Fake news e política: uma disputa digital | RDNEWS

Rodinei Crescêncio

Nos últimos meses, o Brasil tem sido palco de intensas discussões sobre a possível taxação do Pix, um sistema de pagamento instantâneo que se tornou extremamente popular no país. A polêmica começou quando surgiram rumores de que o governo estaria planejando implementar uma taxa sobre as transações realizadas via Pix. Essas informações, no entanto, foram rapidamente desmentidas pelo governo, que reforçou a gratuidade do serviço através de uma Medida Provisória (MP) publicada recentemente.

A disseminação de fake news sobre a taxação do Pix é um exemplo claro de como a desinformação pode causar pânico e confusão na população. As notícias falsas, muitas vezes propagadas por políticos e figuras públicas, levaram muitas pessoas a acreditar que seriam cobradas taxas adicionais por utilizarem o Pix. Essa narrativa foi amplamente difundida nas redes sociais, gerando um clima de desconfiança e insegurança.

A propagação de fake news no Brasil não é um fenômeno novo, mas tem se intensificado nos últimos anos, especialmente no contexto político. O país é um dos mais vulneráveis à desinformação, com uma população que frequentemente utiliza as redes sociais como principal fonte de notícias

Para entender melhor o que aconteceu, é importante destacar que a Receita Federal havia proposto uma norma que ampliava a fiscalização sobre transferências mensais superiores a R$ 5 mil realizadas por pessoas físicas. Essa medida foi interpretada erroneamente como uma tentativa de taxar o Pix, o que não era o caso. O governo, ao perceber a repercussão negativa e a disseminação de fake news, decidiu revogar a norma e publicar a MP que garante a gratuidade do Pix e proíbe a cobrança de valores adicionais em transações realizadas por meio do sistema.

A propagação de fake news no Brasil não é um fenômeno novo, mas tem se intensificado nos últimos anos, especialmente no contexto político. O país é um dos mais vulneráveis à desinformação, com uma população que frequentemente utiliza as redes sociais como principal fonte de notícias. Uma pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que o Brasil é o país onde a população mais acredita em notícias falsas entre as nações pesquisadas.

Destarte, a política brasileira tem se transformado em uma verdadeira batalha pelo domínio das mídias digitais. As redes sociais se tornaram ferramentas poderosas para a disseminação de informações, sejam elas verdadeiras ou falsas. Políticos e partidos utilizam essas plataformas para se comunicar diretamente com os eleitores, divulgar suas propostas e mobilizar apoio. No entanto, essa facilidade de acesso à informação também apresenta desafios significativos, como a proliferação de fake news e a manipulação da opinião pública.

Além disso, o governo tem enfrentado dificuldades significativas em utilizar as mídias digitais de forma eficaz para se comunicar com a população. Essa inabilidade tem deixado o governo em desvantagem na disputa pelo domínio das redes sociais, permitindo que a oposição se aproveite dessa lacuna para disseminar fake news e manipular a opinião pública. A falta de uma estratégia digital robusta e a incapacidade de responder rapidamente às desinformações têm prejudicado a imagem do governo e comprometido a confiança da população nas instituições governamentais.

A velocidade com que as informações se propagam online exige respostas rápidas dos políticos e uma atenção constante da população. A transparência e a veracidade das informações são fundamentais para garantir um debate político saudável e democrático. No entanto, a falta de regulamentação e a desinformação podem comprometer a integridade do processo político e a confiança nas instituições.

A reflexão que se traz é sobre o poder das mídias digitais e como elas podem definir o futuro de uma nação. As redes sociais têm o potencial de fortalecer a democracia, aumentando a participação política da população e promovendo um debate mais inclusivo e diversificado. No entanto, é essencial que haja um esforço conjunto para combater a desinformação e garantir que as informações compartilhadas sejam precisas e confiáveis.

A alfabetização midiática e a educação para o uso crítico das redes sociais são passos fundamentais para enfrentar esse desafio. A sociedade precisa desenvolver habilidades para identificar notícias falsas e verificar a veracidade das informações antes de compartilhá-las. Além disso, é necessário que as plataformas digitais assumam a responsabilidade de moderar o conteúdo e combater a disseminação de fake news de maneira eficaz.

Em última análise, o futuro da política no Brasil e em outras nações dependerá da capacidade de equilibrar o uso das mídias digitais com a promoção de um ambiente informativo saudável e transparente. A tecnologia pode ser uma aliada poderosa na construção de uma sociedade mais justa e democrática, desde que seja utilizada de forma responsável e ética.

Escrito com Sara Nadur Ribeiro.

Mauricio Munhoz Ferraz é assessor do presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso e professor de economia. Foi secretário de Estado de ciência e tecnologia e adjunto de infraestrutura do governador Mauro Mendes, superintendente do Ministério da Agricultura em Mato Grosso e diretor do Instituto de pesquisas da Fecomercio. Mestre em sociologia rural, seu livro “o avanço do agronegócio” faz parte do acervo da Universidade Harvard, e seu livro “A lei kandir” na biblioteca do congresso, ambos nos Estados Unidos. Seu livro “Rota de Fuga, a história não contada da SS” esteve entre os 10 mais vendidos na Amazon e foi traduzido para o inglês, pela editora Chiado, de Portugal. Foi vencedor do prêmios internacional “empreedorismo consciente” do Banco da Amazônia e do nacional “Celso Furtado” do governo brasileiro.

FONTE: RDNEWS

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