O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Orlando Perri, disse ser contrário à posição do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), em proibir a distribuição de marmitas a moradores em situação de rua na cidade, assim como não concorda com a “oferta” do prefeito em pagar a passagem para que essas pessoas retornem a suas cidades de origem.
A declaração de Perri se deu na manhã desta sexta-feira (17), após uma vistoria no canteiro próximo à Rodoviária de Cuiabá, onde pessoas montaram barracas com lonas e pedaços de madeira, ocupando o local. As autoridades também vistoriaram o Beco do Candeeiro, localizado no Centro Histórico da Capital.
“Nós temos que abordar a causa dos problemas que os levaram à situação de rua. Nós temos que fazer um programa bastante amplo para que nós possamos ter sucesso nessa empreitada”, declarou.
Paulo Henrique Fanaia
Para o desembargador, é necessário consultar especialistas da área para “realmente conhecer os problemas e atacá-los nas suas redes” e a motivação para retirar os moradores em situação de rua do local, apresentada por Abilio, “parece não ser a mais adequada”.
“Lamentavelmente, eu discordo do prefeito. Não é por esta via, cortando a alimentação desse povo, que nós vamos tirá-los desse território daqui. Absolutamente. Nós não vamos conseguir êxito de tirá-los daqui, suprimindo as necessidades deles, como alimentação ou qualquer tipo de atenção que a administração pública pode fornecer a eles. Porque eles são territorialistas”, disse Perri.
Kethlyn Moraes
Canteiro próximo à Rodoviária de Cuiabá, ocupado por moradores em situação de rua
Perri afirmou ainda sobre o pré-conceito de que esta população estaria em tal situação devido às drogas, destacando que “antes da droga, teve um outro problema que o levou às drogas”, por isso reafirmou a necessidade em conversar com essas pessoas e entender o motivo que as levaram a estar ali.
“São seres humanos que estão vivendo em situação de muita precariedade. O Poder Público tem que dar a atenção necessária para ele. E nós temos que auxiliar, inseri-lo na rede de proteção do Estado. O papel principal é das prefeituras municipais. O Governo do Estado de Mato Grosso, inclusive, está se propondo a doar um lugar para que se possa fazer um centro de atenção a essas pessoas da população de rua”, declarou o desembargador.
FONTE: RDNEWS