Pinto, de São Paulo (SP), atuará como administrador judicial do grupo durante o processo de recuperação judicial.
Com o processamento dos autos, os produtores possuem 60 dias para apresentar o plano de recuperação – a proposta de pagamento das dívidas, com prazos e deságios. Durante 180 dias a organização fica “blindada” (stay period) de ações de cobranças dos débitos arrolados no processo de recuperação judicial.
Confira abaixo a lista de credores dos produtores em crise:
Classe I, Trabalhista:
EDILANE DE MORAIS E SOUZA – R$ 5.351,48;
MARCILENE FERREIRA DE OLIVEIRA FONSECA – R$ 5.306,13;
MARILZA JESUS SANTOS – R$ 4.009,50;
ADELAR DA SILVA – R$ 7.041,53;
ALMIRO ALVES DOS SANTOS – R$ 4.058,96;
ANTONIEL MARTINS RAMOS – R$ 8.499,82;
AUREA GRANDE RIBEIRO – R$ 1.907,84;
BIA TAILENI MONTEIRO – R$ 6.500,73;
DEIVIS SAMUEL SOLORZANO RAMOS – R$ 4.187,66;
DOGRIMAR FRANCISCO DE SOUZA – R$ 6.884,31;
FABIO MARQUES PARREIRA FILHO – R$ 4.910,86;
FABIO VITOR DE LIMA CAMPOS – R$ 2.973,84;
GABRIEL ASSUNÇÃO DA SILVA – R$ 5.160,39;
JUAREZ CANDIDO RIBEIRO – R$ 2.059,01;
KENIA KARLA FERREIRA MARTINS PARREIRA – R$ 5.841,00;
LAYZA THAYLLANE LIMA BATISTA – R$ 5.627,12;
MARCOS ANTONIO BARRADAS DA SILVA LEAL – R$ 6.293,14;
MARCOS CASTRO CARDOSO – R$ 5.597,18;
MARCOS GUEDES RIBEIRO – R$ 4.635,99;
MARIA FERNANDA GRANDE RIBEIRO – R$ 2.561,65;
MARIA JULIA GRANDE RIBEIRO – R$ 3.406,25;
NALDYNE FOLVER COSTA DE MORAIS – R$ 3.646,97;
NELSO PORTELLA DE LIMA – R$ 5.628,04;
PEDRO MONTEIRO DA SILVA – R$ 3.188,38;
REGINALDO FERREIRA DOS SANTOS – R$ 9.007,09;
REILA CRISTINA CRUVINEL DE OLIVEIRA – R$ 7.099,13;
RENAN DE OLIVEIRA DUARTE – R$ 6.358,55;
VALDIVINO SANTOS SILVA – R$ 5.902,38;
VERBERLEY RODRIGUES DA SILVA – R$ 7.072,59;
WESLEY FERREIRA DE SOUSA – R$ 8.746,68.
TOTAL TRABALHISTA: R$ 166.563,33 –
Classe II, Garantia Real:
BANCO DO BRASIL – R$ 81.476.368,78;
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – R$ 41.139.629,67;
BANCO BRADESCO – R$ 2.615.071,54;
AGREX DO BRASIL LTDA – R$ 350.300,00;
AGRICOLA ALVORADA S.A. – R$ 4.723.732,28;
BANCO CNH INDUSTRIAL CAPITAL S.A. – R$ 4.956.318,79;
BANCO RABOBANK INTERNATIONAL BRASIL S/A – R$ 22.867.246,86;
CARGILL AGRICOLA S.A – R$ 654.584,00;
NG TRADE LTDA – R$ 1.817.599,20;
RURAL BRASIL LTDA – R$ 3.726.446,00;
AGRITEX COMERCIAL AGRÍCOLA LTDA – R$ 4.000.000,00;
ESTÃNCIA BAHIA LEILÕES – R$ 7.500.000,00.
TOTAL GARANTIA REAL: R$ 175.827.297,12
Classe III, Quirografários:
BANCO DO BRASIL – R$ 50.000,00;
SINOVA INOVACOES AGRICOLAS S.A – R$ 215.161,94;
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – R$ 40.000,00;
AGREX DO BRASIL LTDA – R$ 4.169.206,72;
AGRICOLA ALVORADA S.A. – R$ 528.442,00;
CARGILL AGRICOLA S.A – R$ 72.000,00;
PANTANAL AGRICOLA S.A. – R$ 45.000,00;
RURAL BRASIL LTDA – R$ 40.300,50;
SYNGENTA SEEDS LTDA – R$ 40.050,00;
FATTORIA COM. E REP.DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LTDA – R$ 36.495,00;
TOTAL QUIROGRAFÁRIO: R$ 10.473.312,32
Classe IV, ME/
EPP: GESSO VITORIA LTDA – R$ 14.000,00;
T. CASTANHO GIMENES LTDA – R$ 8.000,00.
TOTAL ME – EPP: R$ 22.000,00 –
TOTAL GERAL: R$ 186.489.172,77
FONTE: Folha Max