Diante do atroz atentado nas proximidades da Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde um homem morreu, vítima do artefato que ele mesmo construiu para ceifar vidas alheias, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal – STF, perguntou: “Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?”. O ministro decano do STF, Gilmar Mendes acredita que o atentado foi provocado pelo fanatismo político e pela indústria de desinformação, estimulada por líderes políticos. O ministro Alexandre de Moraes disse lamentar a mediocridade de várias pessoas que continuam querendo banalizar o gravíssimo ato terrorista, disse ainda, que no mundo todo alguém que coloca na cintura artefatos para explodir pessoas é considerado um terrorista.
“As ideologias extremistas vêm acompanhadas de intolerância, recusa ao diálogo respeitoso e como último recurso, a violência e líderes extremistas chegam almejam a política para desestabilizar a democracia e pressionar a favor de um lamentável retrocesso”
Olga Lustosa
Não devemos banalizar ataque às instituições. As ideologias extremistas vêm acompanhadas de intolerância, recusa ao diálogo respeitoso e como último recurso, a violência e líderes extremistas chegam almejam a política para desestabilizar a democracia e pressionar a favor de um lamentável retrocesso.
O que está acontecendo com os brasileiros é que os ressentimentos estão sendo explorados, facilmente. Desde 2018, a política, sobretudo em período de disputa eleitoral assumiu contornos extremistas. O fanático político está em toda parte, sendo alimentado pelas notícias falsas, virando um alvo incapaz de interagir civilizadamente com quem pensa diferente, porque é facilmente manipulado, tem suas emoções controladas e empatia limitada com os outros cidadãos, a quem chama de inimigos do povo. Essa narrativa propagadora ódio e violência cansou todo mundo. O ex-presidente Jair Bolsonaro, quanto ao atentado citado, disse que o caso exige reflexão, que já está na hora de o Brasil voltar a cultivar o ambiente favorável para abrigar pessoas que possam pacificamente confrontar suas ideias.
As ideologias extremistas seduziram muitos seguidores, que acreditam profundamente nas ideias defendidas pelos líderes aos quais estão vinculados e ignoram todas as outras fontes de informação. O extremismo é uma ameaça para o avanço do debate e as ações que saem fora da agressividade verbal, devem ser tratadas apressadamente, de maneira enérgica. Um caso de violência motivado por extremismo político não pode ter tempo de inspirar outro, mesmo que, por conveniência, o ato violento seja tratado com o contorno de isolado. O desfecho do caso recente do atentado em Brasília puniu um agressor que até recentemente era filiado a um partido político, tentava se eleger vereador numa pequena cidade do interior de Santa Catarina, embora tivesse uma folha corrida de atitudes extremadas e violentas.
Sabemos que o debate político está sujeito a sofrer tensões, sempre as opiniões divergentes entram em cena, mas as pessoas extremistas debatem em nível civilizado apenas com as pessoas que compartilham a mesma visão de mundo, e, esse acúmulo de mais da mesma informação acarreta a visão mais extrema da política e muitas vezes, leva ao desenvolvimento das teorias conspiratórias, como o caso das urnas eletrônicas, que sabidamente promove a eleição de políticos da extrema direita e da extrema esquerda.
Observa que os líderes manipuladores, têm um discurso inflamado para as redes sociais, porém, se mantém próximo do círculo do poder, se equilibrando para sobreviver no que eles, em público chama com desprezo, de sistema.
Olga Lustosa é socióloga e cerimonialista pública. Escreve com exclusividade para esta coluna aos domingos. E-mail: olgaborgeslustosa@gmail.com
FONTE: RDNEWS







