As sublimíssimas palavras do prólogo do evangelho de João: “e a palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), constituem a essência do mistério do natal e ponto culminante da história da salvação. Segundo S. Agostinho, estas palavras deveriam ser escritas com letras de ouro.
O Natal celebra a visita e inserção de Deus na história humana, trazendo gratuitamente a graça da salvação esperada, começando pelos últimos, que é a lógica do amor de Deus. Segundo a narrativa de Lucas, foram os humildes pastores, os primeiros adoradores de Jesus em sua manjedoura. O mistério da encarnação é o maravilhoso encontro da vida divina com a vida humana. É o intercâmbio entre o céu e a terra. Cuidemos para não deixar que a euforia e o “frenesim” das compras dos presentes, e a ânsia de consumo, que aguçam os corações e mentes neste tempo, nos desviem do verdadeiro mistério do natal.
É bem verdade que o consumo tem, também, um aspecto positivo, pois, dinamiza e ativa a economia, gerando muitas frentes de trabalhos e empregos. Mais emprego, mais renda na família. Entretanto nossa atenção maior deve ser a alvissareira e alegre notícia comunicada pelo anjo aos pastores: “Eis que vos anuncio uma grande alegria: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor (Lc 2,10)”. A salvação prometida por Deus aos homens na mensagem dos profetas do Antigo Testamento, torna-se realidade concreta com a vinda de Jesus, o messias esperado. A revelação bíblica, nas palavras do profeta Isaias, nos apresenta Jesus como o “Emanuel”, isto é, o “Deus-conosco”.
Alguém que vem para ser nosso amigo, nosso companheiro de jornada e de história neste mundo
Alguém que vem para ser nosso amigo, nosso companheiro de jornada e de história neste mundo. Na contemplação ao presépio, somos convidados a meditar o mistério do amor gratuito e solidário de Deus para com a humanidade. O menino Deus é o maior presente do Pai. O nascimento em Belém tem um profundo significado. a palavra “Belém”, traduzida do hebraico para o português significa “Casa do Pão”.
Sabemos que Jesus teve uma relação particular com o pão: nasceu em Belém, alimentou multidões ensinando a partilhar o pão (Mt 14, 13-21, Mc 6, 31-44; Lc 22,14-23), quis ficar no meio de nós fazendo-se pão na eucaristia (Mt 26, 20-29; Mc 14, 17-25) e depois da ressurreição, revelou-se aos discípulos ao partir o pão (Lc, 24, 13-35). No natal, somos convidados a Sair de nós mesmos e caminhar até Belém para encontrarmos Aquele que é o pão vivo e verdadeiro. Belém é a casa do pão e convite para partilhar sempre, na gratuidade do amor. A profecia messiânica de Miquéias: “E Ele mesmo será nossa paz” (Mq 5,4), é realizada no natal. Jesus é o príncipe da paz!
E para celebrarmos um natal de paz precisamos desarmar os espíritos, buscar a concórdia, a pacificação familiar e a reconciliação com todos e todas, até com nossos desafetos. Lembremo-nos que o perdão é o único remédio capaz de curar as feridas causadas pelas ofensas e contendas, adubadas e potencializadas pelo ódio. O perdão é o bálsamo da alma. Abramos o coração e sejamos uma Manjedoura viva para acolher, com alegria, o Divino Salvador, o nosso médico celestial. Só Ele capaz de curar as feridas de uma alma ressentida e magoada. Somente na força do Senhor construiremos a verdadeira e duradoura paz.
Porquanto, a construção da cultura da paz, deve ser uma tarefa diária em nossa vida. Abracemos com fé e esperança o sonho de Deus para o mundo cantado pelo coro dos anjos: “Glória Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos homens que ele ama” (Lc 2, 14). Desejamos que todos tenham um natal de paz e reconciliação”! Boas festas natalinas! FELIZ, SANTO E RENOVADOR NATAL PARA TODOS!
Padre Deusdédit de Almeida é Cura da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá
FONTE: MIDIA NEWS







