O distanciamento, no entanto, tem um motivo maior: Bolsonaro quer Nikolas como seu puxador de votos em Minas Gerais, garantindo uma bancada fiel na Câmara
No tabuleiro político de Minas Gerais, onde alianças se fazem e desfazem com a velocidade de uma recontagem de votos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu que tem um novo projeto para o estado. Mas, na guerra fria que se trava nos bastidores, o capitão reformado está com dificuldades para alinhar sua estratégia com o soldado mais conhecido de sua tropa.
Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado mais votado do Brasil em 2022 e rosto jovem do bolsonarismo, vem sendo discretamente escanteado no campo da batalha mineira. Nos bastidores, Bolsonaro prefere tratar Minas com outros parlamentares, enquanto Nikolas precisa de intermediários para garantir audiência com o ex-presidente.
A relação azedou de vez durante a eleição para a presidência da Câmara, quando Nikolas anunciou com todas as letras que votaria em Hugo Motta porque “Bolsonaro mandou”. A declaração caiu mal. O ex-presidente não gostou de parecer um líder de seita, sem voz própria, e, pior, não gostou de ver Nikolas divulgando sua articulação, ainda mais quando a base bolsonarista nas redes sociais clamava pela candidatura de Marcel van Hattem (Novo-RS).
Desde então, o desconforto só cresceu. Nikolas nem sequer foi avisado da mudança do ato pelo impeachment de Lula (PT) para Copacabana – estratégia de Bolsonaro para dar dimensão internacional à manifestação e se vender como perseguido político, numa tentativa de mudar a narrativa sobre o indiciamento pela tentativa de golpe de 8 de janeiro. O deputado afirmou publicamente que ainda não sabe se irá ao ato, já que a data coincide com o aniversário de sua primogênita, Aurora.
“CB”