O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, critica a possível redução das alíquotas de importação de milho. Conforme o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), a medida é estudada como opção para conter a escalada dos preços.
Segundo Fávaro, a ideia é que, “no mínimo”, o produto seja vendido internamente no mesmo preço que é comercializado no mercado internacional. Para o presidente da Aprosoja, o que parece uma solução simples pode ter consequências desastrosas para o país no longo prazo.
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“Reduzir alíquotas para facilitar a importação de milho é o mesmo que abrir as portas para uma concorrência desleal com os produtores brasileiros. Enquanto aqui o governo desestimula a produção nacional, lá fora, governos incentivam seus agricultores com subsídios e políticas de apoio que os tornam mais competitivos. Essa medida pode parecer um alívio imediato para os consumidores, mas os impactos a longo prazo serão sentidos por toda a sociedade”, dispara Lucas Beber, em artigo.
Na semana passada, o Governo Lula (PT) anunciou que pretende atuar na redução da alíquota de importação de alimentos que estiverem mais caros no mercado interno. A estratégia busca baratear a comida após a disparada de preços.
De acordo com o ministro mato-grossense, que já comandou a Aprosoja-MT, o Governo Federal não vai fazer “pirotecnia” sobre as medidas que estão em estudo. “As medidas são naturais. Não terão medidas heterodoxas”, disse Fávaro, frisando que o presidente da República Lula (PT) tem negado fiscalização de preços, por exemplo. “Não vai ter pirotecnia”, declarou Fávaro.
O presidente da Aprosoja, por sua vez, avalia que a redução de alíquota pode implicar numa competição desigual, levando à diminuição da produção interna, prejudicando toda a cadeia produtiva. “O Brasil, líder mundial na exportação de alimentos, corre o risco de se tornar dependente de importações para atender à demanda interna. Isso aumenta a vulnerabilidade a crises globais e variações cambiais”, reclama.
Ele lembra ainda que o milho é a base para a produção de ração animal – para aves, suínos e bovinos – e que uma possível queda na produção interna pode encarecer outros alimentos, gerando uma cascata inflacionária. Lucas Beber argumenta ainda que os principais concorrentes do Brasil (Estados Unidos, Argentina e União Europeia), oferecem condições mais favoráveis aos seus agricultores, reduzindo os custos de produção e aumentando a competitividade.
Assim, para Lucas Costa Beber, antes de facilitar a importação, o Governo Federal deveria priorizar medidas estruturais como a desoneração de insumos como fertilizantes e defensivos agrícolas; priorizar projetos como a Ferrogrão e a ampliação de hidrovias e portos; melhorar taxas de financiamento.
“Precisamos de um governo que entenda que enfraquecer o produtor brasileiro é enfraquecer o país inteiro”.
FONTE: RDNEWS